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Efeito coronavírus: número de belenenses endividados bate novo recorde em abril

Já são 280.269 famílias, ou 69,4%, com dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial e outras modalidades

Thiago Vilarins

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de famílias belenenses com dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro bateu novo recorde em abril de 2020, alcançando 69,4%, o que corresponde a 280.269 famílias. Este é o maior número desde abril de 2016, no auge da recessão econômica por conta da recente crise político-econômica do País, quando alcançou 285.860 famílias (73,9% do total). 

Em relação ao fim do mês de março, 16.804 famílias de Belém entraram nesse grupo de endividados. Na comparação com o mesmo período do ano passado, em abril de 2019, o incremento foi de 79.730 famílias. Naquela época, a capital paraense contabilizava 200.539 famílias endividadas - 50,1% do total. É o que revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), encaminhada a O Liberal pela CNC.

Em todo o País, o levantamento aponta, nestes primeiros dias de abril, 66,6% das famílias endividadas - o percentual mais alto desde o início da realização da Peic, em janeiro de 2010. Esta foi a primeira pesquisa realizada após o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, a coleta dos dados ocorreu entre 20 de março e 5 de abril. Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a renovação da alta do endividamento neste mês se baseou na ampliação do crédito ao consumidor.

"A crise com a covid-19 impõe ao governo a adoção de medidas de estímulo ao crédito, na tentativa de manter algum poder de compra dos consumidores. A queda expressiva dos juros e da inflação reduz, respectivamente, o custo do crédito e a pressão sobre a renda, incentivando o endividamento", explica Tadros, reforçando a importância de se viabilizarem prazos mais longos para os pagamentos ou alongamentos das dívidas, além da busca por iniciativas mais eficazes para mitigar o risco de crédito. "Assim, os consumidores poderão quitar suas contas em dia sem maiores dificuldades, afastando a piora nos indicadores de inadimplência, nos meses à frente."

Indicadores de inadimplência

A quantidade de belenenses com dívidas ou contas em atraso voltou a crescer em abril, alcançando 30,5% das famílias. Esse é o quarto mês consecutivo de aumento, sendo o esse o mais intenso. Para efeito de comparação, em março, essa proporção foi de 25,3% ante 23,8% do mês de fevereiro. Em abril de 2019, essa margem era de 24,6%. Em todo o País, a média ficou estável em abril, após dois meses consecutivos de aumento: 25,3%, percentual igual ao aferido no mês passado. Em comparação com igual período de 2019 (23,9%), contudo, houve crescimento.

Já o percentual de famílias belenenses que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes apresentou queda em abril, no comparativo mensal, passando de 24,0% do total, em março de 2020, para 9,6% em abril - abaixo do percentual de abril de 2019: 13,7%. A proporção nacional também registrou queda nos últimos dois meses, de 10,2% para 9,9%. Entretanto, o indicador havia alcançado 9,5% em abril do ano anterior.

"Os resultados mensais favoráveis em relação à inadimplência revelam que, apesar das dificuldades com a quarentena aplicada em diversos estados e cidades, as famílias estão conseguindo quitar os compromissos com empréstimos e financiamentos”, destaca a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira.

Em relação aos tipos de dívida, o cartão de crédito continua sendo o mais apontado pelos consumidores de Belém como a principal modalidade de endividamento: 73,0%. Carnês (27,8%), crédito consignado  (10,3%) e financiamento de veículos (7,4%) também permanecem na segunda,  terceira e quarta posições, respectivamente. Em todo o País, o cartão de crédito atingiu em abril, um dos maiores patamares na série histórica: 77,6%. Depois surgem os carnês (17,5%) e o financiamento de carro (10,2%). 

"A proporção de dívida em cartão diminuiu novamente neste mês, enquanto as dívidas em carnês ganharam espaço na composição do endividamento. Também vêm se destacando o crédito consignado e o cheque especial", ressalta a economista. A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor é apurada mensalmente pela CNC desde janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores.

Economia