Média de salário no Pará é menor que a metade do Distrito Federal; veja os números
Apesar do recorde histórico do rendimento médio brasileiro, diferenças estaduais e sociais persistem, com a capital federal pagando mais que o dobro que o Pará
O rendimento médio dos paraenses se posiciona na 23ª colocação entre os estados brasileiros, conforme dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de o Brasil registrar o maior rendimento médio da história, com R$ 3.208, a disparidade entre as unidades federativas ainda é acentuada.
Alguns estados chegam a apresentar ganhos mais que o dobro de outros, refletindo uma realidade heterogênea no país.
Em 2024, o rendimento médio nacional alcançou R$ 3.208, o valor mais elevado desde 2012. Essa marca histórica demonstra uma recuperação econômica recente.
VEJA MAIS
Pará e a média de rendimento por estado
O Pará ocupa a 23ª colocação no ranking de rendimento médio, com R$ 2.256. Em contraste, o Distrito Federal (DF) está no 1º lugar, registrando R$ 5.037, indicando os maiores rendimentos.
São Paulo se posiciona na 2ª colocação, com R$ 3.884. O Maranhão, por sua vez, aparece no 27º lugar entre os estados com o menor rendimento, atingindo R$ 2.051.
Essa diferença significa que um trabalhador no DF pode receber mais que o dobro de um trabalhador no Pará.
Tal realidade é frequentemente ligada aos tipos de empregos predominantes, como o funcionalismo público no DF e setores de alta remuneração em São Paulo, como finanças e gestão.
Distância para médias regionais:
- Em relação à média do Sudeste, o Pará tem renda cerca de 40% menor.
- Em relação ao Centro-Oeste, está cerca de 45% abaixo.
- Em relação ao Sul, a diferença chega a aproximadamente 60%.
- Mesmo dentro do Norte, o Pará aparece abaixo de Amapá, Rondônia, Tocantins e Amazonas.
O que compõe o rendimento mensal
Os valores de rendimento no mês de um indivíduo abrangem aposentadorias, pensões, aluguéis, benefícios sociais, aplicações financeiras e doações. A soma desses elementos gera o indicador divulgado pelo IBGE.
Apesar dos resultados gerais, a análise dos dados revela que eles não refletem a complexa realidade brasileira, e a desigualdade se torna mais evidente ao detalhar os indicadores.
Histórico do rendimento médio nacional
O cálculo desses valores é realizado por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua). O levantamento analisa informações sobre rendimentos de trabalho e outras fontes.
- Há 12 anos, em 2012, o rendimento médio era de R$ 2.935. A acumulação no período foi de 9,3%, mesmo com altos e baixos da pandemia.
- Entre 2012 e 2014, o valor atingiu R$ 3.123. Em 2017, com a recessão, a média reduziu para R$ 2.997.
- Em 2020, houve uma alta para R$ 3.152, mas uma nova queda para R$ 2.888 em 2022, em meio à pandemia.
- A recuperação ocorreu em 2023 (R$ 3.094), impulsionando o recorde atual devido ao recomeço econômico e reajustes salariais.
Veja o rendimento médio de cada unidade federativa
- Distrito Federal - R$ 5.037
- São Paulo - R$ 3.884
- Rio de Janeiro - R$ 3.739
- Paraná - R$ 3.701
- Santa Catarina - R$ 3.690
- Rio Grande do Sul - R$ 3.614
- Mato Grosso - R$ 3.506
- Mato Grosso do Sul - R$ 3.383
- Espírito Santo - R$ 3.195
- Goiás - R$ 3.171
- Rondônia - R$ 3.003
- Minas Gerais - R$ 2.892
- Amapá - R$ 2.870
- Roraima - R$ 2.844
- Tocantins - R$ 2.788
- Rio Grande do Norte - R$ 2.623
- Acre - R$ 2.538
- Pernambuco - R$ 2.407
- Alagoas - R$ 2.392
- Sergipe - R$ 2.376
- Paraíba - R$ 2.303
- Amazonas - R$ 2.297
- Pará - R$ 2.256
- Piauí - R$ 2.200
- Bahia - R$ 2.140
- Ceará - R$ 2.053
- Maranhão - R$ 2.051
Disparidades de gênero e raça em 2024
A geografia não é o único fator de desigualdade no país, que também se manifesta em relação a gênero e raça.
- Homens ganham, em média, 27,2% mais que mulheres.
- Pessoas brancas recebem, em média, 65,9% mais que pessoas pretas ou pardas por rendimento por hora.
- No nível superior completo, a diferença entre brancos e pretos ou pardos chega a 44,6%.
A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do IBGE aponta que, mesmo em 2024, com 101,3 milhões de pessoas, há uma distinção significativa entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
- Este percentual de disparidade tem se mantido estável desde 2012. Mesmo com maior escolaridade feminina, a situação não muda: cerca de 49,1% das mulheres estavam empregadas, enquanto 68,8% dos homens se encontravam nessa condição.
- Mulheres tendem a ter rendimentos menores. Em 2024, elas receberam, em média, 78,6% do rendimento dos homens. Esse percentual pode cair ainda mais em setores de serviços e comércio, chegando a 63,8% do salário masculino.
Rendimento médio por grupos ocupacionais
A análise dos grupos ocupacionais revela fortes desigualdades no mercado de trabalho brasileiro.
- No topo da hierarquia, diretores e gerentes apresentam rendimento médio de R$ 8.721 mensais. Essas funções estratégicas e de liderança são comuns em grandes empresas e no setor público.
- Membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares têm média de R$ 6.749.
- Profissionais das ciências e intelectuais recebem cerca de R$ 6.558. Esses trabalhos exigem alta qualificação ou proporcionam estabilidade, contribuindo para salários mais elevados.
- Técnicos e profissionais de nível médio registram rendimento de R$ 4.148, aproximadamente 29% acima da média nacional. Representam grupos de ocupações intermediárias, essenciais em áreas como saúde, educação e tecnologia.
- Na base, cargos de menor qualificação têm rendimento médio de R$ 1.454, menos da metade da média nacional.
- Ainda nos extremos, trabalhadores dos serviços e vendedores do comércio (R$ 2.393), operadores de instalações e máquinas (R$ 2.657), e trabalhadores qualificados da agropecuária (R$ 2.250) encontram-se abaixo da média nacional.
(Jennifer Feitosa, Jovem Aprendiz, sob supervisão de Vanessa Pinheiro, editora web de oliberal.com)