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Refeições com açaí movimentam até R$ 12 mil por dia em bancas do Ver-o-Peso

O prato mais tradicional do mercado atrai turistas, gera empregos e reforça a economia local

Gabi Gutierrez

Nesta sexta-feira (5), o Dia Nacional do Açaí reforça a importância econômica do fruto para Belém. No Ver- O-Peso, o prato mais pedido – açaí com peixe frito – é quase como um ponto turístico da capital e sustenta a renda de centenas de famílias, movimentando a economia local todos os dias.  Segundo a Prefeitura de Belém, hoje, o maior mercado a céu aberto da América Latina tem mais de 90 permissionários de venda de açaí. Alguns deles comentam que - nos dias mais movimentados - podem atender até 300 pessoas por dia. 

Segundo dados da Secretaria Municipal de Economia e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará Dieese-PA, o mercado comercializa cerca de 30 toneladas de açaí por ano. O fruto chega às bancas em tigelas, acompanhamentos e refeições completas.

Nos boxes de venda de refeição com açaí, tradicionais no Ver-O-Peso, as refeições com uma porção de peixe e uma de açaí, custam entre R$ 25 e R$ 30. Além da combinação básica da culinária paraense, é possível encontrar açaí com carne e charque, por exemplo, pela mesma faixa de preço. 

Faturamento 

Uma dessas é a de Ulisses Silva, que trabalha desde os 12 anos de idade com venda de açaí no Ver-o-Peso. Ele diz que atende cerca de 400 clientes por dia, vendendo entre 20 e 25 litros de açaí. Cada refeição custa em média R$ 30, o que gera um faturamento bruto diário (sem descontar as despesas) de aproximadamente R$ 12 mil.

Na safra, o ele comenta que o faturamento também é melhor. "Chega a subir 70% [o faturamento]. Não dobra, mas melhora bastante. Hoje exportamos [o Pará] muito açaí, o que cria uma concorrência grande. Com isso o preço aumenta, mas com a procura, equilibra esses custos”, disse Ulisses Silva. 

Na banca onde Maria Clara trabalha, filha de um dos permissionários, a movimentação nos dias de maior fluxo chega a 100 litros de açaí vendidos, principalmente nos finais de semana e datas festivas.

Com a chegada de datas como o Círio de Nazaré, Ulisses prevê que o movimento deve crescer significativamente.“Nossa expectativa sempre é muito alta nessa época do ano. Este ano ainda mais, por conta da COP 30”, contou.

Maria Clara confirma que a quadra nazarena é o período de maior demanda do ano.“Em épocas como o Círio, precisamos dobrar a equipe para atender todo mundo”, afirmou. Atualmente, a banca da família tem uma equipe de 5 a 8 pessoas fixas, mas chega a contratar até 15 no mês de outubro.

Preço em alta e impacto no consumo

Nos últimos anos, o preço do litro do açaí variou entre R$ 22,98 e mais de R$ 34, segundo o Dieese-PA, influenciando diretamente o consumo: quanto maior o preço, menor a demanda. 

Economia do Ver-o-Peso

O impacto do mercado vai além do açaí: o complexo movimenta cerca de R$ 1 milhão por dia, reunindo pescado, frutas, hortifrútis e refeições, e emprega aproximadamente 5 mil trabalhadores diretos e indiretos, de acordo com a Secretaria Municipal de Economia de Belém (Secon). Com o Pará responsável por 90,1% da produção nacional de açaí – mais de 1,7 milhão de toneladas por ano – segundo dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca – o fruto reafirma sua força como símbolo cultural e motor econômico do estado.