CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Oportunidades para estágio estão menores

Empresas estão gerando menos oportunidades aos jovens em relação ao ano passado, aponta CIEE

Elisa Vaz / Redação Integrada

Na contramão das iniciativas para formar mão de obra qualificada, as empresas paraenses estão gerando menos vagas de estágio este ano, na comparação com o ano passado. De acordo com os dados do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), somente no primeiro trimestre deste ano, o número de oportunidades abertas aos alunos foi 16% menor que em igual período do ano passado.

Em termos nominais, entre janeiro e março deste ano, foram oferecidas 2.292 vagas, contra 2.729 disponibilizadas no mesmo intervalo de 2018. Os indicadores preocupam professores e, sobretudo, alunos, dada a necessidade de qualificar os acadêmicos para o mercado de trabalho ainda no período da graduação. 

Na avaliação do economista André Cutrim, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), um dos motivos para que o cenário seja negativo no território paraense é a recessão econômica que o país tem enfrentado nos últimos anos, além das mudanças recentes nas leis trabalhistas, que faz com que as empresas se tornem mais exigentes.

"O Brasil sofre com os efeitos da recessão, então muitas empresas estão optando por aumentar as exigências e cobranças, ainda que sejam direcionadas para um estágio, sugerindo, em algumas situações, o domínio de uma segunda língua e uma experiência que o estagiário ainda não tem condições de ter", explicou.

O diretor de Mobilidade e Gestão de Progamas da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (Proeg) da UFPA, Mauro Magalhães, destacou que o estágio é muito importante para a formação acadêmica dos estudantes universitários. Algumas das finalidades dessa experiência são a atuação na profissão ainda durante o curso superior, a obtenção de conhecimento do mercado de trabalho, e o estabelecimento de responsabilidades, como o compromisso com o trabalho, o horário de expediente e a guarda de informações relativas à atividade.

Para o empresário Flávio Cardoso Neto, diretor de logística do Shopping da Saúde, a maior importância de oferecer espaço para estudantes é formar profissionais novos para o mercado. Em sua empresa, são cinco estagiários da área, e o diretor acredita que eles possam ser futuros colaboradores da instituição. "Acredito que eu contribuo para a formação desses jovens. Essa vivência é muito importante para eles, porque na academia eles aprendem a parte teórica, mas é no estágio que eles vão realmente viver a profissão, na prática", opinou.

Uma das estagiárias, Jaqueline Morais, acadêmica do curso de Enfermagem, contou que na área da saúde as oportunidades são raras. Muitas vezes, os alunos abrem mão do dinheiro e trabalham sem remuneração para aprender. "A diminuição do número de vagas é ruim para o aluno, porque a vivência na universidade não é suficiente. O estágio qualifica o aluno, faz ele lidar com situações do dia a dia e ensina coisas que vão além da universidade", comentou.

O acadêmico de Direito Leonardo Rosa, que estagia em um órgão público na capital paraense, concorda. Em sua primeira experiência de estágio remunerado, ele acredita que se tornou um profissional mais completo para o mercado de trabalho. "Cheguei muito inseguro e isso ficava evidente nas minhas atividades diárias. Eu errava muito. Mas, com o tempo, fui aprendendo mais sobre a rotina, e meus chefes me passaram muitos conhecimentos e dicas. Posso dizer que o estágio me aperfeiçoou como pessoa e profissional, e muito do que sou hoje devo a essa experiência", contou.

Entre as qualidades adquiridas durante os anos de estágio, Leonardo destacou a responsabilidade, a atenção aos detalhes e o cuidado durante a execução das atividades. Além disso, ele acredita que adquiriu, também, senso de liderança. Hoje, no penúltimo semestre do curso de graduação, ele se sente preparado para ingressar no mercado de trabalho. "Fui lapidado. Até as dúvidas da faculdade eu tirava com meus chefes. Sem o estágio, entraria no mercado muito cru. Agora, me sinto sinto mais confiante e seguro para executar plenamente as tarefas da minha profissão".

Com o aumento no número de pessoas desempregadas no país, que já são mais de 13 milhões, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é imprescindível que a economia do Brasil volte a crescer, conforme explicado por Cutrim. Desta forma, combinado com investimento dos governos federal e estadual, os setores da economia romperiam com o quadro de recessão, diminuindo o risco e a incerteza dos investidores e empreendedores.

"Com mais confiança na economia, as instituições ficam estimuladas a contratar mais mão de obra. Mas ainda precisamos de mais oportunidades de aprimoramento e especialização de certas atividades produtivas, para que o país crie mão de obra qualificada, estimulando o aumento da renda e do consumo destes futuros trabalhadores".

Só na UFPA, no final do ano passado, foram firmados 479 convênios com órgãos públicos e privados. Ao longo de 2018, foram assinados 2.191 termos de compromisso de estudantes para cumprir estágio com empresas, sendo que, em 2019, até agora, já são 1.506 estagiários da universidade no mercado apenas no primeiro trimestre. As expectativas para o restante do ano, portante, são positivas, segundo Mauro.

Esses contratos são de estágios obrigatórios e não obrigatórios. O primeiro é um componente curricular - em alguns cursos, todos os estudantes precisam ter a experiência para concluir a graduação. Segundo o diretor, esta é uma forma de avaliar se o aluno tem habilidades e competências necessárias para um futuro profissional de sucesso.

Para participar das seleções previstas para este ano, os estudantes da UFPA devem se cadastrar na Central de Estágio e aguardar as chamadas indicando vaga para seu curso. A partir daí, poderá compor a equipe de uma empresa durante dois anos. Nos estágios não obrigatórios, as Engenharias e os cursos de Direito, Economia e Contábeis são os mais procurados para oferecer vagas a universitários.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱

Palavras-chave

Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA