Pará e Belém figuram na 20ª colocação em ranking de conexão de internet no Brasil
No segundo trimestre de 2025, Belém piora e perde posições no ranking de velocidade de internet, enquanto Mãe do Rio é o município paraense com melhor desempenho.
O Pará segue figurando entre os estados com as piores conexões de internet no Brasil, de acordo com os dados mais recentes do ranking Minha Conexão. No segundo trimestre de 2025, o Estado ocupa a 20ª posição, ficando atrás de outros cinco estados da região Norte: Acre, Roraima, Rondônia, Tocantins e Amazonas. Belém, a capital paraense, perdeu seis posições desde março e agora ocupa também o 20º lugar entre as capitais brasileiras, com uma velocidade média de 162,25 Mbps.
Para Patrick de Azevedo, diretor de uma empresa de TI, o baixo desempenho do Pará em conectividade é resultado direto da fragilidade estrutural do backbone (espinha dorsal principal da rede) e do backhaul (conexão intermediária entre a rede principal e a rede de acesso), da geografia desafiadora e da falta de investimentos compatíveis com o crescimento da demanda por dados. Ele destacou que a melhoria da conectividade depende da combinação de ações públicas e privadas, como a entrega de infovias ópticas, incentivos à expansão de cobertura, uso estratégico de satélites de baixa órbita e padronização dos processos de licenciamento para obras de telecomunicações.
Belém perde posições no ranking nacional
A capital paraense foi uma das grandes quedas do estudo, passando da 14ª para a 20ª posição no ranking das capitais com a maior velocidade de internet. Belém apresenta média de 162,25 Mbps no segundo trimestre deste ano.
A cidade está atrás de outras capitais do Norte, como Rio Branco, Porto Velho, Boa Vista, Palmas e Manaus, e à frente de Macapá (21º lugar), que tem 155,30 Mbps de velocidade.
Municípios paraenses se destacam em rankings regionais
Embora o estado esteja na lanterna do ranking nacional, alguns municípios paraenses se destacam no cenário regional. Mãe do Rio, por exemplo, ocupa a 14ª posição no Brasil, com uma velocidade de 606,04 Mbps, um desempenho consideravelmente superior ao restante do estado.
Acará (22º lugar), São João de Pirabas (43º) e Pacajá (77º) também figuram entre os municípios com melhores velocidades no estado, mas com números bem abaixo dos padrões de cidades do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
Velocidade de internet no Pará está abaixo da média nacional
Com uma média de 201,88 Mbps, o Pará ocupa a 20ª posição entre os estados brasileiros em termos de velocidade de internet.
O estado fica atrás de outros cinco estados da região Norte, sendo superado por Acre (1º lugar ), Roraima (2º lugar), Rondônia (6º lugar), Tocantins (7º lugar) e Amazonas (10º lugar).
Falta de infraestrutura de transporte de dados é principal gargalo
De acordo com Patrick de Azevedo, diretor executivo de empresa integradora de soluções de TI e Telecom com sede em Belém e atuação nacional, o maior entrave técnico está na infraestrutura de transporte de dados.
“Temos poucas rotas de fibra óptica de longa distância (o backbone), pouca redundância e altos custos de implantação num estado enorme, cheio de rios e floresta. Isso já limita a qualidade”, explica.
Outro ponto crítico está no backhaul — o trecho intermediário entre a rede principal e os provedores locais. “Mesmo que o provedor coloque fibra até a casa do cliente (FTTH), a internet continua ruim se o backhaul for insuficiente. A última milha até o usuário até pode ser boa, mas se o backbone e o backhaul forem fracos, todo o sistema sofre”, afirmou.
Crescimento da demanda e investimento insuficiente explicam queda de Belém
A capital paraense caiu seis posições no ranking de velocidade entre as capitais. Para Azevedo, o motivo é um desequilíbrio entre o crescimento da demanda e os investimentos em infraestrutura.
“A demanda por dados cresce mais rápido do que os investimentos em capacidade de rede. Se muita gente passa a usar vídeo em alta resolução, jogos e home office, a velocidade média cai”, afirma.
Ele também aponta que as grandes operadoras tendem a reforçar apenas os sites existentes, negligenciando a expansão da cobertura.
“É essencial ampliar a malha de sites e não apenas reforçar os atuais. O Ministério das Comunicações e a Anatel precisam estimular essa expansão com metas claras”, disse.
Mãe do Rio se destaca com rede enxuta e bem planejada
Na contramão do desempenho médio do estado, o município de Mãe do Rio figura entre os 15 melhores do Brasil em velocidade de internet. Segundo o especialista, isso se deve a uma combinação de fatores.
“Mãe do Rio fica na rota de um backbone de fibra óptica robusto e tem provedores que investem fortemente em FTTH, com backhaul dedicado e baixa taxa de superlotação. Em cidades menores, se a engenharia é bem dimensionada, os usuários sentem velocidades até superiores às capitais”, explicou.
Geografia desafiadora e alternativas tecnológicas
A geografia do Pará impõe desafios logísticos significativos para a expansão da internet via fibra óptica.
“Rios largos, várzeas e localidades remotas tornam a implantação cara e demorada”, destaca Azevedo.
Ele aponta alternativas como o rádio e os satélites, mas com ressalvas.
“Rádio tem limitações e satélites geoestacionários trazem latência alta. Já os satélites de baixa órbita, como a Starlink, estão mudando esse cenário, com bons resultados em escolas e comunidades isoladas”, analisou.
O que outros estados estão fazendo diferente?
Apesar de pertencerem à mesma região, estados como Amazonas e Amapá apresentam desempenho superior. Para Patrick de Azevedo, isso se deve a uma combinação de ações estruturais.
“Esses estados integraram infovias ópticas com modelos de atacado e adotaram satélites de baixa órbita para complementar a cobertura. Isso aumentou a competição local e a qualidade percebida”, destacou.
Ele defende que o Pará siga essa direção, aproveitando o programa Norte Conectado como base para acelerar os avanços.
Segundo o entrevistado, o 5G já está presente em 32 municípios paraenses, incluindo Belém, Ananindeua, Marabá e Santarém. No entanto, o avanço para o interior é lento.
“O 5G exige energia confiável e fibra óptica chegando às antenas. Sem um backbone robusto, o 5G fica restrito aos grandes centros”, pontua.
Azevedo defende uma combinação de ações públicas e privadas para impulsionar a conectividade.
“É preciso acelerar a entrega de infovias, abrir capacidade no atacado com preços previsíveis e usar o FUST para conectar escolas e postos de saúde com metas de qualidade, não só cobertura.”
Ele também sugere a padronização de licenciamento ambiental e urbanístico para obras de telecom e o compartilhamento de infraestrutura, como postes, dutos e torres.
Competição no mercado e atuação da Anatel
Apesar de o Brasil ter milhares de provedores regionais, a competição nem sempre resulta em qualidade.
“Não é falta de provedor. O problema está na capilaridade do backhaul, na qualidade técnica e na regularização. A Anatel começou a exigir outorga até para pequenos provedores para coibir a concorrência desleal e elevar a régua técnica”, afirmou.
A integração entre governo e setor privado é vista como essencial para levar internet de qualidade à Amazônia profunda.
“O setor público pode entregar infovias e atuar com rede neutra. A iniciativa privada entra na última milha e operação local. Projetos que combinem escola, posto de saúde e Wi-Fi comunitário também são fundamentais”, sugere o diretor.
O impacto da má qualidade da internet no setor educacional é grave, especialmente em regiões remotas.
“Estudantes não conseguem acompanhar aulas online, professores ficam limitados e a exclusão digital aumenta. A conectividade com metas de qualidade é decisiva para reduzir desigualdades”, alerta Azevedo.
Futuro da conectividade no Pará: salto possível com novas tecnologias
Apesar do cenário desafiador, há soluções em curso que podem mudar a realidade.
“Satélites de baixa órbita já estão transformando a conectividade em comunidades ribeirinhas. Redes comunitárias com apoio de ONGs e infovias públicas também são promissoras. E nas cidades, investir em upgrades da fibra PON e no 5G fixo pode elevar a qualidade da internet no estado como um todo”, concluiu.
Operadoras instalam torre de telefonia em ilha de Belém como parte do legado da COP 30
As operadoras Vivo, Claro e TIM, em parceria com a empresa de infraestrutura de telecomunicações IHS, construíram uma torre de telefonia móvel na Ilha do Combu, localizada na região insular de Belém, no Pará.
A iniciativa faz parte dos preparativos para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada no próximo mês. A implantação da conectividade na ilha é um dos legados que o evento deixará para a região, resultado da cooperação entre o setor privado e o poder público.
Localizada a apenas 1,5 km da orla de Belém, a Ilha do Combu é habitada por cerca de 600 famílias ribeirinhas, que vivem da pesca artesanal, do extrativismo vegetal e do turismo. O local vem ganhando destaque como destino turístico e tem atraído cada vez mais visitantes, especialmente após eventos recentes.
Com 60 metros de altura, a nova torre abriga os equipamentos das três operadoras em uma única estrutura, o que ajuda a minimizar o impacto visual. A partir de agora, os moradores e visitantes da ilha terão acesso às redes 4G e 5G em seus dispositivos móveis.
Segundo as empresas responsáveis, a ausência de sinal era um problema antigo, causado pela dificuldade logística de instalar uma torre em um local de difícil acesso, coberto por floresta densa, solo alagadiço e acessível apenas por barco. O governo do Pará teve papel importante no apoio à viabilização do projeto.
Parque do Utinga recebe antenas para ampliar conectividade antes da conferência climática
Desde setembro, o Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna, em Belém, passou a receber a instalação de antenas que irão ampliar os sinais de telefonia celular e internet na área. A medida busca melhorar a conectividade tanto para os frequentadores habituais quanto para o público adicional esperado durante a COP 30.
A ação é resultado de uma articulação conjunta entre o Governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), o Ministério das Comunicações, a Prefeitura de Belém, a Prodepa (Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado), a associação Conexis e as operadoras Claro, TIM e Vivo.
Ranking de velocidade de internet no Brasil - 2º Trimestre de 2025
Municípios do Pará com melhor conexão de internet
- 1º lugar: Mãe do Rio (14º no Brasil) com 606,04 Mbps de velocidade.
- 2º lugar: Acará (22º no Brasil) com 520,10 Mbps.
- 3º lugar: São João de Pirabas (43º no Brasil) com 448,14 Mbps.
- 4º lugar: Pacajá (77º no Brasil) com 380,25 Mbps.
Ranking de velocidade de internet dos estados do Brasil
- Acre: 547,89 Mbps
- Roraima: 426,78 Mbps
- Maranhão: 333,10 Mbps
- Goiás: 327,30 Mbps
- Mato Grosso: 324,65 Mbps
- Rondônia: 318,98 Mbps
- Tocantins: 309,70 Mbps
- Piauí: 307,72 Mbps
- Ceará: 269,70 Mbps
- Amazonas: 261,53 Mbps
Cidades com Internet mais Rápida no Brasil (2025)
- 1º lugar: Lagoa Real - BA (1077,41 Mbps)
- 2º lugar: Anaurilândia - MS (818,25 Mbps)
- 3º lugar: Mâncio Lima - AC (812,17 Mbps)
Capitais com internet mais rápida no Brasil
- 1º lugar: Goiânia (278,85 Mbps)
- 2º lugar: Rio Branco (251,51 Mbps)
- 3º lugar: Porto Velho (249,47 Mbps)
- 4º lugar: Cuiabá (243,18 Mbps)
- 5º lugar: Boa Vista (221,65 Mbps)
- 6º lugar: Belo Horizonte (215,21 Mbps)
- 7º lugar: Teresina (215,07 Mbps)
- 8º lugar: Campo Grande (208,76 Mbps)
- 9º lugar: Porto Alegre (208,32 Mbps)
- 10º lugar: Palmas (202,67 Mbps)
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