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Movimento de hotéis, bares e restaurantes de Belém em alta novamente com flexibilizações

Com a liberação do uso de máscaras ao ar livre, queda no número de casos de covid-19 e avanço na vacinação, estabelecimentos começam a projetar melhora e contam com o Círio para essa movimentação normalizar

Natália Mello

A flexibilização de medidas de proteção à Covid-19, como a liberação do uso de máscaras em locais abertos, trouxe de volta a grande circulação de pessoas nas ruas, impulsionando o movimento em bares, hotéis e restaurantes, que estão entre as atividades mais impactadas nos piores momentos da pandemia. Agora, os estabelecimentos aproveitam a oportunidade de retomada econômica, impulsionada também pelo avanço na vacinação contra a covid-19 e queda no número de casos da doença. 

Gerente de vendas da rede Atrio, que opera cinco hotéis em Belém, Cynthia Margarone conta que dois desses estabelecimentos chegaram a fechar durante a pandemia, mas já conseguiram reabrir. "Nós fizemos uma reforma para voltar com todo o gás". Segundo ela, o setor começa a tomar fôlego com a retomada do corporativo, que tem potencializado a diária média. "De modo geral, o mercado mostra reação, principalmente após a flexibilização do decreto municipal. De modo especifico e no nosso caso, especialmente em nossas unidades que possuem salas ou áreas de eventos, essa demanda já vem sendo latente, assim como a retomada sensível do corporativo. Em relação à demanda local, já observamos a retomada da procura para os finais de semana".

Para se ter uma dimensão, em 2020, primeiro ano da pandemia, a Atrio registrou uma ocupação média de 33%, número que subiu para 40% no ano passado. A performance da diária média teve incremento de 6%, passando de R$ 174,00, em 2020, para R$ 185,00 em 2021. "Para este ano, estamos ainda mais otimistas e trabalhando para garantir boa ocupação e recuperação da diária média em todos os nossos empreendimentos", completou Cynthia.

O otimismo para os próximos é grande, especialmente com a abertura do Centro de Convenções no segundo semestre, que vai possibilitar a retomada dos grandes congressos que movimentam a demanda, e a confirmação do Círio. De acordo com Cynthia, já há procura de reservas para o Círio em todas as unidades da rede. 

"Lamentamos muito a pandemia. O turismo, a exemplo de outros setores econômicos, sofreu e foi duramente impactado. Como empresa, em todo o Brasil, nós trabalhamos arduamente para minimizar seus impactos. Criamos estratégias diferenciadas de atuação, entramos em novos segmentos, investimos em tecnologia e em pessoas. Em Belém, também investimos na reforma de empreendimentos e, para este ano, temos a confirmação de mais duas conversões que somarão outros 600 leitos em nossa oferta, quase que dobrando nossa presença em toda região Norte".

Recuperação lenta

Apesar de perceber o crescente e gradativo aumento da movimentação, para muitos, a recuperação do setor ainda é lenta. O assessor jurídico do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares do Pará (SHRBS), lembra que uma decisão conjunta do Ministério da Saúde e do Ministério do Trabalho flexibilizou a utilização de máscaras no ambiente interno de trabalho. No estado do Pará, há a autorização para o não uso de máscaras em ambientes fechados, como restaurantes e lanchonetes, por exemplo, para a clientela, mas não para os funcionários, embora não haja fiscalização ou punição para as empresas.

“Mas a medida no âmbito do estado do Pará continua vigente para a clientela. Antes você tinha alguns governos estaduais flexibilizando, mas existia uma portaria e uma determinação federal que agora caiu por terra. A verdade é que o setor de alimentação fora do lar e meios de hospedagem está muito combalido. A recuperação não será do dia para a noite, então a gente acredita que, ao longo de um ano, um ano e pouco, comecemos a ter uma reação, um alento no setor, em razão do afrouxamento da pandemia, mas ainda vai demorar um tempinho para a gente recuperar a perda que teve, porque foi muito grande”, declara.

Com a confirmação do Círio de Nazaré, que em 2022 será realizado em seu formato tradicional, nas ruas, de forma presencial, o segmento comemora, já que o período é considerado o ápice da categoria. “Todos os segmentos do setor lucram durante o período e a expectativa é que esse ano seja realmente a redenção. É o que a gente espera para alavancar o setor de novo, porque você vai ter, por exemplo, férias de julho, mas nada como o Círio para alavancar as empresas. Acredito que a partir de junho, julho, já comecemos a ter reservas dentro dos meios de hospedagem”, finalizou.

Um hotel localizado no bairro da Cidade Velha, na capital paraense, ainda cobra a utilização das máscaras nos corredores, onde circulam os hóspedes, e também dos visitantes que frequentam o espaço para conhecer o restaurante existente no local. A gerente comercial, Daniela Ferreira, está desde agosto na função, e vem percebendo uma movimentação maior de hóspedes.

“A procura é bem grande tanto por hóspedes, tanto da área empresarial local quanto de fora. Quando entrei já não estava no pior momento. Deu uma aumentada nos casos no final do ano e em janeiro tivemos uma procura bem grande, mas aí veio a possibilidade de uma terceira onda forte, achamos que ia liberar, mas aí veio e piorou de novo”, lembra Daniela.

Quanto ao uso de máscaras nas dependências do hotel, a gerente reforça que, no restaurante, que é terceirizado, as pessoas podem ficar sem máscara, porque é área de alimentação, mas, por exemplo, ao chegar no hotel, existem placas de identificação indicado o uso de máscara, e os funcionários orientam, caso alguém esteja usando a máscara de forma indevida, não cobrindo nariz ou queixo. “Até alguns hóspedes pedem, mesmo com a flexibilização de agora. Mas piscina e área de alimentação, a gente vê uma flexibilidade maior de não utilizar, nos corredores não, a gente vê os hóspedes com máscara. Até hoje não tivemos episódio de hóspede se recusando a utilizar”, declara.

Sobre a expectativa para os próximos meses, Daniela afirma que é bastante positiva, especialmente em comparação ao ano passado, ocasião em que o Círio não foi liberado da forma tradicional. “Mesmo assim tivemos um movimento muito grande, não só de pessoas daqui, mas turistas, e ficamos com um percentual de 70 a 75% de ocupação geral dos 59 apartamentos. Mas assim, os nossos finais de semana não são muito diferentes, porque as pessoas costumam procurar o hotel para espairecer, relaxar. Mas vamos aguardar, a ideia é chegar a 80, 85% da ocupação”, concluiu.

Avanço da vacinação

Anderson Moura é administrador de um espaço cultural que também conta com restaurante. Nos últimos meses, ele diz que o número de público aumentou consideravelmente e acredita que isso se deve à intensificação da vacinação contra a Covid-19 no Brasil. “Apesar do negacionismo e da demora na compra de vacinas, hoje conseguimos alcançar uma quantidade significativa de pessoas vacinadas no país, o que fez com que o número de casos graves e óbitos baixasse consideravelmente. Apesar do trauma que a pandemia deixou em todos nós, as pessoas começam a perder o medo de sair de casa, ocupando espaços públicos e de lazer como praças, casas de shows, bares e restaurantes”, analisa.

O administrador reforça que, sobre a flexibilização do uso de máscaras, se existem estudos científicos que comprovam que o não uso de máscaras em lugares abertos é permitido e que a obrigatoriedade deve continuar em lugares fechados, o estabelecimento seguirá a recomendação. “Vamos seguir o que a ciência e o decreto municipal falam para a preservação da segurança e saúde de nossos clientes. Apesar de não sermos um espaço climatizado, a obrigatoriedade continua e todos os pessoas só podem adentrar ao espaço utilizando a máscara, e só podem retirá-la quando estiverem à mesa. Esse controle é extremamente difícil, mas a consciência de cada um também é importante para se manter essa regra”, finaliza.

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