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‘Optei por parar o caminhão e trabalhar de empregado’, diz caminhoneiro sobre o preço do combustível

Alguns motoristas de caminhão afirmaram que vão parar de rodar até que o valor do frete seja reajustado

Andria Almeida

Os constantes aumentos no preço do combustível no Brasil têm desestimulado os profissionais dos volantes. No município de Santarém, alguns motoristas de carretas de frete falaram sobre a dificuldade de continuar trabalhando no ramo.

Paulo Ricardo trabalha como motorista há 15 anos e relata que conseguiu realizar o sonho de comprar o próprio caminhão em 2020, mas o aumento no valor do combustível fez o caminhoneiro encostar o veículo para dirigir como empregado. “Eu tenho caminhão, mas optei por parar ele e trabalhar de empregado, porque infelizmente não está dando. Estamos em uma situação que não tem como continuar. Eu deixei de ser proprietário para voltar a ser empregado”, desabafou.

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Ele lembra que adquiriu o caminhão próprio há dois anos e que naquela época o preço do diesel era de R$ 2,95. “Aumentou muito. Hoje está beirando os R$ 7, e o faturamento do frete não mudou muito, esse valor passou de 100% do valor que abasteci meu caminhão depois da compra”, comparou.

Um terço da renda

Para muitos caminhoneiros o aumento chega em 30% a mais da renda mensal recebida, é o caso do Carlos Alberto, que exerce a profissão há 40 anos. “Essa viagem que fiz agora foi de R$18 mil, mas o custo com combustível foi de R$ 12 mil, com o reajuste a próxima ficaria por R$ 16 mil de diesel para viajar 3 mil quilômetros e ganhar R$ 4 mil. Não tem como. Vou ficar parado em casa até que haja reajuste no frete”, afirmou.

Outro motorista que relatou não saber o que fazer foi Alessandro Rogosque. O profissional afirma que a situação chegou a um ponto muito crítico financeiramente. “O diesel subiu muito, antes estava sobrando 30% do valor, hoje nem isso. Tem os custos com pneus, mecânica, não está sobrando nada. Tem frete que se fizer o cálculo não deixa lucro. As coisas no mercado tudo subindo... como vamos ficar?”, perguntou, indignado.

Alessandro completou refletindo a situação do brasileiro. “E as pessoas que ganham um salário, que tem três filhos, ou ele paga aluguel ou ele come, tudo está aumentando de preço. Estamos sem pai e sem mãe, não tem ninguém para olhar por nós”, lamentou.

 

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