MENU

BUSCA

Manifestações do Dia do Trabalhador serão realizadas em 'lives' na internet

No Pará, 12 centrais sindicais realizam ato virtual conjunto, com início às 9h, que será transmitido pelo Facebook

Abílio Dantas

Em razão da pandemia de coronavírus e da necessidade de isolamento social, os protestos do Dia do Trabalhador neste ano não serão realizados nas ruas do Brasil, como são feitos tradicionalmente. Assim como os shows de música em todo o mundo, as manifestações ocorrerão na internet, com “lives” chamadas pelas centrais sindicais e panelaços nas janelas contra o governo de Jair Bolsonaro.

No Pará, 12 centrais sindicais realizarão um ato virtual conjunto, com início às 9h, que será transmitido pelo Facebook. O tema escolhido foi “A vida acima do lucro: Saúde, Emprego e Renda”, e tem como objetivo defender políticas de assistência aos trabalhadores enquanto o Brasil enfrenta a covid-19. Os representantes das organizações se sucederão em discursos sobre as conjunturas nacional e estadual. O evento, segundo os organizadores, servirá também para unificar o debate sobre os direitos dos trabalhadores em tempo de pandemia.

Abel Ribeiro, da Executiva Estadual da Central Sindical Popular (CSP)- Conlutas, afirma que a maneira mais apropriada de demarcar o Dia do Trabalhador é defender políticas em defesa da vida dos trabalhadores.

“Estamos vivendo o colapso do sistema de saúde, tanto público quanto privado, no Pará e, especialmente, em Belém. E, para completar a situação grave, ainda existe um conflito político entre a Prefeitura de Belém e o governo do Estado. O que nós precisamos é de mais investimento público para garantir a saúde dos mais pobres, que são os que mais estão morrendo”, enfatiza.

Ainda de acordo com o dirigente sindical, as 12 centrais que participarão da manifestação online tem acordo de que o presidente Jair Bolsonaro deve ser alvo de um processo de impeachment.

“Nacionalmente, as centrais sindicais não conseguiram uma unidade, já que algumas fizeram questão da participação de políticos que não aprovamos, como Rodrigo Maia e Fernando Henrique Cardoso. Aqui no Pará, no entanto, conseguimos ter acordo. É um ato simbólico, pois sabemos que não tem o mesmo poder de mobilização que as manifestações de rua, mas acreditamos que é muito importante demarcarmos nossa posição nesse momento tão grave, em que o Brasil chega ao pico das mortes por coronavírus”, observa.

O Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior no Pará (Sindtifes-PA) é um dos movimentos sociais que participará do ato inédito. Marcos Soares, da coordenação geral do sindicato, afirma que a prioridade para o Sindtifes é denunciar o desmonte do serviço público e defender o investimento em universidades públicas.

“É evidente a importância das universidades, das pesquisas científicas e dos hospitais universitários para conter essa doença que está ceifando a vida de centenas de milhares de pessoas pelo mundo. Precisamos lutar pela imediata revogação da Emenda Constitucional 95, que retira dinheiro da educação e da saúde”, defende o representante dos técnicos-administrativos das universidades federais do Pará.

DIEESE

Para o Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), os trabalhadores paraenses não têm o que comemorar, a exemplo do que ocorre em todo o país.

“O vírus chegou ao Brasil em um momento de estagnação econômica, desmonte dos serviços públicos, aumento da pobreza e no qual o mercado de trabalho está fortemente desajustado, com alto desemprego e com grande parcela dos ocupados em empregos informais, portanto, fora de qualquer proteção social, em razão das políticas econômicas adotadas, que subtraem recursos da área social”, analisa o órgão.

O economista e supervisor técnico do Dieese, Roberto Sena, critica ainda o modelo econômico adotado pelo Brasil. “A crise de uma pandemia expõe a fragilidade das medidas neoliberais adotadas pelo Brasil, com privatização dos serviços públicos, desregulamentação do trabalho e exclusão do Estado como garantidor dos direitos sociais. Portanto, em função de todas as situações já listadas, temos pouco a comemorar neste 1º de maio”, conclui.

ATOS NACIONAIS NA INTERNET

Em âmbito nacional, a CSP Conlutas e a Central Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora (Intersindical) também farão um ato político e cultural virtual, a partir das 11h, que será transmitido nas redes sociais (Facebook, Instagram e You Tube) das duas centrais. “Às 20h30, vamos fazer um panelaço em defesa da vida e exigir Fora Bolsonaro!”, diz a CSP Conlutas em seu site oficial.

“O governo Bolsonaro e Mourão é incapaz de garantir a defesa da vida dos trabalhadores e o sustento necessário para a população permanecer em casa. É um genocida! Não leva a sério a gravidade dessa pandemia e apenas responde ao desejo dos empresários de manter a produção e o comércio funcionando”, declara ainda o texto da CSP.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e demais centrais sindicais também organizarão um ato na internet. A live está marcada para começar pelo Facebook às 11h30 e terá participação de artistas, como Chico César, Zélia Duncan, Otto, Preta Ferreira, Dexter, Delacruz, Odair José, Leci Brandão, Aíla, Preta Rara, Mistura Popular, Taciana Barros, Francis Hime e Olivia Hime.