MENU

BUSCA

Caixa lança crédito imobiliário com carência de 180 dias

Por Aline Bronzati e Circe Bonatelli - AE

A Caixa Econômica Federal anunciou ontem uma injeção adicional de R$ 43 bilhões para o setor imobiliário. Desta vez, o dinheiro será usado em linhas que visam a irrigar o caixa de construtoras, evitando paralisações de obras e demissões. Outra meta é facilitar a vida do cliente que está prestes a comprar um novo imóvel, com a oferta de carência de até 180 dias para início do pagamento. As novas modalidades estarão disponíveis a partir de segunda-feira.

Com os R$ 43 bilhões das medidas anunciadas ontem, o banco público soma R$ 154 bilhões em crédito liberado após o início da crise do novo coronavírus. Do total das linhas anunciadas em meio à crise, a Caixa liberou cerca de R$ 35 bilhões.

As medidas voltadas ao mercado imobiliário, segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, visam à preservação de 1,2 milhão de empregos. "Se necessário, vamos ampliar as linhas de crédito. O foco é ajudar construtoras de todos os tamanhos, mas não aceitaremos demissão", disse o executivo. A Caixa tem hoje uma participação de cerca de 70% no crédito imobiliário brasileiro.

Antes do início da crise da covid-19, o mercado imobiliário vinha em toada positiva no País. No primeiro bimestre de 2020, os empréstimos para aquisição e construção de imóveis com recursos da poupança cresceram 35,7%, na comparação com mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Para os novos mutuários, a Caixa está oferecendo uma opção em que será possível adiar o pagamento da primeira parcela do crédito imobiliário por 180 dias. Para quem já tem um financiamento em andamento, será possível negociar com o banco o pagamento parcial das parcelas ou uma suspensão da cobrança por até três meses (antes, a suspensão era por até 60 dias).

Já para as construtoras, a ordem é antecipar recursos. Para novos empreendimentos, haverá carência de seis meses para início de pagamentos de empréstimos, além da antecipação de até 20% dos créditos para obras. Para as construções já em andamento, haverá possibilidade de pagamento parcial das parcelas e a hipótese de modificar cronogramas das obras sem encargos.

A suspensão temporária da cobrança de crédito imobiliário, incluída em novas modalidades no anúncio feito ontem pela Caixa, já estava em vigor para os mutuários atuais. Segundo Guimarães, da Caixa, até agora cerca de 1,5 milhão de clientes já solicitaram essa pausa nas prestações. Quem fez o pedido de prorrogação por 60 dias terá o prazo estendido para 90 dias.

Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, as novas medidas da Caixa vão ajudar as empresas a manter empregos. "Por que alguém que tiver capital de giro e estiver vendendo os imóveis vai mandar alguém embora?", disse, ao Estadão/Broadcast. "Essas medidas dão, sim, condições para não demitirem ninguém agora."

Martins ponderou, entretanto, que também espera mais engajamento de outros órgãos, como o Ministério Público, para evitar o fechamento compulsório de canteiros de obras nesses tempos de determinação de isolamento por causa da covid-19. Atualmente, cerca de 90% dos canteiros estão em operação no País.

Economia