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Cor da água do rio em Alter do Chão preocupa moradores; causa pode estar ligada ao garimpo ilegal

Cor turva já ocupa grande parte das águas da 'Ilha do Amor'

Andria Almeida

A cor do rio Tapajós, que banha Alter do Chão, em Santarém, no oeste do Pará, está preocupando moradores e turistas, isso porque a tonalidade azul límpida da água deu lugar para uma cor marrom. Conhecida como o “Caribe da Amazônia, ganhando cada vez mais holofotes como um dos pontos turísticos mais bonitos e visitados no Estado do Pará, a vila balneária está movimentando vários ativistas ambientes, ONGs, empresas do ramo turístico e a imprensa nacional no intuito de descobrir o real motivo da cor turva em grande parte do Rio.

Uma reportagem da BBC Brasil publicada na última terça-feira, 18 de dezembro, mostra que o fenômeno alarmou moradores e agências de turismo, que temem prejuízos à principal atividade econômica do distrito e à saúde dos residentes.

Em dezembro, a ONG Greenpeace divulgou o resultado de um monitoramento, realizado em 2016, nos rios que cruzam as terras indígenas “Munduruku” e “Sai Cinza”, área onde desaguam no Tapajós, que aponta o garimpo ilegal como o principal destruidor da natureza daquela região. O levantamento mostrou que o garimpo ilegal destruiu 632 quilômetros de rios dentro desses territórios.

O neurocirurgião Erik Jennings, médico renomado naquela região, um dos únicos profissionais especialistas da área da saúde que faz atendimento clínico nas terras indígenas, tem acompanhando de perto a alteração das águas. Ele tem feito algumas publicações em uma rede social pessoal, todas com data na imagem, em uma espécie de histórico do avanço da cor turva sobre o Rio Tapajós.

As imagens mostram a frente de Alter do Chão, mais precisamente da “Ilha do Amor”, na legenda um texto que denuncia o que Erick considera o motivo da mudança na água. “Sedimentos com mercúrio, arsênio, chumbo e outros metais pesados altamente lesivos à saúde humana, flora e fauna. O rio Tapajós que era azul e esverdeado agora em dezembro já é cor de lama. A cada ano a “janela” de águas claras tem seu tempo reduzido”, escreveu.

O geólogo Darlisson Fernando, falou para O Liberal das possibilidades para a mudança na coloração da água.

Segundo ele, existem duas linhas de explicações, uma estaria relacionada ao período chuvoso que iniciou mais cedo esse ano. A outra correlaciona com a pesquisa do Greenpeace, sobre a origem partir das atividades do garimpo ilegal no Tapajós.

“O volume de água do rio Amazonas se houver uma vazão muito alta é possível que ele consiga adentrar um pouco mais onde a gente habitualmente vê. E isso pode chegar até o Alter do Chão. Já sobre o garimpo, para que ocorra o transporte desse sedimento até Alter do Chão, o Tapajós deveria estar com uma vazão muito alta para então conseguir transportar em uma distância tão grande”, explicou.

O especialista, no entanto, ponderou, que ainda é cedo para qualquer afirmação. De acordo com ele, primeiramente, é necessário ter um embasamento científico mais detalhado sobre a origem desse sedimento em suspensão”, enfatizou.

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