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R$ 5,78 e R$ 5,58: Queda no preço do arroz e feijão alivia bolso dos consumidores em Belém

Produtos essenciais da cesta básica acumulam redução significativa em 2025; expectativa é de mais recuos nos próximos meses, segundo o Dieese.

Jéssica Nascimento

O preço do arroz e do feijão caiu de forma expressiva em Belém nos últimos meses, segundo pesquisa divulgada pelo Dieese/PA (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) nesta terça-feira (8/07). O arroz teve uma redução de 9,55% só em junho e acumula queda de 24,54% nos últimos 12 meses. O feijão também apresentou recuo de 17,46% no mesmo período. A tendência, segundo o Dieese, é que os preços continuem em queda no segundo semestre.

Arroz: produção maior, preço menor

Em junho, o quilo do arroz foi comercializado em Belém a R$ 5,78 — bem abaixo dos R$ 7,66 registrados em junho de 2024. A redução acumulada no ano já chega a 21,47%. Segundo Everson Costa, supervisor técnico do Dieese/PA, o principal motivo da queda é o aumento da área plantada no país.

"A expectativa era exportar mais arroz, mas isso não se concretizou. Com o excedente, o mercado interno foi abastecido, o que ajudou a reduzir os preços", explicou Costa.

Ele acredita que a oferta continuará elevada nos próximos meses, mantendo o valor do produto em patamares mais baixos.

Feijão: retomada da produção após safra difícil

O feijão, apesar de um leve aumento de 0,18% em junho em relação a maio, também apresenta trajetória de queda. Em um ano, o preço do quilo caiu de R$ 6,76 para R$ 5,58. A redução foi de 8,52% no acumulado de 2025 e de 17,46% em 12 meses.

De acordo com Costa, o produto enfrentou dificuldades climáticas nas safras anteriores, mas a recuperação da produção tem contribuído para o recuo dos preços.

"A gente está tendo uma devolutiva da produção. Com uma safra melhor, há mais oferta no mercado interno", avaliou.

Alívio limitado no dia a dia

Embora os preços mais baixos tragam certo alívio, consumidores ainda sentem o peso do supermercado. Para o cozinheiro Eduardo Camilo, a redução no valor do arroz e do feijão ajuda, mas não compensa outros aumentos.

“Não influenciou muito nas compras porque outros itens tiveram alta. Mas deu pra aumentar um pouco a dispensa, o que já ajuda”, disse.

A pensionista Selma Brito também reconhece a queda como positiva, ainda que insuficiente: “Já dá pra ‘quebrar um galho’. Como aqui em casa somos poucos, continuo comprando a mesma quantidade, mas ajuda no orçamento”.

Expectativa para o segundo semestre

Historicamente, o segundo semestre costuma registrar queda nos preços de alimentos da cesta básica. Segundo o Dieese, esse comportamento deve se repetir em 2025. Além do arroz e do feijão, outros produtos podem acompanhar a tendência de baixa, aliviando o custo de vida das famílias.

No entanto, o cenário pode mudar caso haja aumento no preço do diesel, que impacta diretamente os custos de transporte.

“Se o combustível subir, os preços podem parar de cair ou até voltar a subir”, alerta Everson Costa.

Mesmo com essa incerteza, a previsão geral é de continuidade na redução dos preços dos alimentos básicos nos próximos meses — uma boa notícia, ainda que parcial, para o bolso dos paraenses.

Empreendedor sente alívio no orçamento com queda dos preços

Para Leal Almeida, sócio de um restaurante localizado na Avenida Romulo Maiorana, a mudança representa um impacto direto nas finanças do negócio.

"Percebi bastante uma queda de preço no arroz e feijão. Isso impactou nossa economia interna. Dentro do restaurante, essa diferença se torna visível", relata o empresário.

Segundo Almeida, hoje ele paga praticamente metade do valor que desembolsava há cerca de dois anos."O arroz custava R$ 6 e alguma coisa. Hoje está entre R$ 3 e R$ 4. Isso impacta diretamente na economia do restaurante”, detalhou.

Apesar da melhora, ele pondera que a margem de lucro não é significativamente maior. "A margem aumentou, mas não chega a ser algo considerável, porque é muito diluído", explica.

Outro reflexo da redução de preços foi o aumento no consumo. "O consumo de arroz e feijão cresceu também. Você encontra com mais facilidade e a oferta se tornou maior."

Leal Almeida se mostra otimista quanto à continuidade dessa tendência. "Acredito que a queda no preço continue nos próximos meses. Deve aumentar a oferta de arroz e feijão no mercado”, opina.

Essa economia tem possibilitado reinvestimentos no negócio.

"As oscilações no preço permitem que a gente tenha uma sobra de recursos para investir em outros setores do restaurante", afirma. "Hoje, por exemplo, paguei R$ 3,49 pelo quilo do arroz carbonizado e R$ 5,25 pelo quilo do feijão”, disse.

Mesmo com a queda nos custos, o cardápio do restaurante foi mantido. "Praticamente 100% dos pratos têm arroz e 90% têm feijão. Mas não reduzimos o preço de nenhum item. Mantivemos os valores", finaliza.

Preço do arroz:

  • Junho 2025: Redução de 9,55% em comparação a maio. Preço médio do quilo: R$ 5,78
  • Acumulado de 2025: Queda de 21,47%.
  • Últimos 12 meses (Junho 2024 a Junho 2025): Redução de 24,54%.
  • Junho 2024: Preço médio do quilo: R$ 7,66
  • Dezembro 2024: Preço médio do quilo: R$ 7,36
     

Preço do feijão:

  • Junho 2025: Aumento de 0,18% em comparação a maio. Preço médio do quilo: R$ 5,58
  • Acumulado de 2025: Queda de 8,52%.
  • Últimos 12 meses (Junho 2024 a Junho 2025): Redução de 17,46%.
  • Junho 2024: Preço médio do quilo: R$ 6,76
  • Dezembro 2024: Preço médio do quilo: R$ 6,10

Fonte: Dieese/Pa