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Consumo deve movimentar quase R$ 122 bilhões no Pará este ano

Manutenção do lar, alimentação dentro e fora do domicílio e construção civil são os destaques

Elisa Vaz

Cidadãos paraenses vão consumir mais este ano. Esta é a previsão do estudo IPC Maps, baseado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), especializado no cálculo de índices de potencial de consumo. O levantamento apontou que, apenas no Estado do Pará, o consumo vai chegar perto de R$ 122 bilhões ao longo deste ano, sendo que o urbano será de, aproximadamente, R$ 104 bilhões, e o rural vai passar os R$ 17 bi, segundo as expectativas.

O Brasil concentra 84,8% dos seus cidadãos - 178,1 milhões - na área urbana, que respondem pelo consumo per capita de R$ 24.420,15. Enquanto isso, os gastos dos 31,9 milhões de cidadãos rurais correspondem a R$ 10.498,72 por habitante. Em contrapartida, as capitais perderão espaço de consumo - de 29,6% no ano passado para 28,9% este ano - e, em contrapartida, o interior dos Estados voltará a dar sinais de recuperação, elevando de 54% para 54,4% a movimentação de recursos neste ano.

Em todo o país, a movimentação do consumo deve girar em torno de R$ 4,7 trilhões, impulsionando o Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Uma mudança que deve ser notada ainda em 2019, de acordo com o estudo, é na participação regional. O Norte do país deve ter 6,25% de contribuição no consumo total no Brasil este ano, contra 5,89% no ano passado. A liderança permanece com o Sudeste, (48,89%), seguido pelo Nordeste (18,82%). Já as retrações na participação ficam por conta da região Sul (17,82%) e Centro-Oeste (8,21%).

Para o economista André Cutrim, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e doutor e pós-doutos em Desenvolvimento Econômico, o que pode motivar o crescimento na região Norte e no Estado do Pará é a elevação dos investimentos. "Como os custos em regiões menos desenvolvidas são, a princípio, mais baixos, o empresário investidor ganha um estímulo em tempos de recessão econômica. A consequência disso é um efeito em cadeia favorável ao aumento do emprego, da renda e, principalmente, do consumo. A concorrência nas regiões interioranas também é muito menor, facilitando o mercado para o micro, pequeno e médio empreendedor. Isso pode impulsionar o consumo por meio de preços mais condizentes com a realidade econômica atual do país", explicou.

Na opinião do especialista, é possível perceber um novo mapa geoeconômico, em que muitos municípios do interior, dotados de recursos naturais estratégicos e infraestrutura de capital social básico, como energia, transporte e telecomunicações, passaram a ser um novo oásis em prol do consumo na região Norte.
 Mesmo assim, Cutrim acredita que o desempenho ainda não é suficiente para recuperar as perdas decorrentes da crise econômica.

"Quando uma economia tem queda significativa nos gastos de investimentos privados, não há expectativas de reversão a curto prazo, mas os investimentos governamentais podem ajudar a romper com essa inércia", opinou. O que a administração governamental - municipal, estadual e federal - deve fazer, segundo o economista é fomentar investimento público e privado. "Desta forma, todos os setores da economia podem enfrentar este quadro atual de recessão, sobretudo ao estimular o crescimento do trabalho formal, da renda em razão disso e, consequentemente, do consumo", destacou Cutrim.

No Estado do Pará, o setor que mais vai contribuir para o aumento do consumo é o da manutenção do lar (R$ 22,4 milhões), seguido por alimentação no domicílio (R$ 19,8 mi), materiais de construção (R$ 5,7 mi), alimentação fora do domicílio (R$ 4,7 mi), vestuário (R$ 4,6 mi), higiene e cuidados pessoais (R$ 3,3 mi) e outros gastos. 

A acadêmica de Direito Ana Beatriz Monteiro, de 24 anos, é uma das pessoas que deve comprar mais este ano. Ela considera que tem um consumo moderado, mas contou que sempre acaba extrapolando nas compras. Entre os itens mais comprados estão as roupas: "É meu ponto fraco. Compro sempre que meu dinheiro permite", brincou. A estudante disse que, assim que termina de pagar as parcelas de uma compra, já vai até as lojas para adquirir novos produtos, mas sempre com a cautela, para não se endividar. "Sempre estipulo quanto posso gastar com compras de vestuário e com as saídas, tentando não deixar ultrapassar para os gastos do próximo mês. Também compro muitos produtos de cuidado pessoal, como óleos, hidratantes, perfumes e outros", disse.

Monteiro também comentou que, neste ano, seu consumo já aumentou em relação ao ano passado, só que com mais organização. "Ano passado eu comprava menos, mas acabava ficando 'apertada' durante o mês. Agora eu estipulo quanto posso gastar e consumo dentro daquele limite. Se eu parcelo, só volto a comprar quando termino de pagar a compra anterior", garantiu a estudante. Em sua família, a situação é parecida. A mãe é contadora, portanto, organizada nas finanças, mas as tias consomem mais. "Acho que acabei puxando para elas", disse.

Outros dados

Entre os consumidores, a classe B lidera o cenário de consumo, representando 38,41% - cerca de R$ 1,67 trilhão - dos recursos que serão gastos pelos brasileiros em 2019. A classe C aparece com 37,5% - aproximadamente R$ 1,63 trilhão - dos desembolsos. No topo da pirâmide, a classe A aumenta seus gastos para 13,68%, ou seja, R$ 595,2 bilhões, neste ano. Também subiu a classe D/E, para 10,41% - ou R$ 452,9 bilhões. No Pará, a classe que encabeça os rankings é a C, com 36,6% do consumo previsto para o ano, ou R$ 38,1 bilhões. Ela é seguida pela classe B, que corresponderá a 34,8% dos gastos ao longo do ano - R$ 36,2 bi. Os dois últimos lugares da lista ficam com a classe D/E, que respondem por 17% - R$ 17,7 bilhões - das despesas de 2019, e a classe A, com 11,5%, ou R$ 12 bilhões.

Quanto ao número de empresas, a pesquisa levantou que haverá incremento de 12,9% no patamar empresarial, com a presença de 23.470.289 estabelecimentos no país. Do montante, quase metade (49,2%) corresponde ao setor de serviços, seguido pelo comércio (31,9%), indústrias (16,1%) e agribusiness (2,8%). O Norte detém 5,12% - 1.200.769 - das organizações, o que corresponde a apenas 65,15 empresas para cada mil habitantes. No Pará, o número de empresas responde, neste ano, por 484.131, sendo 208.812 do comércio, 203.959 de serviços, 67.313 de indústria e 4.047 de agribusiness.

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