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Lavanderias self-service se multiplicam em Belém

Franquias avançam, mas negócios independentes ganham força e fidelizam

Gabi Gutierrez

Belém vive um boom de lavanderias self-service, que passaram a ocupar rapidamente ruas e esquinas de diferentes bairros. O modelo, baseado em operação automática, baixo custo operacional e promessa de praticidade ao consumidor, atrai tanto moradores em busca de economia de tempo e recursos quanto pequenos investidores interessados em retorno rápido. Mas o ritmo acelerado de expansão — muitas vezes com unidades surgindo lado a lado — levanta dúvidas sobre a real demanda do mercado e sobre os limites de saturação em áreas residenciais da cidade.


Sem apoio de rede e fazendo tudo sozinha — da escolha de máquinas aos fornecedores — Mari inaugurou há dois anos a primeira lavanderia do bairro. Começou com duas máquinas; hoje tem quatro e conta que já planeja abrir outra unidade.

Fidelizando clientes

Na capital paraense, quem tem dominado parte importante do mercado em Belém são as lavanderias independentes, que conquistam clientes pela proximidade e pela sensibilidade ao perfil local. Foi o que viveu Mari Aires, dona de uma lavanderia independente na Terra Firme.

Mari estudou bem seu público e explica que, por ser majoritariamente classe C e D, é o atendimento e qualidade dos produtos que fazem toda a diferença: “O cliente aqui é exigente. Reclamam se eu mudo o amaciante ou o sabão. Então sempre uso o melhor. Acho que é por isso que eles voltam”.

Com operação enxuta e custo de instalação menor que o de uma franquia, Mari afirma que recuperou o investimento em seis meses, graças a um financiamento com juros baixos obtido pelo marido, servidor público.

Hoje, ela concorre com cinco lavanderias na mesma área, mas garante que o negócio continua saudável.“Tem público para todos. Quem mantém qualidade, cresce”, afirma a empresária da Terra Firme.

Consumidor muda hábitos — mas preço ainda pesa

A decisão de usar uma lavanderia self-service, segundo empreendedores, está ligada a três fatores:

  • economia de tempo,
  • redução dos gastos com água, luz e produtos,
  • rotinas cada vez mais apertadas.

É o que relata Telma Lisboa, dona de uma lavanderia em Canudos, aberta há seis meses: “Isso é libertador para o cliente. Ele sai com a roupa lavada, cheirosa, sequinha e economiza muito. As pessoas trabalham muito e não têm tempo.”

Segundo ela, o público é diverso: moradores do bairro, estudantes, trabalhadores que passam pouco tempo em casa e famílias que buscam praticidade na rotina semanal de lavagem.

Franquia ou negócio independente? O que compensa mais

Apesar da forte presença de redes nacionais, as duas empreendedoras entrevistadas rejeitaram o modelo de franquia. Telma explica que chegou a estudar marcas do setor, mas as exigências e custos a afastaram: “As franquias têm royalties, regras e o suporte nem sempre é bom. Eu sou detalhista e queria liberdade de criar a minha marca. Então preferi um modelo sem franquia”.

Para a empresária do bairro de Canudos, o maior desafio é dominar a operação, que exige conhecimento técnico e atenção constante.“Parece fácil, mas não é. A área de serviços é desafiadora. Máquinas falham, produtos variam, e você tem que estar disponível”, disse a empresária.

Mari revelou que tentou cinco franquias, mas todas recusaram instalar uma unidade no bairro. “A franquia não estava acessível para esse bairro. Disseram que não se encaixava no padrão que buscavam. Então resolvi fazer por conta própria. No final, descobri que franquia não dá muito lucro para cá.”, relata.

Mesmo assim, segundo ela, o retorno compensa — não apenas financeiramente, mas também pelo reconhecimento dos clientes e pela boa avaliação do serviço na região.

Saturação à vista? O que fazer pra se diferenciar?

Com o avanço simultâneo de franquias e independentes, na mesma região, na capital, já é possível registrar cinco ou mais unidades ativas, como é o caso da Terra Firme.

Isso levanta preocupação sobre a sustentabilidade do mercado para essas empresárias, mas elas falam o que é possível fazer para se destacar.

Telma observa que os consumidores seguem priorizando fatores como: qualidade dos produtos usados, rapidez, preço competitivo e a localização. "Eu observo muito o que agrada ou não meus clientes e percebo que estar atenta aos detalhes, faz toda a diferença na hora de ser escolhida", disse Telma.

São esses elementos que, segundo as empreendedoras locais, diferenciam pequenos negócios de grandes redes.