Mesmo com queda de R$ 17,34 no preço da cesta básica, PF segue estável nas ruas de Belém; entenda
Em junho, a cesta básica de alimentos teve a primeira queda do ano na capital paraense, segundo o Dieese do Pará
Em junho, a cesta básica de alimentos em Belém teve a primeira queda do ano, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Pará. A pesquisa divulgada no dia 8 de julho aponta que o valor médio da cesta na capital paraense caiu de R$ 726,38, em maio, para R$ 709,04 em junho — uma redução de 2,39%. Itens como arroz, tomate e carne apresentaram retração nos preços, mas nas ruas da capital paraense, o impacto ainda não chegou ao bolso de quem vende e de quem consome o tradicional prato feito (PF).
O arroz, por exemplo, teve uma queda expressiva de 9,55%. Já a carne bovina diminuiu 2,83%. Ainda assim, para comerciantes e consumidores em pontos tradicionais de venda de PFs, como a Feira da 25, no bairro do Marco, a percepção geral é de que a suposta trégua nos custos dos alimentos não foi suficiente para gerar alívio nos preços das marmitas. “Continua tudo caro, a gente tem que vender caro”, afirma Édson Césaro, ajudante em um box de PF.
De acordo com ele, o valor dos pratos varia entre R$ 18 e R$ 22, dependendo do tipo de proteína. “O feijão, o arroz, o macarrão, tudo tá caro. A gente compra no supermercado e o preço não baixou, não”, completa. Trabalhando há mais de sete anos no ponto, Édson conta que o último reajuste aconteceu há quatro meses, e que os insumos continuam pesando no orçamento da cozinha.
A percepção é compartilhada por Laura Barros, que há três décadas trabalha no Box das 4 Irmãs. “Para mim tá tudo na mesma. Arroz, feijão... tem uns que baixam, outros que aumentam. O que eu uso continua na média. O que pesa mesmo é a carne, o frango e o peixe”, conta. Ela explica que o preço do PF também varia conforme a proteína e que o prato mais caro, com peixe, custa atualmente R$ 20 O último aumento foi recente: “Já tem mais de um mês. Reajustei porque o peixe subiu. Era R$ 18 e foi pra R$ 20”. Sobre a clientela, ela observa uma leve queda no movimento: “Julho é mais fraco mesmo, por causa das férias”, observa.
Se do lado de quem vende não houve mudança, quem consome também não percebeu diferença. Para o vigilante Renato Santos, de 48 anos, o valor do PF continua estável — e alto. “Paa mim, tá constante. Não notei diferença. Acho que está um preço normal. Mas a qualidade é o que mais pesa. Se não for boa, eu não volto”, diz ele, que pagou R$ 22 no cozido de charque, seu prato favorito.
Já o aposentado Edmilson Gonçalves, de 59 anos, que estava de passagem por Belém, disse que costuma comer PF sempre que está na rua e que também não percebeu nenhuma redução. “Não notei queda. Tá tudo do mesmo jeito. Quando eu como, olho primeiro o sabor e depois o preço. Mas R$ 20 é um valor justo, na minha opinião”, afirma.
Custos ainda pressionam orçamento familiar dos belenenses
Mesmo com a retração, os alimentos ainda consomem mais da metade do salário mínimo, atualmente fixado em R$ 1.518,00. Segundo o Dieese, cerca de 50,5% do salário mínimo foi necessário para adquirir os 12 itens básicos da cesta, o que exigiu do trabalhador mais de 102 horas de trabalho no mês de junho — quase metade da jornada mensal prevista em lei.
Além disso, o levantamento aponta que a cesta básica acumula alta de 6,49% no primeiro semestre de 2025 — mais que o dobro da inflação oficial estimada para o mesmo período, de 2,80%. Produtos como o café, o tomate e o pão apresentaram os maiores aumentos desde janeiro. Em 12 meses, o café acumula 83,24% de alta, seguido do óleo de soja (20,43%) e da carne bovina (12,03%).
Apesar da retração recente, Belém registrou a sexta maior alta acumulada entre as 17 capitais pesquisadas no primeiro semestre e ocupa o 12º lugar no ranking de cidades com a cesta mais cara.
Palavras-chave