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Mais ricos passaram a ganhar mais no Pará, elevando desigualdade

Renda de 1% que ganha mais é 40 vezes maior que da metade mais pobre

Thiago Vilarins/ Sucursal de Brasília
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O rendimento médio mensal de trabalho da população do Pará 1% mais rica foi quase 40 vezes maior que da metade mais pobre em 2018. Isso significa que a parcela de maior renda arrecadou R$ 22.274 por mês, em média, enquanto os 50% menos favorecidos ganharam R$ 562. Contribuíram para esse quadro o aumento de 44,5% na renda das pessoas mais ricas e o quadro praticamente estável (1,6%) dos ganhos das classes que formam os 50% mais pobres, na comparação com o ano imediatamente anterior.  Em 2017, os respectivos rendimentos eram de R$ 15.413 e R$ 553. As informações são do módulo Rendimento de Todas as Fontes, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje (16) pelo IBGE.

Em todo o País, o rendimento médio mensal obtido com trabalho do 1% mais rico da população atingiu o equivalente a 33,8 vezes o ganho obtido pelos 50% mais pobres. No topo, o rendimento médio foi de R$ 27.744; na metade mais pobre, de R$ 820. A diferença entre os rendimentos obtidos pelo 1% mais rico e dos 50% mais pobres no ano passado é recorde na série histórica da PNADC, iniciada em 2012. Para a gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, o aumento da desigualdade reflete a recessão do mercado de trabalho nos últimos anos, que impacta principalmente aqueles que vivem de ocupações menos formais.  "Os mais pobres acabam sofrendo mais do que aqueles carteira de trabalho ou os funcionários públicos", disse ela.

A pesquisa também mostrou que os 10% da população paraense mais pobre detinha 0,83% da massa de rendimento, enquanto os 10% mais ricos concentravam 45,3%. Já a massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita, que era de R$ 6,08 bilhões em 2017, cresceu para R$ 7,15 bilhões em 2018. Deste montante, os 10% mais pobres detinham R$ 60 milhões e os 10% mais ricos, R$ 3,24 bilhões. Em todo o País, as a massa de rendimento em 2018  foi de R$ 277,7 bilhões, sendo 0,80% dela para os mais pobres e 43,1% para os mais ricos.

A média de rendimentos do trabalho no Pará, para pessoas de 14 anos ou mais, ficou em R$ 1.636, acima do valor do ano anterior, de R$ 1.386. Nacionalmente, a média foi de 2.234, superior ao valor inicial da série em 2012 (R$ 2.133), mas abaixo do registrado em 2014, que foi de R$ 2.279. "O rendimento do trabalho corresponde a aproximadamente três quartos do rendimento total das famílias. O mercado de trabalho em crise, onde as pessoas estão deixando seus empregos e indo trabalhar em outras ocupações, com salários mais baixos, provoca um impacto no rendimento total", explicou Maria Lucia Vieira.

O índice de Gini, que mede concentração e desigualdade econômica, indo de zero (máxima igualdade) até um (máxima desigualdade), chegou no Pará a 0,536 em 2018, para rendimentos de trabalho. O indicador era de 0,514 em 2012, depois diminuiu para 0,489 em 2015 e voltou a subir. A oscilação nacional foi de 0,508 em 2012; caiu pra 0,494 em 2015; e ano passado ficou em 0,509. "Essas variações no índice de Gini têm muito a ver com as flutuações na renda dos mais ricos", comentou a analista do IBGE, Adriana Beringuy.

Esse aumento na desigualdade, porém, não foi uniforme no País. No Nordeste, o índice caiu de 0,531 em 2017 para 0,520 em 2018. "No Sudeste, o 1% com maiores rendimentos de trabalho cresceu 17,8%. Nesse mesmo período, no Nordeste, o 1% mais rico teve queda de 16,5%. Então, a redução na desigualdade no Nordeste está mais relacionada à queda nos rendimentos de trabalho dos mais ricos, do que numa melhoria nas condições de vida dos mais pobres", disse Adriana.

Bolsa Família

A pesquisa mostrou também que a proporção de domicílios no Pará que recebiam rendimentos do Programa Bolsa Família caiu de 31,1% em 2012 para 30,3% em 2018. O percentual aumentou em 2013 (32,9%), teve um declínio em 2014 (31,0%), manteve-se praticamente estável com pequena queda em 2015 (30,7%) e voltou ao patamar de 31,0% em 2016. Em 2017, a margem foi a mais baixa da série histórica: 29,5%.

O rendimento médio mensal domiciliar dos que recebem dinheiro do Bolsa Família também caiu, passando de R$ 368 para R$ 341, após ter chegado ao pico de R$ 398 em 2014. Os números são bem abaixo do rendimento médio mensal real domiciliar dos que não são beneficiários do programa: R$ 1.565. A pesquisa revela ainda que os beneficiários do programa social têm menos acesso a serviços básicos de saneamento – água, esgotamento sanitário e coleta de lixo.

Entre aqueles com Bolsa Família, 71,7% tinha abastecimento de água em geral, ante 88,1% dos que não recebem o benefício. Apenas 37,6% dos beneficiários têm acesso a esgotamento sanitário com rede geral ou fossa séptica, frente a 70,9% da demais parcela da população. E 75,7% contam com coleta de lixo, abaixo dos que não têm o benefício, 93,6%.

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