Ceasa: setor de hortaliças amarga perdas no faturamento de até 50%

Vendas na central de abastecimento despencam e consumidor agora paga o dobro pelos produtos

Roberta Paraense

A crise econômica provocada pelo novo coronavírus atingiu em cheio os fornecedores de hortaliças da Central de Abastecimento do Pará (Ceasa). A pandemia está promovendo uma perversa alteração na cadeia produtiva dos hortifrutícolas, com perdas no faturamento de até 50%. A retração das vendas e o alto custo dos fretes das mercadorias trazidas do eixo sul e sudeste do Brasil ao Estado estão afetando diretamente o bolso do consumidor paraense que, agora, está pagando até o dobro nos valores de alguns itens.

Os donos dos box da Ceasa dizem que os prejuízos amargados pela crise da covid-19 no setor se comparam aos do período da greve dos caminhoneiros em 2018. Para se virar e ao menos preservar o pagamento das despesas, os permissionários estão até mudando as estratégias de vendas, optando pelo ‘delivery’ das mercadorias.

Há 18 anos, Raimundo Pereira Barros mantém um box na central. Ele garante que a cebola e a batata são os produtos que mais tiveram altas expressivas nos valores. “O preço da saca da cebola, por exemplo, saltou de R$ 70 para R$ 130”, reclama. O quilo do produto comercializado nas feiras, mercados e supermercados da capital, antes da crise, era encontrado em média a R$ 3,5. Atualmente, o consumidor final está levando por R$ 7,5.

“Além da alta dos preços, devido à escassez dos fretes e ao aumento do valor deles, a demanda nas vendas caiu muito. Posso afirmar que diminuiu cerca de 50% a procura pelas mercadorias. Os comerciantes, principalmente os de bairros, estão comprando menos”, explica Raimundo. Tentando driblar o baixo consumo, os fornecedores estão enviando os produtos para os comércios, sobretudo, os localizados na região ribeirinha.

“Mandamos deixar os pacotes até os barcos. Cada volume sai por R$ 2, porém o mínimo que entregamos é de 50 para não dar prejuízo ao pessoal do frete”, conta Raimundo. Os comerciantes de Belém também estão recebendo produtos nos seus estabelecimentos. “Enviamos de táxi, de kombi, Uber, vamos dando um jeitinho para sobreviver em meio à crise”, diz.

Roberto Damasceno também trabalha na Ceasa há quase 20 anos. Por duas décadas, ele nunca viu um movimento de pessoas tão pequeno no local. Ele atribui o fato à a baixa procura e às medidas de distanciamento social.

“Depois desse lockdown o consumidor sumiu. Além das vendas para os comerciantes, também vendemos em pequena quantidade, muito mais no dia de sábado, só que eles sumiram”, observa Roberto.  Ele também diz que as vendas caíram para restaurantes, que estão apenas funcionando para entrega de comida.

Pesquisa – A maioria dos produtos hortifrútis – hortaliças, verduras e legumes – comercializada nos supermercados e feiras da Região Metropolitana de Belém (RMB) ficou mais cara em abril, na comparação com o mês de março, segundo uma pesquisa divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), na semana passada.

As altas mais expressivas foram verificadas no preço da cebola (31,45%), seguida da cenoura (13,06%), repolho (8,67%), pimentão verde (7,08%), batata (6,95%), cebolinha (3,14%), cariru (2,91%), salsa (2,21%), couve (1,69%), beterraba (1,41%), cheiro verde (1,06%) e alfavaca (1,02%). Já os produtos que ficaram mais baratos no mês passado foram o maxixe (-5,63%), pepino (-5,44%), batata doce rosa (-2,71%), batata doce branca (-2,63%), quiabo (-1,59%), chuchu (-1,40%) e jambu (-1,25%).

No acumulado deste ano, entre os meses de janeiro e abril, também houve reajuste, com destaque para a cenoura (97,28%), seguida da cebola (38,01%), repolho (22,10%), batata (17,37%), pimentão verde (14,83%), batata doce rosa (14,49%), chuchu (12,46%), beterraba (11,15%), abóbora (6,81%), macaxeira (2,14%) e alfavaca (1,02%). Por outro lado, foram verificadas quedas nos preços do maxixe (-2,37%), alface (-2,18%), cariru (-1,85%), salsa (-1,60%), couve (-1,10%) e cheiro verde (-1,04%).

A maioria dos hortifrútis também ficou mais cara na comparação com abril do ano passado. Em um ano, os principais reajustes foram nos preços da cenoura (30,63%), seguida do chuchu (11,04%), cebolinha (7,19%), salsa (6,32%), quiabo (1,87%), jambu (1,28%), cheiro verde (1,06%), feijão verde (1,06%) e maxixe (1%). As quedas no período foram registradas nos preços do repolho (-41,58%), beterraba (-12,01%), batata doce branca (-9,05%), batata (-8,98%), cebola (-8,09%), alface (-6,67%) e pepino (-4,35%).

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