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Panetone sobe mais de 20% e vira termômetro para a inflação da ceia em Belém, diz Dieese

Item é o "abre-alas" dos aumentos natalinos, aponta Dieese; consumidores recorrem à pesquisa antecipada para equilibrar o orçamento

Gabriel da Mota

O panetone, item indispensável na mesa dos paraenses, chegou às prateleiras de Belém com preços que servem de alerta para o consumidor. Segundo a primeira pesquisa natalina divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), o produto registra reajustes que superam os 20% em relação ao ano passado. O índice chama atenção por ser mais que o dobro da inflação acumulada nos últimos 12 meses, estimada em 4,6%. Embora as pesquisas sobre os demais itens da ceia natalina ainda estejam em andamento, o cenário atual exige cautela e planejamento.

Para o supervisor técnico do Dieese no Pará, Everson Costa, o comportamento do preço do pão natalino funciona como um "abre-alas" para a temporada. A expectativa é que os demais itens acompanhem essa tendência de alta. "Essa inflação de final de ano já se demonstra com preços, no caso do panetone, de acima de 20%. Os demais produtos da ceia devem acompanhar um percentual muito próximo", avalia o economista. “Ainda esta semana, devemos divulgar os números das frutas natalinas e, na próxima, dos itens da ceia de fim de ano”, acrescenta.

Empresária pesquisa preços para garantir brindes da equipe

A empresária Rayssa Oliveira, 33, sabe que a antecipação é a melhor aliada, especialmente quando a compra envolve volume. Como precisa adquirir itens para a empresa e presentear funcionários, ela inicia a pesquisa de preços logo no início de dezembro. Segundo ela, apesar dos alertas econômicos, a percepção inicial nas gôndolas ainda é de estabilidade, com valores dentro do esperado. "Normalmente, começo a pesquisar já no começo do mês para a gente fazer os kits", diz.

Além de pesquisar preços para os brindes dos funcionários da sua empresa, ela aproveitou a ida ao supermercado neste início de dezembro para garantir um agrado imediato para o filho.

"A gente deixa para comer panetone só nessa época do ano, apesar de estar disponível o ano inteiro. Mas eu acho que essa é a tradição, esperar dezembro. Por isso, tô levando para ele comer já nesses próximos dias", completa Raíssa.

Consumidor fraciona compras para testar valores

Já o professor Américo Sobral, 46, prefere uma abordagem mais cautelosa. Ele aproveita as idas ao supermercado na primeira quinzena para monitorar as oscilações e fazer pequenas compras de teste, deixando o abastecimento pesado da ceia para os dias mais próximos da festa. Preocupado com a saúde, ele também seleciona os produtos com cuidado, priorizando as versões com frutas.

"Geralmente, eu faço as compras de Natal depois do dia 15. As que eu faço agora são para a primeira quinzena. Vejo os preços nesse período e levo um panetone para lanchar, e nas vésperas do Natal compro outro. De uma maneira geral, os preços estão bons", avalia.

Reencontro familiar motiva investimento na ceia

Para a vendedora Dilene Monteiro, 54, a pesquisa de preços é a estratégia para fazer o orçamento de R$ 700 render uma mesa farta. Ela percorre diferentes redes de supermercados da capital comparando ofertas e já considera substituições no cardápio principal caso o preço das aves natalinas dispare nas próximas semanas.

"Vejo o preço do peru e do frango, porque quando um está caro, a gente opta pelo outro. Principalmente o peru, que aumenta bastante de preço já próximo do Natal. E ainda tenho que preparar outras coisas, como pudim, bolos e outras coisas mais bonitas para a mesa", explica.

image Dilene Monteiro, vendedora (Ivan Duarte / O Liberal)

Todo o esforço financeiro e logístico de Dilene tem uma motivação especial: o retorno do filho que mora no sul do país. "Vai ser um Natal muito especial. Já estou emocionada. Meu filho está fora há quase seis anos, tirou férias antecipadas e vai passar o Natal conosco. Dia 17 ele chega, então tem que ser uma mesa especial para ele e para nós também", finaliza.

[INFO] Preços médios observados em Belém — 1ª semana de dezembro

Panetone/Chocotone (400g/450g): de R$ 14 a R$ 34

Panetone/Chocotone (750g): de R$ 37 a R$ 54

Peru (unidade): de R$ 110 a R$ 170

Peru (quilo): de R$ 32 a R$ 36

Fonte: pesquisa feita pela reportagem