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Com alta de quase 18% na inflação do aluguel, saída é negociar, dizem corretores

No ano de 2021, o aumento do índice que guia os contratos foi menor que em 2020

Elisa Vaz

Os contratos de aluguéis no Pará devem sofrer reajuste em 2022 após o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) ter fechado o ano de 2021 com alta de 17,78%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Conhecido como a “inflação do aluguel”, o índice teve reajuste de 0,87% em dezembro, abaixo dos 0,96% registrados no mesmo mês de 2020. Naquele ano, o resultado nos doze meses foi o aumento de 23,14% no IGP-M, o maior desde 2002, quando ficou em 25,31%. Em seguida está o percentual de 2021.

O índice serve de parâmetro para o reajuste de diversos contratos, entre eles o de locação de imóveis. Além da variação dos preços ao consumidor, ele também acompanha o custo de produtos primários, matérias-primas, preços no atacado e dos insumos da construção civil. Desde 2020, o índice tem subido acima da inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice fechou o ano em 10,42%, maior valor desde 2015.

A presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Pará e Amapá (Creci-PA/AP), Marlene Assunção, diz que a principal saída para que o reajuste nos contratos não seja tão grande em 2022 é tentar negociações entre o locatário e o locador. “Devemos tentar chegar a um acordo, pois, caso contrário, teremos uma inadimplência sensível. O mercado está melhor em 2021 do que estava em 2020, tivemos um reajuste menor e temos conseguido aumentar os valores de aluguéis em até 10%, não mais que isso”, comenta. Caso os dois contratantes não consigam negociar, o inquilino deve procurar outro imóvel compatível com seus rendimentos, na opinião de Marlene, mas isso não é recomendado, já que um imóvel desocupado causa prejuízos diversos.

O corretor Edmilson Abdon Moraes afirma que, de fato, estes percentuais têm impactado o mercado imobiliário, porque são incorporados nos contratos de aluguéis. “Não apenas na pandemia, mas antes, já havia uma rejeição a esses índices elevados. O IGP-M oscila de acordo com a economia do mercado, e muitos inquilinos hoje não querem mais que o valor seja reajustado por ele. Alguns pedem para que seja pelo INPC, que é menor e mais estabilizado. O problema é que nem sempre os proprietários dos imóveis aceitam”, relata.

O que tem ocorrido, de acordo com Edmilson, é que os locadores passaram a oferecer contratos mais longos. Em vez de um ano, agora os contratantes assinam pelo período de dois a três anos, tanto para imóveis comerciais como residenciais. Dessa forma, o locatário tem vantagens, porque não sofre reajustes de preços altos, e o locador também tem seu imóvel ocupado e tem um rendimento fixo por mais tempo.

“Como somos os intermediários dessa negociação, no início de um contrato, temos que esclarecer para o cliente a situação do mercado imobiliário. É muito mais seguro que o imóvel seja alugado em uma condição que o inquilino possa cumprir, em vez de criar obstáculos que podem trazer prejuízos lá na frente. A crise ainda está instalada no mercado e isso atinge as famílias de baixa e média renda. Nossa orientação é que o cliente entenda que ele precisa ter segurança. Todo contrato tem riscos, independente da classe e do poder aquisitivo. Então a orientação que damos hoje é negociar e evitar colocar dificuldades”, orienta o corretor.

O programador Diogo Felipe, de 23 anos, mora de aluguel há cerca de um ano e afirma que os preços estão altos, principalmente no centro de Belém. Na opinião dele, cada vez mais, essas altas levam as pessoas de renda mais baixa para a periferia da cidade. Ele diz que, na capital, só é possível encontrar imóveis mais baratos em bairros mais afastados do centro. “Os imóveis não são ruins, mas são bem mais caros do que se formos para longe do centro ou até mesmo saindo da cidade, para Ananindeua e Marituba, por exemplo. Para fora do Estado, pelo mesmo preço, consigo condições de vida melhores também”, conta.

O jovem vai deixar o apartamento onde mora no início de 2022, por conta de uma proposta de emprego que recebeu recentemente, mas, caso tivesse o preço do aluguel reajustado de acordo com IGP-M, de quase 18%, Diogo acharia “absurdo”. “Sei que minha empresa antiga atrela o aumento salarial das Pessoas Jurídicas (PJ) ao IGP-M, mas, se o aumento da Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT) pelo sindicato for menor que isso, junto às perspectivas de aumento de preços de supermercado para o ano que vem, isso seria terrível não só para o meu bolso, mas para qualquer pessoa que vive de aluguel”, afirma.

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