Desejo por viagens intensificado na pandemia faz passageiros quererem embarcar em novos destinos
Agências de viagem de Belém apontam que houve alta na procura; Nordeste e América do Sul estão entre os principais destinos
Após dois anos de pandemia, que impactou setores variados da economia e levou pessoas do mundo inteiro para dentro de casa a fim de evitar o contágio pela covid-19, o que não falta são pessoas querendo viajar. Surgiu até um novo termo para esse comportamento: ‘revenge travel’, que, no sentido literal, significa ‘viagem da vingança’, mas pode ser traduzido como ‘viajando como nunca’. Uma pesquisa da Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, mostrou que 47% dos entrevistados pensam em embarcar rumo a novos destinos.
O contador e criador de conteúdo digital Rômulo Dias, de 26 anos, faz parte desse público. Na verdade, ele diz que deve estar dentro do grupo que pretende viajar desde 2014, quando começou a gostar mais de viagens e a equilibrar trabalho e lazer por meio delas. De lá para cá, ele já conheceu mais de 100 cidades brasileiras, em 11 Estados, além de seis países no total.
Em 2019, Rômulo conta que decidiu explorar mais o Pará, dividindo com quem mais quisesse ver os destinos por meio do Instagram @visiteopara – em 2021, o que era apenas um hobbie de viajar e compartilhar a experiência com outras pessoas pelas redes sociais se tornou uma nova fonte de renda para o contador. E é justamente com esse recurso que ele aproveita para conhecer novos lugares no Pará e fora dele. Agora, um outro perfil chamado “@ovisiteiro” vai mostrar viagens que não são no território paraense.
“Está sendo uma experiência incrível para quem ama viajar. Antes da pandemia eu viajava a cada três meses para algum lugar, aproveitava um final de semana e emendava de sexta até segunda. Não gosto de viajar por um período longo, acho melhor uma viagem curta ou de média duração para aproveitar melhor o local e não ficar muito ausente do meu trabalho, pois não vivo só de viagens, atuo como contador Quando a pandemia veio, em 2020, não deu para viajar com a mesma constância. Apenas em 2021, quando deu uma diminuída nos casos que deu para voltar às viagens, só que com mais intensidade, pois agora recebo para viajar”, conta.
Embora tenha conseguido conhecer lugares novos e se manter em movimento durante a pandemia da covid-19, Rômulo diz que teve algumas dificuldades, já que era incerto fazer programações e se deparar com o aumento de casos, o que impossibilitava a viagem. Assim, ele preferia programar bem próximo da data de partida. Além disso, ele notou que os preços subiram muito, desde hotéis a aluguel de carros, alimentação e passagens aéreas.
Agora, a ideia é compensar o “tempo perdido”. “Me sinto mais seguro em planejar uma viagem quando os casos estão caindo e mais pessoas se vacinando, isso evita algumas restrições dos locais ou da cidade. A expectativa é viajar a cada 15 dias agora em 2022. Tenho vários destinos para esse ano ainda, alguns Estados brasileiros, Europa e até um país do sudeste asiático está na programação”, adianta o criador digital.
Agências apostam na recuperação
Em Belém, muitas pessoas também estão voltando a viajar. Empresário da área de turismo e dono de uma agência de viagens na capital, Domingos Fernandez conta que a procura pelos destinos turísticos está crescendo, embora ainda tenha um número menor que em 2019, antes da pandemia. Os principais destinos no Brasil, segundo ele, são Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e a região Nordeste como um todo. Para fora, os paraenses têm buscado viagens para os Estados Unidos, Europa e América do Sul, principalmente.
Uma coisa que mudou, na comparação com o período pré-pandêmico, foi a duração das viagens – agora as pessoas têm buscado viagens mais curtas, diz Domingos. “As pessoas não têm feito viagens tão longas porque tudo está caro. Às vezes, Belém-Macapá ou Belém-Marabá custa R$ 2 mil, tem que se programar muito. Mas isso é porque ainda tem escassez na oferta de voos, apesar da demanda. A tendência é que o preço caia quando isso for normalizado. Ainda tem muitos riscos”, aponta. Para manter os clientes, o empresário garante que não houve aumento nos serviços ofertados na agência e que há boas promoções, para facilitar aos passageiros.
Outro empresário da área, também dono de uma agência de turismo, Fábio Yamada afirma que existe uma procura considerável, mas, na maioria, são pessoas que já têm o trecho aéreo, que foi adiado ou remarcado, e buscam hotéis, passeios e seguro, sendo que Nordeste e América do Sul são os destinos mais buscados. “No Brasil os preços não subiram nos pacotes, já no exterior o fator dólar faz ficar mais caro. O período é o ‘agora’, para não perder a passagem. As expectativas são boas, mas penso que em 2023 o mercado explode”, argumenta Fábio.