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Décimo terceiro salário dá mais folga ao orçamento do trabalhador; saiba como usar

Economista orienta que o foco deve ser a quitação de contas e gastos necessários

Elisa Vaz

O pagamento do décimo terceiro salário, tradicionalmente, contribui para a movimentação econômica do Estado. Os trabalhadores devem receber a primeira parcela até este mês, no dia 30, conforme previsto em lei, e a segunda até 20 de dezembro. Com esse prazo chegando ao fim, muitos profissionais já se preparam para usar o recurso extra, mas, é preciso cautela para administrar da melhor forma o salário.

De acordo com o economista Sérgio Melo, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-Pa/Ap), a melhor forma de usar o décimo terceiro é por meio de um planejamento prévio, ou seja, antes de receber o valor, o trabalhador já tem que saber com o que será gasto e quais são as prioridades que precisam ser atendidas. "A quitação de dívidas deve sempre ser vista como uma prioridade. Após isso podem surgir compras importantes e essenciais, como fogão, geladeira, reformas e outras. Porém, tudo deve ser bem calculado com antecedência, para que o dinheiro seja bem utilizado. Entra nesse momento a opção de guardar o valor para uma compra futura ou para compromissos do início do próximo ano", orienta.

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Embora a data final seja definida por lei, as empresas podem parcelar o pagamento de mais vezes. Muitas pessoas, no entanto, recebem o dinheiro parcelado e nem veem o recurso total, porque acabam gastando. Para que isso não aconteça, a organização é fundamental, segundo Sérgio. Dessa forma, mesmo que o valor venha em parcelas, será recebido em sua totalidade. "Tendo em mente o que será feito com o recurso, o trabalhador pode optar por guardar o valor até ter o total, ou mesmo utilizá-lo caso perceba que não haverá perdas. Por exemplo, se fará a compra de um bem essencial à vista, é melhor aguardar até ter todo o valor disponível, mas se fará pequenas compras, pode usar conforme receber o pagamento".

O economista diz que o acréscimo de renda para o trabalhador impacta a economia, já que, em grande parte, os recursos são utilizados em compras de final de ano, mas os efeitos acabam sendo mitigados pela parcela que é destinada à quitação de dívidas feitas anteriormente. No geral, os setores de comércio e serviços são os mais diretamente impactados pelo pagamento do décimo terceiro, principalmente aqueles ligados às compras de final de ano, como vestuário, cosméticos, alimentos, serviços de salão de beleza, transporte intermunicipal, entre outros.

Além disso, Sérgio acredita que atividades ligadas à construção civil, como o comércio de material de construção, podem sofrer impactos positivos, pois pequenas reformas e obras também são mais propensas a ocorrer a partir do décimo terceiro salário. "Os valores utilizados na aquisição de bens e serviços impactam também indiretamente outros setores da economia paraense e brasileira, como indústria e agropecuária. É importante ressaltar, no entanto, que, nas compras pela internet, em empresas de outros Estados, o que é intensificado na Black Friday, os impactos econômicos são mais percebidos fora do Pará".

Vendedor de 23 anos, Fernando Cardoso de Lima está empregado há quase um ano e espera o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário, proporcional ao período de contrato. Ele ainda não tem planos definidos, mas diz que o recurso chega em boa hora. "É uma ajuda. Uso mais para ajudar a família, fazer compras, coisas básicas. Ainda não decidi como vou usar esse ano, mas com certeza vai ter um bom encaminhamento e vai ser para uma coisa boa", conta.

Já o fiscal de loja Caio Silva, de 21 anos, que já trabalha com carteira assinada há dois anos, vai usar o décimo terceiro salário para melhorar algumas coisas em sua residência. "Priorizo a minha casa, o décimo, obviamente, vai me ajudar muito nessa questão. Por enquanto eu só estou pesquisando mesmo os gastos que vou ter, quanto vou precisar guardar, para começar a obra ano que vem, se Deus quiser e se me der saúde, e permitir que possa ter recurso para começar em janeiro, se tudo der certo".

No caso do trabalhador que não tem contas a pagar e não vai direcionar o recurso extra para as festas de fim de ano, reformas ou viagens, nem para gastos no início do próximo ano, o ideal é criar uma reserva de emergência, usada como investimento. É fundamental fazer aplicações com o que se chama de "liquidez imediata", ou seja, o dinheiro deve estar disponível para retirada a qualquer momento e sem custos para isso, explica Sérgio. Nessa categoria, ele ressalta que o Tesouro Selic e as contas de bancos digitais que possuem remuneração de 100% ou mais do CDI são boas opções. Isso, segundo o economista, é o que se chama de renda fixa pós-fixada, atrelada a um índice que pode ser a Selic, que é a taxa básica de juros da economia, ou o CDI, uma taxa que possui valor muito próximo à Selic.

Como usar o décimo terceiro da forma forma:

  • Quite contas atrasadas ou adiante futuras parcelas de contas
  • Faça compras necessárias, como eletrodomésticos
  • Use o recurso para reformas ou melhorias em casa
  • Guarde o valor para despesas fixas do início do ano, como as escolares
  • Aproveite para comprar algo em promoção
  • Se não tiver gastos ou contas atrasadas, faça investimentos ou reserva de emergência
Economia