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Plantas ornamentais no verão amazônico: entenda os cuidados, tendências e custos para iniciantes

Em Belém, com cerca de R$ 50 a R$ 70, já é possível montar um vaso completo com todos os itens básicos

Eva Pires | Especial para O Liberal

Com a chegada do verão amazônico, que se estende de junho a novembro e é marcado por temperaturas elevadas e baixa umidade, cresce também o interesse por plantas ornamentais mais resistentes à seca e ao calor intenso. Em Belém, esse período transforma não só o visual dos jardins e varandas, mas também movimenta o comércio de mudas, vasos e insumos, com preços que variam de R$ 2,50 a R$ 2.500, dependendo da espécie e do porte das plantas nas floriculturas de bairro.


Além de item de decoração, cultivar plantas tem sido, para muitos, uma forma de terapia e fonte de renda. É o caso da revendedora de plantas Maria de Fátima Frazão, de 56 anos, que encontrou nas plantas ornamentais uma nova trajetória de vida após sofrer um AVC. “As plantas para mim são tudo. É meu ganha-pão, minha terapia, meu psiquiatra, é tudo”, conta.

As espécies mais procuradas no calor amazônico e os cuidados redobrados

Durante o verão, as floriculturas reforçam o estoque com espécies que toleram bem o clima quente. Segundo Jennifher Progenio, vendedora em uma floricultura na avenida Duque de Caxias, algumas plantas ganham destaque nesse período. “O que mais sai são as plantas com flores, como o bougainvillea, que permanece florida quando exposta ao sol direto. Ele é um dos campeões de venda nesse período”, afirma.

Outros campeões de venda incluem o cróton — conhecido pelas folhas coloridas —, palmeiras de pequeno porte, grama para jardim e variedades como os ficus e os "charutos", espécies arbustivas de grande apelo visual.

Os cuidados com as plantas também mudam durante o verão amazônico. A principal orientação dos especialistas é atenção com a rega. “Tem que manter sempre a planta hidratada. Para as de sol pleno, a rega precisa ser mais drástica. Já as de ambientes internos não precisam de tanta água, mas ainda assim requerem cuidados constantes”, explica Jennifher.

Ela alerta para um erro comum: o excesso de água. “Tem gente que rega demais, principalmente o pacová, e ainda coloca pratinho com água embaixo. Isso apodrece a raiz porque o pacová já armazena água por si só”, diz.

A orientação é conhecer o comportamento de cada planta e ajustar o local de cultivo. Em apartamentos, por exemplo, uma sacada com sol da manhã pode acomodar bem espécies como artulhos e crótons. Já plantas mais delicadas, como aglaonemas e folhagens, preferem sombra parcial ou sol filtrado sob árvores — técnica que muitas vendedoras utilizam para proteger as plantas mais sensíveis.

A floricultista Maria José Assunção, de 38 anos, está montando um pequeno viveiro em casa e ressalta a importância da manutenção frequente no verão. “Com o calorzão, algumas plantas que estão muito enraizadas precisam de mais água. Às vezes não é só trocar de vaso, tem que cortar a raiz, renovar a terra, senão a planta para de crescer”, explica.

Quanto custa começar um jardim do zero?

Para quem deseja começar agora a montar seu cantinho verde, o investimento pode ser acessível — ou elevado, dependendo do tipo de planta e da estrutura desejada. Jennifher detalha os principais itens e seus valores médios:

Substrato (terra adubada): a partir de R$ 6,50 (pacote pequeno); o saco maior, com 15 kg, custa em torno de R$ 15.

Argila expandida (para drenagem): cerca de R$ 15 o pacote.

Manta de drenagem: R$ 8,50 o metro quadrado.

Vasos de cerâmica ou plástico: a partir de R$ 10, variando conforme o tamanho.

Mudas de plantas: a partir de R$ 2,50. Há espécies mais robustas e caras — como uma jabuticabeira vendida por até R$ 2.500.

Ou seja, com cerca de R$ 50 a R$ 70 já é possível montar um vaso completo com todos os itens básicos, incluindo uma planta de pequeno porte.

Tendência pós-pandemia: mais plantas em casa

A busca por plantas ornamentais também reflete uma mudança de hábito iniciada durante a pandemia da Covid-19. Muitas pessoas encontraram no cultivo uma forma de lazer, conexão com a natureza e refúgio emocional — prática que permanece viva. “O pessoal procura plantas para decorar, para montar jardim, mas também porque faz bem cuidar. E, nessa época mais quente, dá até mais gosto ver as flores abrindo, o jardim crescendo”, comenta Maria José.

Essa tendência ajuda a movimentar pequenos negócios e iniciativas independentes, especialmente entre mulheres que começaram a empreender no setor após experiências pessoais transformadoras. Para ter sucesso no cultivo durante o verão amazônico, o segredo está em entender o ambiente onde a planta será colocada, planejar bem o local e seguir uma rotina de cuidados adequada ao tipo da espécie. Sol em excesso pode ser fatal para algumas folhagens, enquanto plantas floridas exigem luz intensa para manter a beleza. De acordo com Jennifher, especailista no cultivo de plantas, a combinação ideal de vasos com drenagem, substrato de qualidade, adubação mensal e regas adequadas garante que o jardim atravesse o verão com saúde e beleza — além de oferecer bem-estar a quem cultiva.