Pará é terceiro Estado com maior variação na abertura de lojas
Representante do setor diz que crescimento do comércio lojista se deu com bens não duráveis e semi duráveis, especialmente alimentação, vestuário e utilidades domésticas
O Pará foi o terceiro Estado brasileiro com a maior variação na abertura líquida de lojas em 2021, segundo dados do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), tabulados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Houve crescimento de 14,6%, na comparação com 2020, com saldo positivo de 6.226. O levantamento da CNC contabilizou trimestralmente a quantidade de CNPJs ativos em todas as atividades de varejo, excluindo os microempreendedores individuais (MEIs).
Na frente do Estado, aparecem o Amapá, com 1.016 lojas (17%), e o Distrito Federal, somando 4.557 estabelecimentos abertos no ano passado (15,4%). Estas três foram as maiores taxas anuais em termos relativos. Embora Amapá, Distrito Federal e Pará tenham se destacado, são os Estados de São Paulo (55,69 mil), Minas Gerais (18,38 mil), Paraná (15,16 mil) e Rio de Janeiro (14,10 mil) que concentram mais da metade das lojas abertas no ano passado.
Presidente da Associação do Comércio do Pará (ACP), Clóvis Carneiro afirma que, por conta de sua economia mineral e do crescimento do agronegócio, o Estado tem se destacado no crescimento econômico. “O comércio lojista, de modo geral, acompanha o crescimento econômico das diversas regiões. A concentração maior dessas lojas aconteceu nas áreas economicamente mais dinâmicas do Estado, especialmente o sudeste, com incremento das exportações via BR-163, e no oeste, em especial no município de Itaituba, além de Barcarena. Na Região Metropolitana de Belém, tivemos alguns movimentos maiores em Ananindeua, Santa Isabel, Castanhal e Marituba”, pontua.
Em todo o país, o estudo aponta que, em 2021, o comércio varejista brasileiro encerrou o ano com 2.407.821 estabelecimentos ativos, revelando um saldo positivo de 204,4 mil registros em relação ao final de 2020. Hiper, super e minimercados (54,09 mil), lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos (38,72 mil) e lojas de vestuário, calçados e acessórios (28,34 mil) foram os segmentos que mais se destacaram no saldo positivo apurado em 2021, ao responder por mais da metade das aberturas líquidas de lojas. Quanto ao porte das empresas no país, mais de 92% do total aberto foram micro (158,23 mil) ou pequenos estabelecimentos comerciais (29,99 mil). No comércio varejista, eles representam 91,5% do total de lojas ativas no varejo brasileiro.
Mesmo que não haja dados específicos quanto ao porte e ao segmento no Pará, Clóvis Carneiro garante que o comportamento é o mesmo. Majoritariamente, o crescimento do comércio lojista se deu com bens não duráveis e semi duráveis, especialmente alimentação, vestuário e utilidades domésticas. Um dos motivos para o resultado do Pará em destaque, segundo o presidente da ACP, foi que a economia exportadora local se recuperou rapidamente após a retomada econômica na China, principal compradora internacional. Para 2022, no entanto, ele diz que não há como fazer previsão econômica. “Estamos com uma guerra entre alguns dos principais produtores de commodities do mundo. O cenário econômico é muito indefinido”, avalia Clóvis.
Empresários
A empreendedora e advogada Bianca Inácio, de 25 anos, está entre tantos novos lojistas que montaram negócios em 2021 no Pará. Ela tem uma empresa de roupas há cinco meses, com atendimento e vendas pela internet, que decidiu montar para seguir um sonho que sempre existiu. Após passar 10 meses estudando para um concurso quando se formou, Bianca resolveu seguir a paixão pelo empreendedorismo aliando a algo que já amava: comprar e escolher roupas.
Nesses meses de atuação, a empresária sente que está crescendo devagar, a “passos de bebê”. Recentemente, ela foi até São Paulo renovar seus estoques e agora se prepara para se destacar no mercado em 2022. “A moda é um ramo que só cresce e sempre será necessário para todos. No meu caso, entrei no ramo por ser uma grande consumidora dele e ter enxergado a oportunidade de ter meu próprio espaço como provedora da melhoria da autoestima de outras mulheres através do modo de se vestir. Considero que 2021 tenha sido um bom ano para abrir negócio no Estado, apesar de muitas adversidades que o empresário enfrenta. Muita gente também se viu desempregada no período da pandemia e resolveu se aventurar como autônomo da maneira que pôde”, comenta.
Quanto ao retorno financeiro da empresa, Bianca conta que não tem sido tão rápido. A sua estimativa é passar a viver oficialmente do negócio após um ano da criação. Mas, até lá, ela tem se especializado no segmento e adquirido experiência. “Comecei a perceber e me atentar ao calendário de datas comemorativas e feriados, pois é muito importante estar preparada nesses momentos para fazer campanhas promocionais, além de também estar mais alinhada com as vontades das minhas clientes e conhecendo melhor quem são elas e o que elas querem”. Agora, para 2022, Bianca tem excelentes perspectivas, como a criação de um site e um espaço físico para guardar as mercadorias de maneira mais organizada.
Outro empresário é Caio Fanha, de 34 anos, que possui um negócio em uma área mais inovadora, mas que também pode ser tendência. Sua empresa é especializada em inovação e transformação empresarial e de líderes por meio de maratonas de inovação e os chamados “hackathons”, maratonas de trabalho entre profissionais de diversas áreas com foco em solucionar desafios, problemas e criar novos negócios. O segmento é o de educação corporativa. Caio já havia tido contato com a modalidade em seu mestrado, na Austrália, e desde então tinha o sonho de trazer essa atuação ao Pará.
“Um dos pontos principais para que eu decidisse criá-la foi a pandemia, que me deu essa motivação para abrir meu negócio e ter uma segunda fonte de renda. Abri a empresa justamente porque enxerguei como uma oportunidade os desafios que a pandemia trouxe. No momento de crise que as empresas e o país vivenciaram, vi uma oportunidade de trazer um serviço totalmente diferenciado e bastante inovador, que busca trazer soluções de nível estratégico para as empresas e engajar e desenvolver as pessoas e times. Para quem deseja ainda abrir empresa, o momento é agora”, declara o empreendedor. De agosto, mês da fundação do negócio, até o fim do ano, em dezembro, a demanda pelo serviço de Caio cresceu em torno de 400%, diz ele.
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