Empresas da região Norte são as que mais pediram empréstimo em dezembro, aponta Serasa Experian
Levantamento feito no último mês de 2021 pela Serasa Experian mostra que comércio busca crédito para se reerguer dos impactos da pandemia
Um dos efeitos da pandemia de covid-19 na economia foi a busca das empresas por mais crédito e empréstimos, seja para manter o quadro de funcionário ou para garantir capital de giro. Na região Norte do Brasil, por exemplo, um estudo da Serasa Experian chamado de Indicador de Demanda das Empresas por Crédito aponta um aumenta na demanda por crédito no mês de dezembro de 2021.
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O lojista Muzaffar Douraid Said possui diversos empreendimentos na capital paraense e conta que os empréstimos salvaram o comércio não só no Pará, mas em todo o Brasil. Ele conta que os anos de 2020 e 2021 foram de relacionamento mais próximo com os gerentes dos bancos, que se dedicaram aos atendimentos personalizados e adequados para as necessidades de cada empresário.
"Tivemos muita ajuda dos bancos, que foi mediada pelo Governo Federal. Eles viram a necessidade de ampliar os empréstimos na pandemia. Da mesma forma que o Auxílio Emergencial foi essencial para a sobrevivência dos consumidores e das empresas, os empréstimos também foram. 30% do faturamento foi ofertado para as empresas em diferentes períodos. Então todos os bancos tiveram a oportunidade de auxiliar no capital de giro de empresas, com garantias do Banco Central. Os bancos particulares contribuíram e vi que quase todo mundo usou. Boa parte das empresas optaram pelos empréstimos, com carências de 8 meses e depois divida por 36 meses, com juros simbólicos, de até 4% ao ano. Foi uma ajuda significativa", afirma ele, que é também diretor de relações com os lojistas do Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém.
A expectativa é boa para as vendas em 2022 e Said afirma que isso deve ajudar ele e outros lojistas a liquidar dívidas de empréstimos com mais rapidez, considerando o avanço da vacinação e a diminuição das restrições.
Ilmar Tarik concorda. Ele é vendedor de uma loja de artigos para ciclistas e motociclistas no centro comercial de Belém e afirma que o empréstimo que fez em 2020 foi o que ajudou a loja a ficar de pé.
"Foi muito turbulento em 2020 e relutei um pouco. Fiz o empréstimo sem esperar que teríamos aquele cenário devastador no início de 2021. Graças a Deus eu fiz. Ajudou muito para termos nossa venda on-line bem articulada e manter funcionários. Agora acho que o comércio deve reagir bem em 2022 pois essa nova cepa não parece tão letal", afirma ele, baseado nas notícias que acompanha nos jornais.
Para a economista Izabel Ferreira, é importante equilibrar os empréstimos com um planejamento preciso que relacione as expectativas reais de venda com os juros do crédito que é tomado.
Ela lembra que cinco em cada dez micro, pequenas e médias empresas brasileiras enfrentam um crescimento na inadimplência ao longo da pandemia. "Você tem uma baixa nos juros inicialmente para ajudar a economia a girar, mas depois uma subida brusca para conter a inflação, o que é um movimento normal, mas para qual lojistas devem estar atentos para não saírem dos empréstimos piores do que entraram. Nada é mais importante do que respeitar os prazos e, quando não for possível, dialogar, conversar com os bancos. Não há dívida que não possa ser negociada", aconselha.