Índice do aluguel dispara, mas crise afeta negócios em Belém
Se proprietário repassar integralmente o IGP-M, um aluguel de R$ 2.000 passará para R$ 2.622 em maio
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), subiu 2,94% no mês de março, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (31) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também conhecido como “inflação do aluguel”, o indicador usado no reajuste de contratos acumula alta de 31,10%. Esta variação em 12 meses é a maior desde maio de 2003.
De acordo com a FGV, em março, todos os componentes do IGP-M subiram. As altas dos combustíveis em março também contribuiu para a inflação de preços ao produtor e ao consumidor.
O IGP-M pode ser utilizado em contratos com vencimento em abril. Caso o proprietário resolva aplicar integralmente a variação do IGP-M, um aluguel de R$ 2.000 passará a custar R$ 2.622 no mês de maio.
Muita oferta
Na avaliação de Jaci Colares, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis no Pará (Creci-PA), no Pará, sobretudo na capital Belém, a pandemia derrubou em 60% o número de aluguel de imóveis, o que dificulta ainda mais aplicação de reajustes altos como o registrado no IGP-M.
“Hoje nós temos bastantes imóveis para alugar e os preços se mantém no normal. Mas um reajuste desse tipo não tem condições de fazer, no máximo de 10% é uma maneira de negociar. Por isso o proprietário precisa ser flexível para garantir a negociação e não amargar mais prejuízos com o imóvel desocupado”, orienta.
Para a pedagoga Ana Luiza Marques a negociação de preço foi fundamental na hora de fechar o contrato de um novo imóvel. Ela conta que ficou receosa com a possibilidade de aumento de preço revista com a prévia do IGP-M divulgada no começo de março, mas arriscou trocar de imóvel e conseguiu boas condições.
“No final de fevereiro eu já sabia que ia precisar mudar, pois o contrato venceu agora em março, então comecei a correr atrás. Fiquei bastante preocupada com o reajuste porque com a pandemia o orçamento está ficando cada vez menor, mas tive a sorte de encontrar um apartamento onde o corretor me ajudou bastante e o proprietário teve boa vontade na hora de fecharmos um valor”, revela.
Ana Luiza chegou a visitar mais de dez imóveis durante o mês até encontrar o que melhor atendia as suas necessidades. "Há oito anos eu moro de aluguel, mas nunca vi tantos imóveis desocupados. A oferta tem sido maior e os preços, em grande maioria, estão atrativos, por isso acredito que o melhor caminho para inquilinos, corretores e proprietários é buscar optar pela negociação, que é benéfica também para o mercado", análisa.
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