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Pará lidera ranking de pobreza energética no Brasil, aponta levantamento

Estudo revela que Norte e Nordeste concentram maiores desigualdades no acesso à energia elétrica

O Liberal

Um levantamento da Oxfam Brasil revelou que Pará, Amapá e Maranhão ocupam as primeiras posições no ranking nacional de pobreza energética. A condição, que vai além da simples falta de eletricidade, reflete o acesso precário, inseguro e economicamente inviável à energia para atender necessidades básicas, como conservação de alimentos e conforto térmico. As informações são da CNN Brasil.

Divulgado nesta segunda-feira (13), o estudo “Encruzilhada Climática – Um Retrato das Desigualdades Brasileiras” aponta que as desigualdades socioeconômicas e regionais tornam o Norte e o Nordeste as áreas mais afetadas pela crise energética no país. Segundo o relatório, a pobreza energética é um reflexo direto da injustiça climática, revelando como disparidades estruturais se traduzem na exclusão do acesso à energia.

O fenômeno abrange não apenas a ausência de infraestrutura elétrica, mas também a incapacidade de famílias de baixa renda de arcar com os custos necessários para garantir uma vida digna. A contradição é ainda maior na Região Norte, que abriga grandes hidrelétricas, como Belo Monte e Tucuruí, ambas no Pará. Mesmo com essa abundância de geração, comunidades locais continuam pagando caro pela eletricidade, especialmente em municípios isolados e fora do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Essa realidade resulta em fornecimento instável e alto custo de geração local, que pesa diretamente sobre famílias vulneráveis. O Índice Multidimensional de Pobreza Energética, usado pela Oxfam para medir o grau de vulnerabilidade, confirma a desigualdade: quanto maior o indicador, maior a carência energética — e Pará, Amapá e Maranhão aparecem nas primeiras posições.

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O relatório também destaca que, entre famílias com renda de até um salário mínimo, a maior parte do consumo de energia, cerca de 39%, é destinada à conservação de alimentos, enquanto apenas 10% é usada para climatização de ambientes, item essencial em regiões de calor intenso. Nas faixas de renda mais altas, a situação se inverte: o uso para refrigeração cai e o gasto com climatização sobe para até 30%.

Famílias comprometem orçamento para pagar energia

Além disso, o preço elevado da eletricidade em áreas remotas e a falta de equipamentos eficientes agravam o quadro de exclusão energética. Famílias de baixa renda acabam comprometendo uma fatia maior do orçamento com energia, o que reduz recursos destinados à alimentação e à saúde, ampliando a insegurança alimentar e a pobreza multidimensional.

Na madrugada desta terça-feira (14), um apagão de grandes proporções atingiu os sistemas de energia de todas as regiões do país, após um incêndio em um reator da Subestação de Bateias, no Paraná, um episódio que, segundo especialistas, expõe a fragilidade da infraestrutura elétrica nacional.

Discussão deve se dar durante a COP 30, aponta relatório

A Oxfam ressalta que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro de 2025 em Belém, será um momento crucial para discutir o enfrentamento das desigualdades climáticas e energéticas. O encontro deve reunir países com o objetivo de debater o financiamento de ações voltadas à transição justa, o fortalecimento da adaptação em regiões mais vulneráveis e o papel do Sul Global na construção de uma nova governança climática.

A expectativa é que a COP30 amplie o debate sobre justiça energética e pressione as nações desenvolvidas a assumirem compromissos efetivos de financiamento e cooperação técnica. O relatório da Oxfam reforça que combater a pobreza energética é fundamental para garantir direitos básicos, reduzir desigualdades e promover justiça climática em escala global.

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