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Moda praia com identidade paraense desafia a sazonalidade e aquece vendas fora de época

Mesmo após o fim das férias de julho, moda praia segue em alta em Belém, impulsionada por estampas regionais, orgulho cultural e expectativa com COP 30

Jéssica Nascimento

Mesmo dois meses após o fim das tradicionais férias de julho, quando o chamado "verão amazônico" costuma movimentar o comércio, biquínis, maiôs e saídas de praia continuam saindo das prateleiras. Para algumas marcas, o segredo está na conexão com as raízes culturais do Pará e na capacidade de se reinventar. Outras, no entanto, enfrentam dificuldades para manter o ritmo de vendas fora da alta temporada.

Estampas com sotaque paraense: moda com identidade

A empresária Grace Lopes, que atua há mais de 11 anos no segmento, apostou em estampas autorais com forte identidade cultural para superar a sazonalidade.

“Comecei a fazer o regional há cinco anos, com referências da nossa música, do brega, das gírias, da bandeira do Pará. Isso impulsionou minhas vendas. É o que me tirou da sazonalidade”, conta.

Peças com expressões como “égua!” e trechos de músicas locais passaram a representar não apenas estilo, mas também orgulho de ser paraense. “Quem mais consome meu produto são os paraenses, inclusive os que moram fora do estado e até fora do país”, explica a empresária.

Além da criatividade, a sustentabilidade também é pilar da marca de Grace. Tecidos biodegradáveis, aproveitamento de resíduos para brindes e embalagens reaproveitáveis fazem parte da produção.

“Transmitimos essa ideia para o cliente e ele super compra. Sem repassar esse custo para o valor final da peça”, afirma.

Nem todos surfam a mesma onda

Se por um lado a moda praia com identidade regional impulsiona vendas o ano todo, nem todos os lojistas conseguem acompanhar essa maré

Para Rafaela Rodrigues, que também trabalha com moda praia, o cenário é mais desafiador:

“Não houve aumento de vendas depois das férias de julho. Muito pelo contrário: as vendas despencaram. A COP 30 não teve impacto. O mercado está muito ruim. Parece que os clientes sumiram.”

Mesmo investindo em estampas regionais, Rafaela não observou a adesão esperada. Ela também relata que outros lojistas compartilham da mesma percepção.

O olhar do consumidor: orgulho e versatilidade

Para a consumidora Jessica Lavor, servidora pública, a compra de peças de moda praia fora da alta temporada é comum.

“Durante o ano, há vários feriados e momentos em que podemos usar essas peças. Marcas com peças versáteis saem na frente”, comenta.

As estampas com apelo regional também têm peso em suas escolhas. “As estampas regionais são um diferencial. Nos sentimos mais representados. O paraense gosta de estampar sua identidade”, avalia.

Sobre a influência da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) — que será sediada em Belém em 2025 —, Jessica é cautelosa:

“No meu caso, não comprei mais moda praia por causa da COP. Mas percebo sim um aumento no consumo de peças com identidade regional. O Pará está em evidência e isso fortalece nosso orgulho.”

Expectativa de permanência e valorização cultural

Com a proximidade da COP 30 e o crescente destaque da cultura amazônica no cenário nacional e internacional, marcas como a de Grace Lopes enxergam um futuro promissor. 

“Essa valorização do que é nosso vai permanecer. A tendência é de que a moda praia continue sendo consumida durante todo o ano. E é isso que me permite vender durante os 12 meses”, projeta a empresária.