Setor de bares, hotéis e restaurantes no Pará fecha 13 mil postos de trabalho
Com o veraneio vem a expectativa de melhora para o ramo, principalmente o alimentício
O setor de hotelaria, bar e restaurante registrou forte perda de postos de trabalho no Pará durante a pandemia. Pelo menos 13 mil trabalhadores do segmento perderam o emprego entre março e dezembro de 2020, segundo estimativa do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará (SHRBS/PA). Sem um estudo específico fechado, o setor estima ainda que os estabelecimentos registraram queda de até 50% no faturamento e 70% no lucro, desde o primeiro lockdown da Grande Belém.
O desempenho negativo na arrecadação de serviços como recepção, acomodação, alimentos e bebidas, foi de 44,8% em 2020, na comparação com o ano anterior.
O diretor jurídico do SHRBS/PA, Fernando Soares, observa que os impactos da crise sanitária global para a categoria afetaram diretamente os trabalhadores. "O setor no Estado do Pará perdeu cerca de 13 mil postos de trabalho, por conta do fechamento de empresas, de medidas de restrição de funcionamento, toque de recolher, e isso fez com que as empresas perdessem o poder econômico e não conseguissem se manter abertas ou manter o quadro de funcionários completo."
Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra que, entre março de 2020 e janeiro de 2021, em todo o País, o setor obteve prejuízos significativos, chegando a mais de R$ 274 bilhões. Foram cerca de 350 mil estabelecimentos do ramo fechados desde que se iniciou a pandemia no Brasil. O setor de hotelaria gera cerca de 7,4 milhões de empregos diretos e indiretos e é responsável por 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, segundo aponta a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).
Veraneio
As expectativas de ligeira melhora para o ramo, principalmente o alimentício, está voltada para o veraneio paraense, quando as pessoas tendem a visitar balneários e cidades praianas e fazer refeições fora de casa, mesmo na capital. "Se a gente tiver umas boas férias de julho, sem que haja qualquer surpresa por conta do vírus, a gente acredita que vá ter um segundo semestre muito bom, pelo menos em relação ao ano passado. A tendência é de que haja um incremento da economia, que comece a girar o dinheiro e as pessoas passem a retomar à vida normal", projeta Soares.
Pedro Pagno, 32 anos, é proprietário de um pub em Belém e afirma ter precisado realizar acordos de demissão com os funcionários no momento mais crítico da pandemia na cidade, por não ter condições de manter a folha de pagamento com o seu negócio de portas fechadas devido às restrições. "Eu precisei dispensar funcionários e negociar a saída deles sem ter como pagá-los, porque eu não tinha dinheiro nem para indenizá-los, já que tinha investido dinheiro e ninguém imaginava que teria uma pandemia pela frente”.
Prejuízo em 2020
A capital paraense ficou por 18 dias, no ano passado, com as restrições máximas em combate à covid-19, momento em que estava proibido o funcionamento de bares, restaurantes, turismo e de qualquer outra atividade fora das residências que não fossem consideradas essenciais. "O nosso faturamento caiu para zero. Eu estava fazendo investimentos no bar, tinha comprado muita mercadoria, estava com um estoque grande. Quando foi decretado o lockdown, fiquei sem dinheiro, com um estoque grande armazenado e acabei perdendo muitos produtos", lembra Pedro.
O empresário relata ainda que precisou solicitar empréstimos financeiros a bancos e amigos para tentar sair da crise. “Eu tinha muitos boletos por conta das muitas compras que fiz para o bar e eu não consegui pagar, porque não tinha venda. O meu nome sujou, o nome da empresa também, inclusive, apenas na semana passada, depois de um ano e meio, que meu nome ficou limpo novamente. Consegui emprestar de um banco R$10 mil, o que é um valor muito baixo para o nosso negócio, e assim fui pegando dinheiro com amigos, fui dando um jeito. Apesar de vender pouco, estava trabalhando.”