Lib Talks Amazônia: Dona Nena cita memória afetiva e visibilidade da Amazônia na COP 30
Produtora da Ilha do Combu participou do Lib Talks Amazônia nesta sexta-feira (21) e revelou ter recebido ministra da ONU em seu empreendimento
A conexão entre a memória afetiva, o empreendedorismo e a visibilidade global da região foi o fio condutor da fala de Izete Costa, a Dona Nena, nesta sexta-feira (21). Durante o Lib Talks Amazônia, evento promovido pelo Grupo Liberal e patrocinado pelo Sicredi no Espaço Romulo Maiorana, em Belém, a fundadora da marca "Filha do Combu" destacou como a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) tem ampliado a voz de quem vive na floresta.
O painel "Mulheres que empreendem: ancestralidade, criatividade e a força da floresta" foi mediado pela jornalista Mary Tupiassu e contou também com a presença de Daniela Cunha, da Qury Natural Beauty, e Karoline Alves, assessora de Negócios PJ do Sicredi. Além de detalhar o sucesso de seu chocolate artesanal, Dona Nena revelou ter recebido, no mesmo dia, uma comitiva internacional.
Olhar para a floresta
Para a produtora, eventos climáticos globais trazem uma oportunidade única de mostrar a realidade local. Segundo ela, antes da confirmação da conferência em Belém, havia um descompasso entre o discurso externo e o conhecimento real sobre a região.
"As pessoas falavam muito da Amazônia, mas não conheciam a Amazônia, a nossa cultura, os nossos saberes. Para mim, foi muito importante porque, além da visibilidade que estamos tendo lá fora, tive a honra de receber, inclusive hoje, no meu empreendimento, uma representante da ONU. Fizemos uma rodada de conversa com várias lideranças mulheres", contou Dona Nena.
A empreendedora reforçou a necessidade de garantir a permanência das comunidades em seus territórios. "Mostramos nossas ansiedades de melhora. Queremos políticas públicas voltadas para o homem da floresta, para que a gente continue lá com dignidade, com nossos direitos respeitados, preservando toda essa biodiversidade. Ela é vida para o mundo inteiro", completou.
Resgate de tradições
Sobre o início de seu negócio, Dona Nena relembrou a transição da venda de cacau como matéria-prima para a produção de chocolate fino. A percepção de que faltavam produtos com identidade local nos supermercados foi o ponto de partida.
"Eu percebi que tinha muita coisa diferente que a gente não via em feira. Então, lembrei do nosso cacau embrulhado na folha, uma relíquia da família. A gente vendia o cacau para atravessadores, mas tínhamos o hábito de fazer o nosso próprio chocolate. Se chegasse alguém de fora, orgulhosamente nós oferecíamos aquele chocolate", disse.
Ao levar o produto para a feira, a "Filha do Combu" encontrou um público que buscava reconexão. "A reação das pessoas foi de memória afetiva. Elas diziam: 'Olha, a minha mãe fazia, a minha avó fazia'. Eram pessoas que, como nós, saíram do campo para buscar trabalho na cidade. Elas, no boca a boca, foram divulgando e, a cada dia, queriam mais chocolate", concluiu.
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