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Golpe promete antecipar restituição do Imposto de Renda, alerta Receita Federal

A Receita Federal comunicou, nesta sexta-feira (19), por meio de nota, um alerta para os sites que falam em "vantagens incríveis" ao contribuinte

Vitória Reimão

Uma tentativa de golpe, promovida em sites, está causando transtornos, pois alegam antecipar a restituição do Imposto de Renda 2023. A Receita Federal comunicou, nesta sexta-feira (19), por meio de nota, um alerta para os sites que falam em "vantagens incríveis" ao contribuinte, pois prometem ao pagante a restituição caso eles enviem dados, documentos e informações fiscais. 

"Em alguns casos, requerem até o pagamento de taxas a fim de "acelerar" determinado procedimento", informa a Receita. Como esclarecimento, o órgão reforça que não há como antecipar restituição, pois os lotes são estabelecidos pela Receita, seguindo os critérios de ordem de prioridade e data de entrega. 

No comunicado, a instituição informou que há, sim, uma linha de empréstimos de bancos e financeiras, no qual realiza antecipação da restituição. Porém, não ocorre dessa forma, e o contato é direto com o estabelecimento. A consulta do primeiro lote de restituição será liberada até a próxima quarta-feira (24), e o pagamento pode ser feito no dia 31. Os beneficiados nesta remessa serão contribuintes que estão na lista de prioridade e entregaram os seus dados até 10 de maio.

A Receita destaca que "não há antecipação desta lista", pois a definição de cada beneficiado para os próximos quatro lotes de restituição, um a cada mês entre junho e setembro, sempre com pagamento no último dia útil, vai depender do número de pagantes incluídos em cada lote. 

"A Receita Federal não manda email, SMS, mensagem no WhatsApp ou Telegram solicitando alguma informação", afirma a instituição. A comunicação é feita normalmente por carta e, por isso, é solicitado que o contribuinte mantenha o endereço atualizado, ressaltando que não enviam links ou pedidos por meio eletrônico para preenchimento de dados cadastrais ou fiscais.

Como orientação, a Receita acrescenta que as pessoas devem entrar na página oficial da instituição para retirar dúvidas e façam consultas sobre a declaração através do e-CAC (Centro de Atendimento Virtual) ou no aplicativo Meu Imposto de Renda.  

Para checar as pendências no e-CAC, o contribuinte precisa ter um login e senha no site do governo (gov.br), além de está com o nível prata ou ouro. Feito o login, vá na opção "Meu Imposto de Renda (Extrato da DIRF)" e clique na aba "Processamento". Depois, escolha o item "Pendências de Malha", se for constatada alguma inconsistência, será informado o motivo da retenção. Por isso, o contribuinte precisa corrigir e enviar uma declaração retificadora. 

 A declaração do IR precisa ser entregue até as 23h59 do dia 31 de maio. Caso a pessoa que é obrigada a acertar as contas não cumpra o prazo, pagará multa. O valor mínimo é de R$ 165,74 e pode chegar a 20% do imposto devido no ano.

Alerta para golpes

Muitos golpistas utilizam imagens da receita para realizar fraudes. Como exemplo, o uso do email, mensagem por Whatsapp ou SMS alertando sobre problemas, com o pedido de envio de dados, além da solicitação de instalação de programas é uma tentativa de golpe eletrônico chamada "engenharia social".

Criminosos utilizam os assuntos voltados ao Imposto de Renda para atacar dispositivos e ter acesso aos dados bancários e informações pessoais dos contribuintes. Usar o logotipo da Receita, colocar títulos impactantes que envolvam ganho ou perda de dinheiro e causar pânico no contribuinte são as artimanhas mais frequentes dos fraudadores.

"Eles utilizam gatilhos emocionais como urgência, escassez e medo. A mensagem pede para você corrigir algo urgente, fala que você precisa corrigir uma falha ou bate no órgão que mais dói no brasileiro: o bolso", disse Paulo Trindade, gerente de inteligência de ameaça cibernética da ISH Tecnologia. 

Paulo alerta para as estratégias dos criminosos. Segundo ele, o truque consiste em tentar enganar a vítima com o intuito de instalar um programa sem que o usuário perceba para cometer crimes virtuais. Chamados de "phishing", o golpista utiliza e-mails e pode personalizar a mensagem, usando dados de quem quer atacar, como o nome, CPF e endereço. 

 A tentativa de golpe vem acompanhada de um link (texto com o sublinhado em azul), que supostamente levaria a pessoa ao site da Receita, ou então de um programa em anexo que precisa ser instalado. 

O CEO da empresa de cibersegurança AHT Security, Emilio Simoni, diz que o link instala um malware, no qual é um software malicioso que é projetado para danificar sistemas, roubar dados e até causar lentidão no computador ou celular. "O malware pode monitorar a navegação do usuário e passar a coletar os dados quando a pessoa entrar em um banco", explicou. 

É necessário que o usuário tenha atenção com os seguintes pontos:

  • O endereço de email normalmente é de provedor gratuito e que não tem relação com o órgão citado. Este endereço da URL não é do site oficial da Receita Federal e apresenta troca de letras por grafias parecidas como a troca da vogal "O" por zero, ou usar a vogal "I" maiúscula como a consoante L.
  • Também é recomendado que os pagantes se atentem aos e-mails que contenham links, arquivos em anexo e aplicativos, além das mensagens com erros ortográficos no título ou no corpo do texto. 

Quando o usuário é atacado virtualmente, ele pode estar exposto a qualquer tipo de situação como lentidão e o uso da máquina que acaba respondendo os comandos de invasores, com a utilização dos dados pessoais para criar contas digitais falsas, pedindo empréstimos ou até invasão da conta bancária e retirada de toda a quantia. 

O especialista Paulo Trindade também afirma que "a vítima pode ser extorquida de muitas formas e usar o Imposto de Renda é uma isca. Sempre que você detectar mensagens que ativem gatilhos emocionais, pare e pense. Nunca entre em um link que te mandaram por email. A dica é desconfiar sempre". 

Como se prevenir contra golpes?

Por meio da prevenção com antivírus e dando atenção para evitar sites de buscas, os especialistas em cibersegurança explicam as medidas para serem adotadas. "É recomendável instalar um antivírus no computador e no celular, mantendo-o atualizado. Outra dica é evitar buscar o endereço em sites de busca, digite diretamente a URL do que você procura e não clique em links que foram enviados por email ou WhatsApp", explica Simoni.

"As crianças podem baixar jogos e elas não têm o mesmo cuidado que os adultos. Esses programas que são baixados podem ter malwares, vírus e outras ameaças, que vão instalar nas máquinas dispositivos que comprometem a segurança. Por isso, o computador ou celular com dados bancários ou que seja usado para trabalho não devem ser compartilhados", diz Trindade.

Os especialistas também recomendam evitar o uso de redes públicas de internet e ter atenção na hora de baixar aplicativos ligados à Receita Federal. Utilize apenas as lojas oficiais (como Apple Store ou Play Store) e verifique se o fornecedor é o Serviço de Informações do Brasil, que é o responsável pelos aplicativos do governo federal.

(*Vitória Reimão, estagiária sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política)

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