Pará ocupa a sétima posição no ranking de estados com mais empregos informais

Os trabalhadores sem carteira assinada ocupam um percentual de 25,5% do mercado

Elisa Vaz

Quanto mais informalidade no mercado de trabalho, maior o desempenho econômico do Estado e as condições de vida do trabalhador, segundo o economista paraense Eduardo Costa. A análise diz respeito à informação de que o Pará ocupa a sétima posição no ranking de Estados brasileiros que mais empregam de maneira informal, ou seja, sem carteira assinada, com o percentual de 25,5%, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o especialista, a economia informal mede a fragilidade econômica e social de uma sociedade. “A economia informal é a não legalizada, não registrada, relacionada ao subemprego ou à baixa capacidade de acesso ao mercado formal por parte da mão de obra. Isto decorre, em geral, da baixa formação técnica da mão de obra, baixa empregabilidade e da incapacidade de geração de empregos formais para absorver essa mão de obra”, explicou Costa.

Embora os dados não sejam referentes ao fechamento do ano, um levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em estudos do próprio IBGE, no entanto, mostrou que o número de trabalhadores informais caiu do segundo para o terceiro trimestres deste ano em Belém.

Segundo a pesquisa, eram 237 mil pessoas ocupadas no mercado de trabalho informal entre os meses de abril e junho na capital paraense, enquanto, entre julho e setembro, o número ficou em 213 mil, redução de 10,12%. O supervisor técnico do Dieese, Roberto Sena, acredita que o número ainda é alto por conta da falta de crescimento econômico local. “Por conta da conjuntura ainda desfavorável, com baixos investimentos e reflexos negativos na economia, uma parcela de trabalhadores que não conseguem vaga no mercado formal de trabalho tende a procurar outras formas de ocupação e acesso à renda”, pontuou.

É o caso da autônoma Maria Fernandes, de 34 anos. Com formação acadêmica até o nível técnico, ela não consegue ter acesso ao mercado formal, por isso optou pelo segmento de vendas de roupas femininas. "Nunca precisei trabalhar, meu marido sempre conseguiu sustentar a casa sozinho. Mas de alguns tempos para cá tem ficado mais difícil e eu precisei procurar emprego", contou. Sem nível superior, segundo ela, a procura fica difícil. Hoje, Maria vende seus produtos pelas redes sociais e ela mesma entrega na casa das clientes. Para ela, é uma forma de ter renda extra em sua casa.

O problema, para Sena, é que o trabalho informal, geralmente, é praticado sem regulação, proteção e demais direitos. “Ele precariza fortemente as relações de trabalho e pouco contribui para que tenhamos uma economia forte e com oportunidades dignas para os trabalhadores”, opinou. Costa concorda e afirma que a economia informal implica em sub-registros da atividade econômica, na não geração de receitas para o Estado e na ausência da malha de proteção social em casos de doenças, invalidez ou desemprego, por exemplo.

Entre as capitais da região Norte, a que apresentou o maior índice de pessoas ocupadas informalmente no terceiro trimestre foi o Amapá (35,4% do total de trabalhadores ocupados), seguida de Belém (32%), Porto Velho (30%), Rio Branco (28,9%), Manaus (26,7%), Boa Vista (23,9%) e Palmas (18,1%).

Quanto ao emprego formal na capital paraense, no terceiro trimestre deste ano, cresceu o número de pessoas ocupadas, alcançando 666 mil pessoas, crescimento de 1,06% em relação ao segundo trimestre, quando o número fechou em 659 mil trabalhadores. Houve saldo positivo no ano, com 1.002 pessoas admitidas.

Para o economista Roberto Sena, do Dieese, o fortalecimento do empreendedorismo, a qualificação profissional e a criação de políticas de incentivo de geração de renda e empregos formais são fundamentais para ajudar a mudar o momento atual do mercado de trabalho paraense. Já o economista Eduardo Costa acredita que existem dois grandes desafios para a economia do Pará quanto à informalidade: gerar empregos que possam absorver mão de obra e qualificar os trabalhadores que podem acessar os empregos gerados. Dentro disso, o especialista diz que são necessários os programas de formalização de pequenos empreendedores e a disponibilização de microcrédito, acompanhado de mecanismos de orientação e acompanhamento.

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