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Arrecadação com cigarro aumenta 150% em um ano no Pará

Estudo aponta que, este ano, o país deve registrar um acréscimo nominal de 16% nos gastos com fumo se comparado ao ano passado.

Laís Santana

O comércio de cigarros foi o segmento econômico que apresentou maior variação em abril, de acordo com o Boletim Mensal de Arrecadação da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) do Pará. De abril do ano passado a abril deste ano, a arrecadação com cigarro no Estado aumentou 153,5%, saltando de R$ 5 para R$ 13,6 milhões arrecadados. No acumulado de janeiro a abril de 2021, já foram recolhidos R$ 52,4 milhões, frente a R$ 44,4 milhões arrecadados no mesmo período do ano passado, o que equivale a um crescimento de 12,1%. Em 2020, a venda do produto foi responsável pela arrecadação de R$ 134,4 milhões.  

Na última segunda-feira (31), foi celebrado o Dia Mundial Sem Tabaco, data Criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. Contudo, pesquisas apontam que o consumo de cigarros tem aumentado exponencialmente. 

Segundo dados do IPC Maps, estudo especializado em potencial de consumo por categoria de produto, este ano o país deve registrar um acréscimo nominal de 16% nos gastos com fumo se comparado ao ano passado. O estudo ainda aponta que, embora de 2019 para 2020 a categoria tenha apresentado queda de 5,4% (totalizando R$ 18,1 bilhões), a previsão é de que o consumo no setor ultrapasse R$ 21 bilhões em 2021, o que representa 0,45% do orçamento familiar.

Neste cálculo, são consideradas as despesas com cigarros, charutos, fumo para cachimbo, fumo para cigarros e outros artigos para fumantes, como fósforos, isqueiros, etc. 

Na tabacaria de Morisson Batista, localizado no bairro de São Brás, o faturamento com itens para fumo aumentou cerca de 15% a 30%. “Ela é uma tabacaria bem tradicional e o nosso carro chefe são os cachimbos e tabacos para cachimbos. Os cigarros industrializados que vendemos são os produtos que menos tem saída na loja, mas se formos falar de charutos e cachimbos as nossas vendas aumentaram bastante durante a pandemia”, afirma o empresário do segmento. 

Uma pessoa que fuma uma carteira de cigarros por dia, gasta em média R$ 395,00 por mês, o que pode representar um gasto de R$ 4.750,00 em um ano. Em 10 anos de consumo de cigarros a pessoa gasta R$ 47.400,00, “quase o preço de um carro popular”, calcula o economista Nélio Bordalo Filho. 

“Além dos prejuízos á saúde,  o impacto no orçamento pessoal ou familiar de quem fuma é significativo, principalmente para pessoas com orçamento desequilibrado nesse momento de pandemia do Coronavírus, pois um gasto mensal de aproximadamente R$ 400,00 em cigarros é alto, e esse dinheiro poderia ser direcionado para comprar alimentos, pagar dívidas ou até mesmo servir para realizar um investimento ou poupança. Ou seja, o consumo de cigarros também impacta negativamente na saúde financeira de uma pessoa ou família”, ressalta. 

Na avaliação de Nélio Bordalo Filho, o crescimento na arrecadação do ICMS com o cigarro aconteceu em decorrência de problemas ocasionados pela pandemia, já que as pessoas que fumam consideram que o cigarro diminuiu o estresse ou até mesmo a ansiedade. “Outra possibilidade para o aumento de arrecadação é a fiscalização mais rigorosa no combate à comercialização de cigarros contrabandeados.”

Apesar de não ser considerado um hábito saudável, o aumento no consumo de cigarros impacta diretamente na economia paraense, uma vez que os recursos oriundos da arrecadação do ICMS podem ser direcionados para investimentos em segurança, saúde e infraestrutura. “O cigarro pode gerar, através da arrecadação de impostos, uma alternativa para o governo do Estado retornar para a população em geral em investimentos para seu benefício”, acrescenta o economista. 

Economia