Taxa de endividamento das famílias paraenses cai, mas inadimplência aumenta
Para Fecomércio, consumidores estão mais cautelosos na hora das compras. Em média, as famílias paraenses estão com 28,9% de sua renda comprometida com dívidas
A taxa de endividamento das famílias paraenses ficou em 58,7%, no último mês de março, enquanto no mesmo período do ano passado, ela estava em 65,3%. Essa queda, no entanto, não demonstra uma melhora na situação financeira das famílias e sim que há uma maior cautela na hora de se comprometer com dívidas futuras. Tanto que a inadimplência permanece alta: 28,2% dos que responderam à pesquisa admitiram que estão com contas em atraso – em março de 2020, o percentual foi de 25,3%. Outros 15,1% dos entrevistados disseram que não terão condições de pagar suas dívidas no próximo mês – no mesmo período do ano passado, 14,9% informaram estar nessa situação; já em janeiro deste ano, o percentual estava em 13,4%.
Os números fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada em parceria pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo no Estado do Pará (Fecomércio/PA) e Confederação Nacional do Comércio. Assessora econômica da Fecomércio/PA, Lúcia Cristina de Andrade esclarece que a taxa de endividamento representa o percentual de famílias que possuem dívidas, ou seja, que compraram de forma parcelada ou retiraram empréstimo, enquanto a taxa de inadimplência verifica aqueles que possuem dívidas em atraso.
“E a taxa de endividamento tem que ser analisada sobre duas óticas: quando a economia está aquecida ou não se encontra em uma grande crise, de forte impacto, a tendência é que o consumidor realize mais compras e, na sua maioria, em cartão de crédito. Essa taxa de endividamento vai se refletir ao longo dos meses”, observa.
De acordo com o levantamento, a diferença do percentual de endividamento entre as diferentes faixas de renda é pequena: 58,9% entre os que recebem até 10 salários mínimos e 57,5% entre os que recebem acima de 10 salários mínimos. Porém, a inadimplência é bem maior entre os que recebem até dez salários mínimo (29,7%, contra 14,9% entre os que recebem mais de 10 salários).
Além disso, 16,3% das famílias ouvidas no levantamento, que recebem até dez salários mínimos, disseram que não terão condições de pagar suas dívidas no próximo mês. Entre os que recebem mais de dez salários mínimos, o percentual foi de 5,7%. O tempo médio com pagamento em atrasado é de 68,3 dias, enquanto o tempo médio de comprometimento com as dívidas é de 7,2 meses. Em média, as famílias paraenses estão com 28,9% de sua renda comprometida com dívidas - em março de 2020, o percentual era de 24%.
Os principais tipos de dívida são por cartão de crédito (76,2%); carnês ou boletos (20,9%); financiamento de carro (7,8%) e crédito consignado (6,7%), sendo que uma mesma família pode ter mais de uma dívida. Não são consideradas, na pesquisa, contas fixas, como aluguel, água, energia elétrica, plano de saúde ou mensalidade escolar. Em março de 2020, a taxa de endividamento por cartão de credito era de 78,5%, ou seja, também houve uma queda na comparação com o mesmo período de 2021.
“Não significa que a situação do consumidor melhorou, mas no sentido de que o consumidor segurou as suas compras. Ele reduziu o formato de comprar de forma parcelada, porque em decorrência da situação do agravamento da crise econômica, dado o efeito da crise sanitária, da pandemia sobre a economia, do qual muitas pessoas que trabalham por conta própria, por exemplo, tiveram muita queda na renda, e também a questão do não aumento do emprego, tudo isso causa insegurança e instabilidade pro lado do consumidor. Então, de qualquer forma, houve uma redução no volume de vendas, pro lado do empresário, em decorrência da redução das compras do consumidor”, avalia Lúcia Cristina.
Ela observa que, na medida em que o consumidor vê dificuldades e se sente inseguro quanto à manutenção do seu emprego e renda, ele tende a reduzir o comprometimento com parcelas para pagar mais à frente. “A situação do consumidor é difícil, diante da crise da economia atual. Essa taxa de endividamento reflete uma redução do consumo ao longo dos últimos meses em razão dessa crise, ele segurou mais as compras, vem reduzindo fazer novas dívidas de forma parcelada, porque ele está inseguro quanto à manutenção do emprego e sua própria renda e também por dificuldades em se comprometer com novas dívidas, diante da crise da economia, mas a inadimplência permanece alta”.
MARÇO DE 2021
Total de Endividados (%): 58,7%
Dividas ou Contas em Atraso (%): 28,2%
Não Terão Condições de Pagar: 15,1%
Tempo Médio com pagamento em Atraso ( em dias): 68,3
Tempo médio de comprometimento com dividas (em meses): 7,2
Parcela da Renda Comprometida com dividas: 28,9%.
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