MENU

BUSCA

Inflação alta atinge o bolso de tutores de animais de estimação

Nos últimos meses, itens recorrentes como ração e medicamentos têm subido de preço

Fernanda Martins

Cães e gatos são considerados parte da família. Assim, são também parte do orçamento. Nos últimos meses, itens de consumo recorrente como rações, medicamentos e higiene se mostraram pesados no bolso dos tutores. Além de terem sido inclusos nos serviços essenciais durante a pandemia, os pet shops e clínicas veterinárias devem ver a luz no fim do túnel da economia antes de outros setores. Apesar da carestia, as pessoas seguem consumindo e cuidando de seus bichinhos.

O peso no bolso da dona de uma agência de eventos, Luciana Dantas, 40 anos, foi em dobro. Em junho de 2020, ela decidiu adotar o pequeno vira-lata Bono, que virou companhia da cadela Karamella, de 4 anos. Com ele, as despesas normais de um filhote, que inclui vacinas, castração e alimentação específica, deixaram cicatriz no orçamento. “Mês passado, ele completou um ano, então, tem coisas que ainda está fazendo que eu percebo o aumento, em relação a quando a Karamella era filhote. Tudo está bem mais caro”, contou. E o alimento é um dos principais vilões. “Costumo comprar a ração em sacos de 15kg. Em junho do ano passado, lembro que paguei entre R$ 120 e R$ 130. Início deste mês, já comprei a mesma ração por cerca de R$ 170 a R$ 180”, relatou.

Para ela, pesquisar os preços tem sido a saída. “Encontro muita diferença entre estabelecimentos, por isso tenho a paciência de pesquisar os preços antes de comprar. Toda economia é válida”, afirmou Luciana. A jornalista Marília Jardim também é adepta da pesquisa. “Eu comparo muito nos pet shops de Belém, se encontro algo com uma promoção que valha a pena, e as datas de validade permitirem, faço logo estoque”, ensinou. Para ela, itens de higiene e remédios de uso regular, como vermífugos e carrapaticidas, também estão em tendência de alta, mas a ração apresentou o maior desafio.

“Ele precisou trocar de ração esse ano e foi difícil encontrar uma ração que atendesse as necessidades dele, de controle de peso, e que ele se adaptasse. Como tenho organizado um orçamento para ele, ficou bem pesado”, relatou a “mãe” do Lord, um bulldog inglês de 6 anos. Marília dá a dica para os donos de pet paraenses. “A gente acha muita coisa online, mas é comum que o valor do frete não compense. Se pesquisar bem, vale mais comprar aqui mesmo”, desse.

Tendência mundial

O setor pet no Brasil seguiu a tendência mundial durante a pandemia. Solidão e isolamento levaram a altas taxas de adoção de animais de estimação, que rapidamente se tornaram prioridades no orçamento das famílias. Entretanto, o setor foi atingido pelas altas de preços de insumos, seja na matéria prima das rações, - carnes de frango e boi, cereais, etc – ou nos ingredientes que integram remédios e outros materiais de uso regular em clínicas veterinárias. “O salto dos preços durante a pandemia foi uma coisa assustadora. Por exemplo, eu comprava a caixa de luvas para atendimento clínico por R$ 30 reais, esse valor subiu para R$ 120. E não foi só isso. Muita coisa que se usa em clínica veterinária também se usa nos hospitais. Agora que as coisas começaram a voltar ao normal”, explicou a proprietária de um pet shop e clinica 24h, Marluce Ferreira de Souza. Ela trabalha junto com o filho, Shalon Adonai de Souza Brito

No ramo há cinco anos, dois destes incluindo a clínica veterinária, Marluce e Shalon sentem na pele o peso de tentar equilibrar e manter o negócio em funcionamento e o fluxo de clientes. “A gente fica numa corda bamba. Se eu fosse repassar todo o aumento que recebi, seria inviável. É complicado achar o ponto delicado entre oferecer um atendimento de qualidade e ainda assim ser acessível para o cliente”, observou. Embora o sobressalto causado pela pandemia tenha deixado suas marcas, a expectativa de crescimento do setor até 2025 no Brasil é de 44%, segundo estudo da Euromonitor Internacional.

 

Economia