MENU

BUSCA

Cartão de crédito é causador de 79% das dívidas dos paraenses

Em março de 2021, a taxa ficava em 76,2%, diz a Fecomércio-PA

Elisa Vaz

O cartão de crédito, se não for usado com prudência, pode se tornar o vilão do orçamento pessoal. Dados da Federação do Comércio do Pará (Fecomércio-PA) referentes a março mostram que a taxa de endividamento no Estado girou em torno de 66,8% este mês, sendo que 79% dessas dívidas são de cartões de crédito. A taxa é maior que no mesmo período do ano passado, quando ficou em 76,2%.

Economista, Lúcia Andrade observa que está havendo um “círculo vicioso”, já que muitos estão cada vez mais dependentes do cartão de crédito – "aprisionados”, como diz ela. Ou seja, comprometem grande parte da renda mensal com os pagamentos das parcelas do cartão, e os que conseguem pagar, geralmente, utilizam parte dos salários do mês para pagar a parcela, e com isso ficam sem disponibilidades para as compras do mês e permanecem no círculo vicioso.

“Os que não conseguem pagar as parcelas entram em grandes dificuldades financeiras, dado o elevado patamar das taxas de juros, que, no crédito rotativo, chega a 320% ao mês, com variações para mais e para menos”, alerta a especialista. Lúcia orienta que os consumidores precisam ter controle do valor total das dívidas que possuem no cartão, e a cada compra devem avaliar o impacto sobre o valor total da parcela que já têm a pagar, verificando o impacto do valor total sobre sua renda mensal. “Não pode confundir o limite disponível que tem para compras no cartão de crédito com renda disponível”, comenta.

Além disso, outra orientação da economista é que o usuário se esforce ao máximo para pagar a dívida da parcela total do cartão, evitando pagar apenas o mínimo ou parcelar o valor, já que os juros do crédito rotativo são bastante elevados. Utilizar o cartão apenas para compras que não podem ser feitas à vista também é uma dica, mas sempre verificando a capacidade de pagamento das parcelas. Por último, evitar utilizar muitos cartões de várias bandeiras e procurar concentrar em um único, para não perder o controle do quantitativo de dívidas parceladas que possui.

Para quem já está inadimplente, Lúcia explica que uma boa alternativa é tentar negociar a dívida e fazer o pagamento, sempre verificando todas as vantagens e, se possível, reunir as contas de todos os cartões em apenas uma bandeira. Buscar outros tipos de empréstimos, se os juros forem menores, para negociar esse tipo de pagamento é uma saída de emergência, afirma ela.

Consumidoras tiveram dificuldades com cartão de crédito

A acadêmica de direito Alina Ribeiro, de 23 anos, tem cartão de crédito desde 2017 – ela tirou assim que ingressou na faculdade e precisou abrir uma conta universitária para receber a bolsa de estágio. Junto com a conta, veio o cartão de crédito.

Alina conta que seu limite já chegou a ultrapassar seus rendimentos duas vezes – em uma vez, ela optou por parcelar, e na outra sua mãe pagou a dívida. “Foi uma questão de irresponsabilidade mesmo, mas que hoje já está superada. Não é legal, depois eu diminuí o limite do cartão que tinha o maior limite”, lembra.

Na opinião da jovem, é mais fácil se desequilibrar financeiramente com o cartão de crédito do que com o de débito, por isso ela tenta evitar o uso. Hoje em dia, ela usa a modalidade com frequência para pagar os aplicativos de transporte e fazer compras virtuais. “Nessa história de ir ‘passando o cartão’ e não ter nenhuma barreira, como a falta de dinheiro, eu acredito que torne mais fácil não ter controle”, opina.

A dica que Alina dá é que as pessoas sempre tenham um limite que possam pagar, e também prefiram ter apenas um cartão de crédito. Apesar disso, ela tem dois: um que fica cadastrado nos aplicativos de transporte e sites de compra e outro para emergências e compras grandes que ela precisa fazer, como passagens ou algum eletrônico mais caro. Hoje em dia, ela diz que usa com mais responsabilidade.

Já a acadêmica de fisioterapia Jaqueline Pires, de 25 anos, prefere não usar crédito. Ela já teve um cartão quando era mais nova, mas conta que a experiência não foi muito boa, porque se via em uma “bola de neve” todo mês. “É fácil perder o controle quando você tem um limite alto. Eu me via comprando até coisas desnecessárias só por saber que tinha um limite ali à disposição”, lembra.

Hoje em dia tudo que a estudante compra é à vista. O segredo, segundo ela, é se planejar. Jaqueline diz que sempre que faz uma compra grande, geralmente, já está com o valor por conta do planejamento. Em último caso, ela opta por pagar a maior parte adiantada e passa o restante no carnê.

Economia