Ceia de fim de ano está 21% mais cara em Belém; veja preços
Alimentos tradicionais da virada registraram aumentos de até 50%; bebidas devem ser prioridades dos consumidores no dia 31
Uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA) atestou um reajuste médio de 21,77% nos principais itens da ceia de final de ano.
O peru da marca Sadia, por exemplo, está 21% mais caro, custando em média R$ 24,92 o quilo. O aumento no preço do pernil da mesma marca foi 11,46% nos últimos 12 meses, sendo vendido em médio a R$ 29,76 o kg.
A inflação também atingiu o chester da marca Perdigão, que pode ser achado nos supermercados por, em média, R$ 23,61 - quase 28% a mais do que um ano atrás.
Altas também foram registradas no frango (22%), bacalhau (26%, com o quilo chegando a R$134) e azeite de oliva (20%). As frutas consumidas tradicionalmente nesta época também registraram aumentos significativos, segundo o Dieese, com destaque para a ameixa seca sem caroço (50,75%), maçã verde (35,66%), castanha portuguesa (35,03%) e castanha do Pará sem casca (28,97%).
A segunda parte das festividades de final do ano chega nesta semana, na virada de 2021 para 2022 que ocorre em uma sexta-feira (31) e deve animar paraenses que querem comemorar o réveillon.
Aloísio Brito espera receber aproximadamente 15 pessoas em casa no fim de ano, todos familiares. Ele iniciou as compras na segunda-feira da parte de comidas, queijos e outros petiscos. Na quinta-feira (30), ele pretende comprar o principal: as bebidas.
"Realmente os preços estão mais caros e acho até que muita gente vai ter uma ceia com menos comida e mais bebida. Às vezes a gente acaba comprando muita comida também e sobra, aí fica pro outro dia, cada um leva um pouco para casa. Esse ano eu e a minha esposa decidimos comprar só o necessário. E também tenho visto os supermercados sem aquele movimento forte de fim de ano, tanto agora quanto na semana do Natal", diz.
Quem também fica animado nestas datas são os supermercadistas, que mantém a estimativa de alta de 4,5% nas vendas na comparação com 2020, segundo o presidente da Associação dos Supermercados Paraenses (Aspas), Jorge Portugal.
Ele conta que o movimento maior é de fato antes do Natal, quando a tradição da ceia é seguida com mais rigor, enquanto nas comemorações da virada de ano muitas pessoas viajam e as compras de produtos alimentares são substituídas pelas bebidas alcoólicas.
"Acreditamos que as bebidas devem ter maior procura por conta dos eventos, muitos clubes oferecem réveillon aqui na cidade. Isso já tira a pessoa de casa. O que aumentou no preço foi mais as bebidas importadas, como o vinho, apesar de termos vinhos nacionais. Mas na cerveja, não houve alteração, então as vendas devem ser boas. Ainda tem uma venda grande de panetones nessa última semana, pois eles entram em promoção. Os próprios fabricantes abaixam os preços. Há um aumento na venda do frango também", conta Portugal.
Mesmo quem vai apostar um Natal com mais álcool e menos carboidratos e proteínas vai precisar desembolsar um pouco mais do que em 2020. No caso das cervejas, os reajustes oscilam entre 3,50% até 15,00%, dependendo da marca e do local.
Já a média dos uísques nacionais Natu Nobilis e Passaport é de R$ 44,75 e R$ 55,90, respectivamente. A sidra, o mais popular entre os espumantes, custa entre R$ 12,79 a R$ 16,85 neste final de ano, segundo o Dieese.
Consultora de planejamento estratégico com muitos clientes no ramo varejista, Elaine Cardoso conta que o faturamento das empresas está sofrendo por conta da inflação de 2021, que registrou uma alta de 10,42%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ela lembra que muitas vezes o índice não é considerado no cálculo de algumas empresas.
"Novembro não foi um mês muito bom, no final que deu uma recuperada. Dezembro tem um aumento natural, mas o que tem acontecido é que este ano é que muitas empresas não tem calculado a inflação. Tem um crescimento mas quando você deduz a inflação, os itens de primeira necessidade são os únicos com crescimento real. Os fornecedores da classe A e marcas de renome perderam muito faturamento. Quem se especializou nas classes B,C,D é quem tem faturado. As grandes marcas estão com decréscimo muito grande no mercado, com as classes mais abastadas optando por marcas inferiores", afirma a analista.
Cardoso também acredita que o setor alimentar deve seguir como prioridade não só neste final de ano, mas também em 2022, considerando a crise econômica que o Brasil atravessa.
Ela observou que muitos clientes do setor varejista experimentaram um 'boom' nas vendas de fim de ano logo após o pagamento do benefício de R$500 reais pagos pelo governo estadual do programa Reencontro com a escola, destinado aos estudantes do ensino médio.
A consultora destaca que muitas famílias estarão juntas neste final de ano, o que é um bom sinal para as vendas.
"Dá para esperar, sem dúvidas, um faturamento bom nesta reta final. O setor alimentar é de primeira necessidade, com foco na boa alimentação. A venda do peru, por exemplo, não foi alta. Mas o frango tem substituído ele em larga escala, isso foi visível. Outra coisa que cresceu muito foram os perecíveis. O comércio passa por uma mutação, onde os produtos com glúten e açúcar deixam de ser tão procurados, já que as pessoas buscam opções mais saudáveis. A venda de biscoitos caiu muito, por exemplo. O bom faturamento não está nas grandes redes. A procura foi transferida para os mercadinhos de bairro, que cresceram na pandemia. O aumento de consumo foi muito visto nas mercearias. Quanto menor o poder aquisitivo, maior a procura lá nos mercadinhos. Hoje elas compram o básico nos supermercados", conta.
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