Apreensões no Aeroporto de Belém crescem 25% em 1 ano, dizem auditores fiscais da Receita Federal
Com aumento no fluxo internacional, fiscalização reforça equipe e intensifica apreensões de mercadorias irregulares no Aeroporto de Belém
Com aumento no fluxo internacional, fiscalização reforça equipe e intensifica apreensões de mercadorias irregulares no Aeroporto de Belém
O aumento na movimentação do Aeroporto Internacional de Belém nos últimos meses trouxe consigo um desafio adicional para a equipe da Receita Federal que atua no terminal. Segundo a concessionária Norte da Amazônia Airports (NOA), em 2024, Belém alcançou, pela primeira vez a marca de 4,1 milhões de passageiros atendidos entre os meses de janeiro e dezembro. Com esse crescimento do número de voos internacionais e nacionais, a fiscalização sobre mercadorias não declaradas se intensificou nos últimos 12 meses, com um crescimento de 25% nas apreensões de produtos irregulares no último ano, relatam auditores da receita.
A marca de mais de 4 milhões de passageiros passando pelo Aeroporto de Val-de-Cães representa um crescimento de 12% em 2024, comparado ao fluxo observado em 2023. Com essa elevação, Bruno Leite, auditor fiscal e delegado da Alfândega de Belém, diz que a Receita Federal tem observado um volume crescente de passageiros transportando produtos acima do limite permitido sem declarar à fiscalização. Ele ressalta que o objetivo da Receita vai além da arrecadação tributária: "Nosso papel é proteger a economia nacional e inibir a concorrência predatória, garantindo que produtos irregulares não prejudiquem o mercado formal e assegurando que mercadorias inadequadas para o consumo não cheguem às mãos da população", afirmou Leite.
Entre os produtos mais retidos pela Receita Federal no Aeroporto de Belém, os eletrônicos lideram a lista, com destaque para smartphones de última geração. "Já tivemos casos de passageiros trazendo até 400 celulares de uma vez, o que configura comércio ilegal e gera um prejuízo significativo à indústria nacional", relatou Leite.
Segundo a fiscalização, a revenda ilegal desses aparelhos afeta diretamente o comércio formal e a arrecadação tributária. "A importação irregular cria uma concorrência desleal com as empresas que atuam de maneira legal, pagam impostos e geram empregos", explicou Leite.
Além dos celulares, bolsas de grife também aparecem com frequência nas apreensões. Conhecidas como "bolsas da madame", algumas dessas peças podem custar entre R$ 80 mil e R$ 1 milhão. "Já apreendemos passageiros trazendo quatro dessas bolsas, totalizando cerca de R$ 400 mil em mercadoria irregular", relatou Leite. Ele reforça que a tributação sobre esses produtos pode ultrapassar R$ 150 mil, valor que muitos viajantes tentam evitar.
Outros itens frequentemente retidos incluem roupas de marca, calçados importados, perfumes e eletrônicos como notebooks e smartwatches. Produtos de origem animal e vegetal sem certificação sanitária também são barrados, como no caso recente de um passageiro que tentou trazer um peixe do Suriname sem refrigeração adequada.
Quando um produto é apreendido, o passageiro tem a opção de regularizar a situação pagando os impostos devidos. Caso o responsável não pague os tributos devidos, a mercadoria passa por um processo chamado de perdimento, que concede um prazo de 90 dias para defesa e pode ser encaminhada para leilões organizados pela Receita Federal, que acontecem a cada trimestre.
"Os leilões são bastante concorridos e, muitas vezes, os produtos são arrematados por valores até sete vezes superiores ao lance inicial", detalhou Leite. E ressaltou ainda que os recursos arrecadados nos leilões retornam ao país em forma de investimentos em áreas essenciais, como saúde, educação e segurança.
No caso do passageiro flagrado transportando produtos em quantidades acima do permitido sem declaração à Receita Federal pode sofrer diversas penalidades, desde a perda dos itens até a aplicação de multas. Em casos de grandes volumes, como o dos 400 celulares, a situação pode ser enquadrada como contrabando, levando o caso ao Ministério Público Federal para possível abertura de processo criminal.
Com a expansão física e do fluxo do principal, o aeroporto tem registrado uma movimentação maior de voos internacionais, especialmente para os Estados Unidos e países vizinhos. Atualmente, há operações internacionais diárias, com picos às quartas e aos sábados, quando até quatro voos pousam no terminal. O crescimento da demanda tem pressionado o trabalho da equipe de fiscalização, composta por cerca de 20 a 30 agentes fixos, número que será reforçado com o grande fluxo aguardado para 2025. "Nossa previsão é de um incremento de até 50% no efetivo, com pelo menos 15 novos agentes para reforçar a fiscalização durante o evento", afirmou o delegado Bruno Leite.