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Novas tecnologias em reuniões virtuais são essenciais para organização e comunicação no mercado

Inovações em recursos com inteligência artificial generativa e simulação sensorial consolidaram plataformas de videoconferência

Esther Pinheiro | Especial para O Liberal

Em maio, o Google anunciou a tecnologia Google Beam, plataforma de comunicação em vídeo 3D que promete revolucionar reuniões virtuais. Com o recurso, através da utilização de inteligência artificial (IA), um modelo de vídeo volumétrico é usado para transformar imagens em experiências tridimensionais, transmitindo a sensação de que tenham profundidade e realismo. A inovação marca mais um avanço nas videoconferências, que desde a pandemia, têm ganhado evoluções constantes e se estabelecido como uma tecnologia essencial de comunicação, especialmente em empresas. 


Igor Gammarano, professor da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e pesquisador nas áreas de marketing digital e tecnologias, explica que, desde o período pandêmico, as plataformas evoluíram de maneira exponencial, mas voltadas para melhorias na estabilidade do sistema, compartilhamento de tela e integração com sistemas de produtividade e segurança de dados — avanços tímidos em relação ao potencial total, em sua avaliação. 

A evolução mais notável teve início com o avanço da IA generativa, com ferramentas como copilotos de reuniões, que resumem, transcrevem, interpretam sentimentos e sugerem decisões. Essas funções, segundo o pesquisador, começaram a transformar o tempo de reunião em ativo estratégico.

O professor explica que a ampliação de recursos de acessibilidade virtual também são um dos principais pontos das novas tecnologias de reuniões virtuais. “Outro ponto pouco discutido, mas fundamental, é o avanço na personalização da experiência cognitiva. Reuniões adaptadas a perfis neurodiversos, por exemplo, com controle de estímulos visuais e sonoros, ou com assistentes que ajustam a linguagem, são um campo emergente. Ainda estamos nas primeiras camadas de um novo modelo de governança comunicacional, em que a reunião tradicional não será suficiente. Será preciso reunir-se com propósito, eficiência e inclusão inteligente”, explicou Gammarano.

Próximos passos

O pesquisador avalia que, para o setor, o futuro de reuniões a distância é focado na redução de fricção tecnológica, quando há pontos de atrito ou interrupções na experiência do usuário ao interagir com uma tecnologia ou sistema digital e que podem levar ao abandono. O objetivo, nesse cenário, é criar uma presença computacional aumentada, alterando a percepção do que é “estar junto”.

“Estamos diante de uma transição de paradigma, na qual a mediação tecnológica deixa de ser um ‘meio’ para se tornar uma ‘experiência’. Reuniões virtuais não serão mais ‘versões digitais’ do presencial, mas encontros com propriedades próprias: sensoriais, interativas e hiperinteligentes”, explica Igor. 

Nos próximos anos, as mudanças mais expressivas devem ocorrer nas frentes de simulação sensorial, inteligência contextual e integração espacial. “A comunicação por vídeo 3D, como o Google Beam, é somente o início de um movimento mais ambicioso de holografia interativa, onde o corpo digitalizado ganha expressividade realista, e a IA atua em tempo real para interpretar emoções, adaptar conteúdos e otimizar a comunicação conforme perfis cognitivos de cada participante”, pontuou. 

Em paralelo, recursos de sistemas de inteligência artificial multimodal poderão prever comportamentos, antecipar demandas e criar reuniões inteligentes, que sugerem pautas, mediam conflitos e resumem decisões. Outro recurso que tem a possibilidade de crescimento é a utilização de avatares inteligentes, meta humanos corporativos e ambientes virtuais personalizados, criando fusões entre metaverso, realidade aumentada e ambientes corporativos. 

Rotina nas empresas

Videoconferências se tornaram parte fundamental do ambiente corporativo por solucionar problemas de logística espacial, conflitos de agenda e facilitar a comunicação interna e externa. Ivan Santos, diretor técnico de um grupo que atua há trinta e seis anos no ramo de soluções tecnológicas para outras empresas, explica que a utilização de reuniões virtuais era algo comum antes da pandemia pela atuação em todo território nacional, mas que aumentou de forma significativa após a pandemia. 

“Facilitou muito a nossa interação com nossos funcionários e com nossos clientes. Às vezes, o cliente está distante ou às vezes está impossibilitado de sair com a gente imediatamente. O Pará é um estado muito extenso, então, muitas vezes, a reunião presencial acaba sendo impeditiva”, explicou o diretor. Ivan também pontua que, além da praticidade oferecida no ambiente virtual, as ferramentas de gestão de reuniões também se tornaram obrigatórias nas reuniões presenciais do grupo. 

Outro fator determinante para a utilização frequente dos encontros virtuais foi a facilitação na organização das agendas. Pedro Henrique Santos, diretor de negócios do mesmo grupo, pontuou que as ferramentas de gestão e consulta de horários disponíveis otimizam tempo, seja a reunião com uma única pessoa ou em grupo. “Antigamente, para agendar reuniões, você tomava tempo. Hoje, não. Hoje eu mando e-mail para você e, automaticamente, eu já sei que você está ocupado naquele horário. Também já me diz uma sugestão de horário para você ficar disponível para me atender”, finalizou.

Ivan também pontua que, com os novos avanços de tecnologia nas plataformas de reunião, a gestão empresarial avança junto às possibilidades de comunicação. Ferramentas de inteligência artificial auxiliam nos relatórios de reunião, assertividade dos temas abordados e assertividade comercial. “Como gestor, também é muito interessante porque eu consigo, dentro dessas reuniões, estar mais próximo de umas funções que são mais distantes, ter uma interação muito maior e eu consigo designar demandas a partir da reunião. Então, eu consigo ter controle do que está sendo executado, do que está sendo feito, e a gente consegue ter uma capacidade de gestão muito maior”, finalizou.

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