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Cresce 29,3% o número de empresas abertas no Pará; confira os segmentos com melhor desempenho

A comparação é entre 2019 e 2022, dois anos que não tiveram impactos causados pela crise sanitária da covid-19

Elisa Vaz

Empresas paraenses dos mais variados segmentos sofreram fortes impactos durante a pandemia da covid-19, e só no ano passado começaram a se recuperar, quando as restrições sanitárias ficaram mais amenas e permitiram tranquilidade aos negócios. Um levantamento da Junta Comercial do Pará (Jucepa) mostra que, entre 2019 - quando ainda não havia a doença no Brasil - e 2022, o número de empresas abertas no Estado cresceu 29,3%. Foram 80 mil novas empresas com abertura formal no ano passado, contra as 61.921 registradas no ano anterior ao surgimento da pandemia no território.


O município que teve mais empresas abertas no ano passado foi Belém, somando mais de 20 mil negócios e respondendo por 25,8% do total do Estado. Em seguida, aparecem as cidades de Ananindeua (7,6 mil), Santarém (4,5 mil), Parauapebas (4,4 mil) e Marabá (3,9 mil).

Em relação ao porte das empresas abertas no Pará no ano passado, a predominância foi dos microempreendedores individuais (MEIs), que responderam por 62.214 do total, ou 77,6%, seguidos pelas microempresas (12 mil novos negócios), empresas de pequeno porte (4,4 mil) e as que não têm porte definido (1,4 mil). Já o segmento que mais abriu empresas em 2022, no Pará, foi o de serviços, somando 36,5 mil negócios nesta área. Também predominaram o comércio (32 mil) e a indústria (11,5 mil).

A pesquisa da Jucepa ainda detalha que a atividade econômica mais frequente no Estado no ano passado foi a área de artigos de vestuário e acessórios (5,4 mil empresas), além de promoção de vendas (3,5 mil), mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios (2,7 mil), bebidas (2,5 mil), restaurantes e similares (2,5 mil) e cabeleireiros, manicure e pedicure (2,4 mil).

Restaurantes e bebidas

Representante da categoria de profissionais que atuam com alimentação e bebidas e membro do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Pará (SHRBS), Fernando Soares diz que o destaque desse tipo de atividade econômica em 2022 se deu, principalmente, porque muitas pessoas perderam o emprego durante a pandemia, nos anos de 2020 e 2021, e apostaram no empreendedorismo para garantir a renda mensal. "Esses trabalhadores juntaram dinheiro guardado com a rescisão e o FGTS e montaram empresas de alimentação fora do lar", explica.

Ainda de acordo com Fernando Soares, 2022 foi um bom ano para quem decidiu empreender nessa área. "Teve uma retomada à vida normal, as pessoas estavam com muita ânsia de viver, de confraternizar, então houve realmente um incremento bom nesse setor, o que incentivou muita gente a abrir empreendimentos de pequeno e médio portes no ano passado", relata o representante da categoria.

Roupas

A empreendedora Célia Cunha, de 51 anos, faz parte de outro segmento que teve destaque em 2022: o de artigos de vestuário e acessórios. Ela é dona de um salão de beleza há 14 anos, mas, no ano passado, decidiu adentrar outro setor e montou, junto com a irmã e a filha, uma loja de roupas. A ideia surgiu em uma viagem que elas fizeram em fevereiro, e três meses depois as peças já estavam compradas. A ideia de Célia desde o começo era aproveitar a quantidade de clientes no salão para introduzir sua nova marca no mercado.

O desejo de abrir um negócio na área de vestuário já existia há anos, segundo Célia, justamente para somar o lucro da loja com o do salão. O que motivou mesmo a empreendedora a entrar no segmento em 2022 foi o aumento de preços que os brasileiros sofreram nos últimos anos. "Como está tudo muito caro, a ideia da loja ficou mais forte. As pessoas procuram e ligam bastante para saber quais peças estão disponíveis, isso me motiva. Acabou dando super certo", comemora.

Como a empreendedora ainda estava estudando o setor, optou por criar primeiro uma loja virtual, com identidade visual própria e um catálogo online, que é como o negócio funciona hoje em dia. As pessoas olham os produtos pela internet, escolhem e vão até a casa de Célia para experimentar.

"As peças que vendemos variam, mas são destinadas ao público feminino. Temos bermudas de linho, blusas em tricô e shorts jeans, mas macacões e vestidos são os nossos carros-chefes, o que as clientes mais gostam. Todo mês procuro inovar e oferecer promoções", diz. No fim do ano passado, por exemplo, a loja teve seu estoque zerado, tamanho o sucesso das vendas de Natal e Ano Novo.

Mesmo com a empresa montada há um tempo, Célia e as sócias ainda não se regularizaram, mas esta é uma meta para 2023. "Como, no início, a ideia era só ter um extra, optamos por começar devagar, aos poucos, vendo se daria certo mesmo. Porém, como o retorno foi bom e o público aderiu bastante, já temos a ideia de abrir uma loja física com tudo certinho, até porque, com o aumento da demanda, o espaço que temos agora, que é em casa mesmo, se tornou pequeno", conta a lojista.

Abertura aumentou, mas fechamento também

Embora tenha crescido o número de empresas abertas antes e depois da pandemia da covid-19, também aumentou a quantidade de negócios extintos no Pará. Em 2022, o número chegou a 29,4 mil, alta de 44,9% em relação a 2019, quando 20,2 mil empresas fecharam.

Para Fernando Soares, é importante também analisar esse dado. "Tem que olhar também as empresas fechadas, não só as abertas, porque abrir é fácil. Tem que ver o tempo médio de existência dessas empresas", avalia. Ele diz que o maior desafio para os empreendedores que abriram negócios em 2022, não apenas para o ramo de alimentação e bebidas, é ter um padrão de qualidade.

INFOGRÁFICO

Abertura de empresas no Pará

  • 2022: 80.091
  • 2019: 61.921
  • Variação: 29,34%

Municípios que mais abriram empresas

  1. Belém: 20.669 (25,81%)
  2. Ananindeua: 7.652 (9,55%)
  3. Santarém: 4.524 (5,65%)
  4. Parauapebas: 4.423 (5,52%)
  5. Marabá: 3.978 (4,97%)
  6. Castanhal: 2.922 (3,65%)
  7. Altamira: 1.887 (2,36%)
  8. Itaituba: 1.606 (2,01%)
  9. Redenção: 1.354 (1,69%)
  10. Barcarena: 1.345 (1,68%)

Empresas abertas por porte em 2022

  • Microempreendedor individual (MEI): 62.214
  • Microempresa: 12.006
  • Empresa de Pequeno Porte (EPP): 4.418
  • Sem porte definido: 1.453

Empresas abertas por setor em 2022

  • Serviços: 36.547
  • Comércio: 32.022
  • Indústria: 11.522

Fonte: Jucepa

Economia