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Com reajuste de 0,5%, inflação de Belém é a mais alta entre as regiões pesquisadas

Capital paraense fica bem à frente de locais como Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, os três últimos com índice negativo

Elisa Vaz

A Região Metropolitana de Belém (RMB) fecha o mês de setembro com alta de 0,5% na inflação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em seu Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta terça-feira (27). O índice, que contrapõe o mês de agosto (-0,91%), coloca a capital paraense no topo da lista com as regiões que tiveram o maior avanço da inflação em setembro no país, bem à frente de Curitiba (0,03%), Rio de janeiro (-0,03%), Salvador (-0,17%), São Paulo (-0,44%), Belo Horizonte (-0,47%), Fortaleza (-0,58), Porto Alegre (-0,61) e Recife (-0,93%).

Esta taxa é resultado do aumento de preços de produtos e serviços neste mês em Belém, segundo o economista Nélio Bordalo. "No mês de agosto ocorreram reduções de preços em alguns produtos e serviços interligados de alguma forma com o impacto na redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em cima do combustível. Já era previsto que a deflação não iria persistir por mais tempo, principalmente em cidades mais distantes dos centros produtores de produtos do comércio e alimentos, por conta do custo do transporte, o frete", avalia.

É justamente pelas peculiaridades da região que Belém teve destaque negativo em relação a outras capitais. Nélio ressalta que boa parte do que as famílias consomem é importada de outras regiões produtoras, e para chegar ao consumidor local há custos de frete, seguros e impostos atrelados aos produtos. Nos casos de serviços, os preços devem ter sido alterados para compensar perdas dos prestadores de serviços ou até reajustes de preços internos, como o caso de itens de saúde, habitação e educação.

Setores

Dentre as categorias que tiveram a maior alta na Região Metropolitana de Belém em setembro, pode-se destacar: habitação (4,46%), vestuário (1,66%), saúde e cuidados pessoais (0,84%), despesas pessoais (0,58%), alimentação e bebidas (0,39%), educação (0,14%) e artigos de residência (0,01%). Já as categorias de transportes (-2,26%) e comunicação (-3,02%) tiveram deflação na região. A reportagem tentou contato com os representantes da construção civil, para falar sobre o setor de habitação, que teve o pior resultado, mas não obteve retorno.

Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Pará (SHRBS), Fernando Soares, diz que não foi notado nenhum reajuste significativo no setor, que já tinha sido percebido em decorrência dos aumentos anteriores que houve nos insumos como arroz e hortifrútis. "Não tivemos no Sindicato notícias de que houve aumento significativo esse mês para o consumidor, até porque, na prática, quando o aumento é extremamente alto, implica numa série de problemas para as empresas. Eles acabam dividindo isso com o consumidor, ou seja, não repassam para o cardápio, mas reduzem a margem de lucratividade para manter a clientela", opina.

Dados

Segundo o IBGE, setembro foi o nono mês de alta do IPCA-15 no período de um mês, ficando atrás dos meses de abril de 2022 (1,66%), setembro do ano passado (1,33%), março deste ano (1,15%), fevereiro de 2022 (0,94%), janeiro deste ano (0,82%), novembro de 2021 (0,76%), maio de 2022 (0,54%) e outubro do ano passado (0,51%). Nélio adianta que é possível esperar um cenário com equilíbrio nos preços dos produtos e serviços no fim de 2022, com a possibilidade de pequenos reajustes de preços setorialmente. "Possivelmente, a deflação poderá permanecer até o final do ano, mas certamente não irá fazer parte do cenário econômico do Brasil no início do ano de 2023", revela.

Na variação acumulada do ano, o IPCA-15 apontou a taxa de 4,65% para a Região Metropolitana de Belém, e de 6,31% no acumulado dos últimos 12 meses. O país como um todo teve deflação de -0,37%, a segunda consecutiva do índice. Em agosto, a taxa ficou em -0,73%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,63% no país e, em 12 meses, de 7,96%, abaixo dos 9,60% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2021, a taxa foi de 1,14%.

Economia