Pará se destaca no rastreamento de bois, diz diretor técnico da Faepa
Mercado internacional está buscando cada vez mais exportadores que tenham o controle total do rebanho
Os mercados externos para importação de carne estão cada vez mais exigentes quanto à origem do produto. O exemplo mais recente vem do México, que anunciou recentemente uma nova exigência para a importação de carne bovina do Brasil: rastreabilidade individual de cada animal ou peça de carne exportada. O objetivo é ampliar o controle sanitário e garantir a segurança alimentar dos produtos. Apesar de o Pará não exportar carne para o México, a rastreabilidade tem se tornado uma realidade na pecuária paraense.
Isso porque uma nova medida de rastreamento do rebanho de bois foi implementada em setembro de 2024 no Pará. A iniciativa, que busca uma pecuária mais moderna, transparente e responsável, tem a intenção de promover uma rastreabilidade completa, garantindo que os animais não tenham sido criados ou engordados em áreas com desmatamento ilegal. De acordo com Francisco Victer, presidente da União Nacional da Indústria e Empresas da Carne (Uniec) e coordenador da Aliança Paraense pela Carne, o Pará está caminhando com o governo estadual para implementar esse novo padrão até o fim de 2026.
Embora as indústrias paraenses ainda não exportem carne para o México, o Estado já é apontado como um dos mais avançados do Brasil em rastreabilidade, segundo Guilherme Minssen, diretor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa). Para ele, os pecuaristas paraenses estão atentos à valorização crescente de produtos rastreados e devem responder rapidamente às novas exigências do mercado internacional.
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Atualmente, o Estado possui rastreabilidade sanitária em diversas propriedades, especialmente aquelas que operam sob inspeção federal. Essa modalidade é tradicionalmente exigida para exportações à União Europeia, por meio do SISBOV (Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Bubalinos). Agora, o grande desafio está em consolidar a rastreabilidade socioambiental, que avalia também o respeito às normas ambientais e ao desmatamento zero.
Mercado mexicano
Segundo a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), o México é hoje o terceiro maior comprador de carne bovina brasileira, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Os mexicanos tem importado cerca de 11 mil toneladas de carne bovina, mais do que toda a União Europeia somada, que comprou 7,4 mil toneladas.
Com a recente certificação do Brasil como um país livre da febre aftosa sem vacinação, novas portas comerciais podem se abrir para os empresários do ramo da carne, mas é interessante que eles, e o governo, se adaptem aos critérios internacionais de sustentabilidade e rastreabilidade.
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