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Flexibilidade é importante no mercado de trabalho; 71,4% dos profissionais mudaram área de atuação

Ela está entre várias características analisadas pelos recrutadores

Elisa Vaz / O Liberal

Embora o desemprego esteja em um alto índice no Brasil, 86,7% dos candidatos a vagas de trabalho acreditam que será mais fácil conquistar uma função com o avanço da vacinação contra a covid-19, segundo um levantamento realizado pelo portal Empregos.com.br. No entanto, para que isso ocorra, pode ser que os profissionais precisem mudar de área.

A pesquisa mostrou que, durante o período da pandemia, 71,4% dos profissionais que procuraram emprego mudaram sua área de atuação para se recolocar no mercado de trabalho. O mestre em administração Igor Wagner de Andrade Marques, que faz parte da Escola de Negócios da Universidade da Amazônia (Unama), afirma que essa adaptação é muito importante para que o candidato consiga vagas no mercado atual.

“Com a pandemia da covid-19, as empresas passaram a pensar e se adaptar a novas formas de trabalho. Com isso, surgiram novas oportunidades no mercado e os profissionais que cuidavam da sua empregabilidade, que é a capacidade de se manter empregado no mercado de trabalho, passaram a vislumbrar essas novas oportunidades e com isso resolveram mudar de área de atuação”, diz. Segundo ele, os profissionais que possuíam expertises como a facilidade de trabalhar com programas específicos, marketing digital, mídias sociais, tecnologia e ferramentas de comunicação acabaram saindo na frente e se adaptando mais facilmente ao chamado “novo normal”.

A partir do uso mais frequente da tecnologia, ficou mais fácil concorrer aos processos seletivos realizados em outros Estados e isso gerou novas oportunidades de emprego, na avaliação de Igor. Essa tecnologia trouxe também a facilidade de realizar cursos de capacitação técnica e comportamental, workshops, congressos e lives para todos os tipos de público.

“Isso contribuiu muito para que o profissional pudesse enxergar novos horizontes e descobrir oportunidades. Para o profissional antenado ao mercado, também contribuiu  para que o processo de recolocação profissional acontecesse. A descoberta de conhecimentos transformados em habilidades é um fator fundamental para o novo normal. E é importante ressaltar: a recolocação profissional, o aproveitar novas oportunidades, requer capacitação constante e saber trabalhar seus hard skills  (capacitação técnica) e soft skills (habilidades pessoais) para adaptar-se ao mercado”, avalia.

Para as empresas, existe uma série de características que chamam atenção na pandemia e, provavelmente, no período pós-pandêmico. O que mais tem se destacado é a empatia, a resiliência e a flexibilidade. De acordo com o mestre em administração, é importante o profissional ter uma visão geral da empresa e conhecer seus valores, objetivos e, principalmente, a sua essência. E ser flexível para desenvolver ações nas diversas áreas passa a ser fator competitivo de destaque para o profissional. Ele acredita que o candidato deve entender que isso o leva a um patamar de destaque na organização, pois permite um entendimento melhor de todas as áreas nas quais a empresa atua.

“O profissional precisa ter uma especialidade na qual ele se destaque, porém, precisa entender processos e procedimentos. Um bom exemplo disso é um profissional que trabalha na área comercial, com vendas, que precisa conhecer técnicas de vendas, conhecer seus clientes e as atividades que precisa desempenhar no dia a dia (procedimentos). Esse mesmo profissional também precisa conhecer os processos que estão envolvidos: questões logísticas, como o tempo para o setor entregar um produto e qual a procedência da matéria prima; e questões de produção, como quais matérias primas são utilizadas e qual a capacidade produtiva. Conhecer como os demais setores funcionam é um fator primordial nos dias de hoje. Isso vale para todos os tipos de profissionais”, ressalta Igor.

Ainda segundo o estudo, 46,6% dos candidatos estão flexíveis a qualquer regime de trabalho, enquanto 45% têm preferência por vagas presenciais e 6,5% buscam por oportunidades no modelo híbrido. Para o especialista, ter horário e local de trabalho flexíveis, cada vez mais, será um fator a ser considerado pelo recrutador, que procura, neste novo cenário, um profissional que se adeque à cultura da empresa – em tempos de incerteza, demonstrar essa característica é fundamental.

Portanto, a flexibilidade de produzir e fazer o próprio horário e produtividade ganha força diante deste modelo de trabalho híbrido. Mas, Igor lembra que é preciso ter uma boa gestão do tempo, responsabilidade, maturidade, e o profissional deve estar aberto a novas ideias, formas de relacionamento e empatia para entender que a sua produtividade está ligada ao trabalho em equipe e, portanto, os objetivos da empresa dependem dele também.

“Um profissional flexível deve estar disposto a mudar, interagir, aprender novas ferramentas de trabalho, ideias, precisa ser ágil ao se comunicar e principalmente entender que as transformações serão constantes.  No modelo híbrido o profissional tem que possuir um local adequado para desempenhar seu trabalho, atender telefone, realizar reuniões e desenvolver as atividades da empresa. No modelo de trabalho presencial, o profissional encontra uma estrutura para desempenhar suas atividades e isso ajuda na produtividade, porém, deve-se levar em conta que o ambiente de trabalho deve ser considerado e fazer relacionamentos é indispensável para um bom clima organizacional”.

Seja no trabalho presencial, home office ou híbrido, o profissional também precisa se destacar em outros comportamentos sociais e humanos, na opinião de Igor, como autoconhecimento, empatia, assertividade, cordialidade e ética; e os comportamentos atitudinais, como flexibilidade, resiliência, inteligência emocional, criatividade, proatividade, empreendedorismo corporativo e empregabilidade.

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