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Pará registra alta de mais de 200% na frota de carros elétricos em dois anos, mostra levantamento

O salto reflete tanto o avanço da mobilidade elétrica no país quanto o impacto direto de incentivos locais, como a isenção de IPVA e novas linhas de financiamento, e lojistas locais já observam as mudanças de consumo

Gabi Gutierrez

A frota de veículos elétricos e eletrificados no Pará vive uma expansão. E uma das razões, além da econômica, é o meio ambiente, pois esses modelos resultam em menos emissões de gases do efeito estufa, que esquentam o planeta, do que os movidos a gasolina. Várias discussões na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém, giraram em torno da substituição dos combustíveis fósseis por renováveis. E os carros eletrificados fazem parte desse esforço em vários países. Dados da NeoCharge, empresa brasileira especializada em soluções de infraestrutura para mobilidade elétrica, mostram que o estado passou de 2.082 unidades em 2023 para 6.278 em 2025 — um aumento de 201,5% em apenas dois anos. 

O crescimento foi observado, sobretudo, na capital. Nesse mesmo período, a frota em Belém aumentou 154.5%. O salto reflete tanto o avanço da mobilidade elétrica no país quanto o impacto direto de incentivos locais, como a isenção de IPVA e novas linhas de financiamento, e lojistas locais já observam as mudanças de consumo.

O avanço acompanha a tendência nacional de adoção da mobilidade elétrica e reflete diretamente os incentivos estaduais, como isenção de IPVA, linhas de crédito específicas e maior oferta de modelos. Lojas especializadas da Região Metropolitana já sentem a mudança no comportamento de compra.

Crescimento acelerado em 2025

Entre fevereiro e setembro de 2025, o Pará manteve ritmo forte de expansão: a frota passou de 4.657 para 6.278 carros elétricos, com 1.621 novas unidades somente nos nove primeiros meses do ano.
Desse total, 53,8% das novas aquisições ocorreram em Belém, que somou 873 veículos no período.

Em setembro de 2025, a capital concentrava 3.609 veículos, equivalente a 57,49% de toda a frota elétrica do estado. Na sequência aparecem Ananindeua (522), Parauapebas, Castanhal, Marabá e Santarém, todas com números bem menores, mas em crescimento contínuo.

Híbridos seguem dominando o mercado

No Pará, os carros híbridos representam a maior fatia da frota em 2025 — 51,7% do total.
Em seguida vêm os híbridos plug-in (25,6%), que combinam motor a combustão e elétrico, e os 100% elétricos (22,7%), que avançam à medida que modelos mais acessíveis entram no país.

O comportamento do estado acompanha a curva nacional, que tem acelerado desde 2015.

Pará lidera a frota elétrica na região Norte

O levantamento também revela que o Pará tem a maior frota de carros elétricos da Região Norte, superando todos os estados vizinhos. Veja os números:

  • Pará: 6.278
  • Amazonas: 5.790
  • Rondônia: 2.989
  • Tocantins: 1.984
  • Amapá: 919
  • Acre: 849
  • Roraima: 764

A distância mostra a liderança do estado na adoção da mobilidade elétrica no Norte.

No cenário nacional, estado ocupa a 14ª posição

Apesar do crescimento expressivo regional, o Pará tem 1,15% do total de veículos eletrificados do Brasil, cuja frota chegou a 548.166 unidades em 2025.
O ranking nacional é liderado por São Paulo, que já soma 178.552 veículos.

Estados com maior Frota

  1. São Paulo – 178.552
  2. Distrito Federal – 43.505
  3. Rio de Janeiro – 41.031
  4. Minas Gerais – 40.746
  5. Santa Catarina – 37.274
  6. Paraná – 33.309
  7. Rio Grande do Sul – 30.648
  8. Bahia – 19.785
  9. Goiás – 15.278
  10. Pernambuco – 15.043
  11. Espírito Santo – 14.150
  12. Mato Grosso – 9.228
  13. Alagoas – 6.744
  14. Pará – 6.278

Procuras aumentam e incentivos estimulam compras

Para entender o comportamento do mercado, a reportagem ouviu os consultores Bianca Santos e Orlando Neto, que atuam na venda de veículos eletrificados na Grande Belém. Os dois confirmam o crescimento apontado pela NeoCharge.

“O interesse tem aumentado em ritmo crescente. Boa parte dos consumidores já chega considerando migrar para um modelo elétrico ou híbrido”, diz Bianca. Motoristas de aplicativo estão entre os que mais impulsionam a demanda.

Crédito acessível impulsiona a frota

O acesso ao financiamento tem sido um dos maiores motores dessa expansão. O Banpará oferece uma linha específica para veículos sustentáveis, financiando até 90% do valor em até 84 meses.
A medida complementa a isenção de IPVA para veículos elétricos de até R$ 150 mil, sancionada este ano pelo governo estadual.

O Banco da Amazônia também oferece crédito de longo prazo voltado a empresas e produtores rurais para aquisição de veículos verdes e infraestrutura de carregamento.

“Esses incentivos aumentaram muito a procura. Muitos clientes chegam com dúvidas sobre limites e condições, mas tudo é esclarecido e isso não atrapalha o fechamento”, explica Bianca.

Economia é o principal fator de escolha

Além dos incentivos, o custo por quilômetro rodado é o principal argumento para compra. Orlando exemplifica:

“O nosso modelo mais vendido tem autonomia média de 280 km. Para carregar a bateria, o cliente gasta cerca de R$ 50, dependendo de onde faz a recarga. Isso convence muita gente.”

Entre os pontos mais citados pelos consumidores também estão:

  • conforto superior
  • maior nível de segurança (alguns modelos têm até oito airbags)
  • tecnologia embarcada
  • ausência de ruído
  • redução de emissões

“Muitos clientes falam sobre como os carros elétricos contribuem para uma cidade mais silenciosa e menos poluída”, afirma Bianca.

Preços mais estáveis ajudam a manter o mercado aquecido

Mesmo com oscilações no setor, a loja afirma que os preços dos modelos elétricos mais vendidos têm se mantido estáveis.
“O carro que mais vendemos chegou a custar R$ 122.800 e hoje está R$ 119.990. Esses ajustes ajudam bastante”, diz Orlando.

Sustentabilidade aparece cada vez mais nas negociações

Além do custo-benefício, a pauta ambiental tem ganhado espaço entre os consumidores.
“Eles falam sobre reduzir CO₂, diminuir ruídos e contribuir para uma cidade mais limpa”, relata Bianca.

Orlando lembra que a COP recente reforçou essa discussão: “A agenda ambiental está cada vez mais ligada ao mercado automotivo. Inclusive, tivemos veículos nossos usados durante o evento.”