Frutas regionais têm alta de até 33% no primeiro semestre em Belém, aponta Dieese
Alta de preços afeta frutas típicas da região Norte, como pupunha, biribá e cupuaçu; feirantes e consumidores buscam alternativas para enfrentar reajustes

As frutas típicas da região Norte ficaram mais caras em Belém no primeiro semestre de 2025. É o que mostra um levantamento divulgado nesta terça-feira (22) pelo Dieese/PA (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que analisou os preços em feiras livres e mercados municipais da capital paraense. Entre os principais fatores que explicam os reajustes estão a oferta limitada, a sazonalidade, as condições climáticas e a demanda nos pontos de comercialização, segundo análise do Dieese e feirante ouvido pelo Grupo Liberal.
Entre janeiro e junho deste ano, a maior variação foi registrada no preço da pupunha, com alta de 33,85%, seguida pela biribá (31,32%) e pelo cupuaçu (30,16%). Também tiveram aumentos expressivos o piquiá (23,99%), a manga regional (23,71%), a graviola (18,08%), o uxi (10,37%) e o bacuri (6,86%).
As coletas foram feitas em locais como o Ver-o-Peso, São Brás, Jurunas, Guamá, Icoaraci, entre outros mercados tradicionais de Belém.
Aumentos também superam inflação em 12 meses
Na comparação anual, os preços médios de frutas regionais subiram bem acima da inflação oficial, estimada em 5,3% no período entre junho de 2024 e junho de 2025. O maior reajuste foi do cupuaçu, com alta acumulada de 74,64%. Em seguida aparecem a pupunha (60,99%), graviola (43,44%), biribá (37,54%), piquiá (33,98%), manga regional (29,59%), uxi (25,59%) e bacuri (25,19%).
O supervisor técnico do Dieese no Pará, Everson Costa, alerta que, além das questões sazonais, a aproximação da COP 30, que será realizada em Belém em 2025, também deve pressionar os preços. A expectativa é de que a demanda por produtos regionais aumente significativamente nos próximos meses, impulsionada pelo apelo turístico e gastronômico do evento.
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O efeito nas feiras da cidade
O feirante Raimundo Tavares afirma que a entressafra é um dos principais fatores para o aumento no preço das frutas regionais. “As frutas regionais são do inverno amazônico. Então, quando chega o verão, elas ficam escassas, e a oferta diminui. No caso da pupunha, por exemplo, a safra já acabou. Mas, até semana passada, ainda tínhamos aqui e estávamos vendendo a R$ 50 o quilo. Geralmente, na época certa, o preço fica entre R$ 20 e R$ 25”, explica.
Tavares também observa uma redução no volume de compras por parte dos consumidores: “Hoje em dia, com a situação do país, não está fácil pra ninguém. Eu até entendo o lado do cliente de não levar. A gente tem várias despesas no dia a dia, não é só com comida, não é só com fruta. Para uma pessoa mais humilde, está cada vez mais difícil comprar”, comenta.
Para evitar prejuízos, o feirante aposta em estratégias para driblar o problema: “Pra não estragar, a gente faz promoções. No caso do biribá, que é bem perecível, ele chegou hoje. Amanhã, às vezes, já começa a vazar. Então tem que vender mais barato logo, pra não perder”.
A nutricionista Thaís Contente reforça a importância de manter o consumo de frutas, mas admite que precisou ajustar as quantidades devido ao aumento nos preços: “Como eu sou da área da alimentação, mantenho o consumo em casa por conta da quantidade de fibras que eu e minha família precisamos ingerir. Só diminui um pouco a quantidade, mas não foi muito. Conseguimos manter substituindo por outros alimentos que também têm fibras”, afirma.
Preço médio (kg) das frutas comercializadas nas principais feiras de Belém (Junho de 2025)
- Pupunha: R$ 10,4
- Biribá: R$ 7,84
- Cupuaçu: R$ 9,71
- Piquiá: R$ 7,65
- Manga regional: R$ 6
- Graviola: R$ 8,75
- Uxi: R$ 6,92
- Bacuri: R$ 8,10
Frutas que mais subiram no 1º semestre de 2025
- Pupunha: +33,85%
- Biribá: +31,32%
- Cupuaçu: +30,16%
- Piquiá: +23,99%
- Manga regional: +23,71%
- Graviola: +18,08%
- Uxi: +10,37%
- Bacuri: +6,86%
Frutas com maior alta em 12 meses (acima da inflação)
- Cupuaçu: +74,64%
- Pupunha: +60,99%
- Graviola: +43,44%
- Biribá: +37,54%
- Piquiá: +33,98%
- Manga regional: +29,59%
- Uxi: +25,59%
- Bacuri: +25,19%
Fonte: Dieese/PA
*Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do núcleo de Política e Economia
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