CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Consumo de vinhos cresce na pandemia

Os preferidos são os vinhos tintos importados

Debora Soares

O paraense está cada vez mais interessado em beber vinho. Houve um crescimento de 16,1% no consumo bebida nacional e importada, na comparação entre as vendas de 2019 e 2020, observados pelos estabelecimentos comerciais da capital. A procura pelos mais variados tipos de vinho tem esvaziado as prateleiras dos supermercados, os nichos das adegas e os estoques das plataformas de venda online. 

Um estudo realizado pela plataforma Cupom Válido baseado em dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Ideal Consulting e Statista, aponta um aumento de mais de 30% no consumo de vinhos no Brasil. Em média, cada pessoa ingeriu 2,78 litros no último ano, consumo nunca antes registrado. A quantidade total, em 2020, foi de 501 milhões de litros, no ano anterior foi de apenas 383 milhões.

A pesquisa revela ainda que atualmente são 83 milhões de consumidores de vinho no Brasil. Eles estão divididos entre aqueles que tomam vinho pelo menos uma vez por semana, que somam 46%, e aqueles que só ingerem a bebida uma vez por mês, estes são tidos como a maioria de 53%. No ranking de consumo entre os países da América Latina, o Brasil aparece em segundo lugar, perdendo colocação apenas para a Argentina.

 

PREFERÊNCIAS

Entre os tipos preferidos pelos brasileiros, o campeão é o tinto, chegando a marca de 55% da preferência do público. O vinho branco fica em segundo lugar, com 25%. E, em último lugar, mas não tão distante do segundo colocado, aparece o vinho rosé com 20% do total.

Quanto aos tipos de uva que são a base da bebida, a uva Malbec, que é originária da França e representa cerca de 59% do plantio mundial, é a mais escolhida para ser apreciada. Logo em seguida estão os tipos Cabernet Sauvignon e Merlot, respectivamente.

Entre os vinhos do tipo branco, a Chardonnay é a preferida, essa uva também é  conhecida como a "Rainha das uvas brancas". A uva do tipo Sauvignon Blanc vêm em segundo lugar dentre as bebidas claras, e a Moscato segue na terceira posição.

Paulo Henrique Rodrigues, empresário de uma rede de supermercados no Pará, tanto vivenciou esse interesse que está expandindo a sessão de vinhos dos seus estabelecimentos e inaugurando adegas. Sinal de aquecimento da economia no setor de bebidas alcoólicas. ”Antigamente, em nossas lojas, tínhamos o hábito de ter uma pequena para a seção, mas devido a procura criamos uma nova adega”, afirma. 

Segundo ele, os rótulos importados são de maior saída, mas ainda sim a procura pelos nacionais também aumentou consideravelmente. A expectativa das vendas até dezembro deste ano é que o setor continue em alavancada. “É de se esperar que haja o crescimento, visto que o vinho está deixando de ser uma mera bebida alcoólica. A estimativa é chegar até o final do ano com 5% de crescimento”, projeta o empresário. 

 

PÚBLICO 

Quem costuma consumir mais vinhos são os adultos de idade a partir de 35 anos, estes são 59% do público. Além disso, 30% dos consumidores desta bebida, utilizam os canais digitais, como portais ou lojas online para comprar vinhos. 

Aqueles que não conhecem profundamente as nuances da bebida fermentada são 70% dos brasileiros, mas que estão dispostos a provar novos tipos e não se limitar apenas a um rótulo, a um tipo ou derivação de uva.

A chegada da pandemia do Estado do Pará fez com que as pessoas ficassem mais em casa e tivessem mais tempo livre para se dedicar a outras atividades que antes, em um cenário de correria do dia a dia, não era possível. Muitos desses brasileiros investiram em conhecimento e apreciação de novas práticas, como a arte de degustar vinhos. Mas as limitações para evitar a contaminação do novo coronavírus foi só o despertar de interesse em busca dessa área.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Pará (Abrasel-PA) justifica esse desempenho positivo no setor de vinhos como a busca pelo novo. “As pessoas ficaram mais curiosas para entender o que estão consumindo, então foram em busca de conhecimentos mais profundos sobre essa arte. O interesse na uva, no rótulo, de onde vem e como é produzido, são exemplos dos novos interesses das pessoas que geralmente experimentaram a bebida, gostaram e foram buscar mais informações sobre e como a gente teve essa restrição para ficar em mais em casa, isso fez com que as pessoas buscassem mais conhecimento de outros tipos de bebidas e consumissem mais o vinho, até pela facilidade das compras online”, relata a presidente da Abrasel-PA, Rosane Oliveira. 

Porém, ela também ressalta que precisa haver um incentivo maior para o consumo de vinhos nacionais como uma maneira de incentivar a produção, valorizar mais os produtos locais, baratear os custos para os produtores e, principalmente, fomentar a economia brasileira que passará a gastar menos com a importação de outros países. "Estamos com vários produtores no Sul e Sudeste do Brasil agora, inclusive vários deles estão ganhando prêmios e sendo reconhecidos internacionalmente, o que tem refletido no aumento na procura por vinhos da serra gaúcha e catarinense, principalmente, esse é um cenário muito bom que pode fortalecer ainda mais os nossos rótulos. Mas, infelizmente, ainda procuramos mais por aqueles que não são nossos, o que deveria mudar para dar uma valorização maior para as produções locais que têm um gasto enorme para elaborar cada safra e ainda sim são prejudicados pelas altas cargas tributárias”, comenta.

Influenciada pela cultura argentina, Fernanda Coiado, de 32 anos, tem hoje o vinho como a sua bebida favorita, mas nem sempre foi assim. "As minhas bebidas preferidas eram caipirinha e cerveja, na adolescência. Conforme eu fui ficando mais velha, o interesse pelo vinho foi aumentando e eu fui achando essa bebida mais gostosa. Hoje ela é a minha favorita! Isso tem muito haver com uma viagem que fiz para a Argentina, e lá eu bebia vinho todo dia, porque era mais barato, mais acessível e muito mais gostoso. E desde que voltei dessa viagem, criei o hábito de tomar vinho pelo menos uma vez na semana”, conta.  

A pandemia foi o período que ela mais comprou vinhos, o consumo em sua casa quadruplicou. "Nessa época da pandemia eu comprei muito vinho online, eu não comprava uma ou duas garrafas, chegavam logo oito ou doze em casa. De uma garrafa por semana, a gente passou a consumir cerca de quatro por semana”, diz Fernanda.

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA