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Guia dos concurseiros: especialistas dão dicas para o TJPA e outros concursos previstos no Pará

Com salários de até R$ 15 mil, além do TJPA, outros certames importantes como CNU, Polícia Civil e Polícia Científica devem ocorrer ainda este ano

Eva Pires | Especial para O Liberal

Com salários que podem chegar a R$ 15 mil, o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) lançou nesta segunda-feira (23) o aguardado edital de concurso público com 50 vagas para contratação imediata, além de cadastro de reserva. A publicação movimenta os concurseiros paraenses, que também aguardam, ainda este ano, novas seleções para a Polícia Civil, Polícia Científica e o Concurso Nacional Unificado (CNU), todas com oportunidades previstas para o estado. Diante desse cenário, especialistas em concursos públicos compartilham estratégias valiosas para quem quer começar a estudar desde já ou intensificar a preparação no pós-edital.


Entre os exames mais aguardados, está a segunda edição do Concurso Nacional Unificado (CNU), que já tem edital previsto para julho e provas no segundo semestre. O Pará contará com 66 vagas distribuídas exclusivamente entre dois órgãos ligados ao Ministério da Saúde: o Instituto Evandro Chagas (IEC) e o Centro Nacional de Primatas (CENP). Os cargos são para níveis médio, técnico e superior, com foco na área da saúde e pesquisa biomédica.

Já o concurso da Polícia Científica do Pará está previsto para 2025 e deve ofertar cerca de 200 vagas para o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. A comissão organizadora está formada e o processo de escolha da banca está em andamento. A remuneração inicial para cargos como perito criminal e perito médico-legista é de R$ 10.469,47. Outro concurso que já foi autorizado e está com banca formada é o da Polícia Civil do Pará (PCPA). A expectativa é de que o edital seja publicado em breve, com 237 vagas. 

Como se preparar para um concurso?

A preparação para concursos públicos vai muito além de simplesmente estudar matérias. Exige estratégia, disciplina, constância e equilíbrio emocional. Raissa Ávila Castanho, auditora do Tribunal de Contas do Estado do Pará e mentora para concursos, explica que o candidato com reais chances de aprovação é aquele que mantém uma rotina sólida, mesmo nos dias difíceis: “O diferencial do candidato é uma consistência implacável: ele cumpre metas, estuda todo dia, mesmo diante de adversidades, e foca em um estudo ativo e estratégico, com muitas questões, caderno de erros e anotações”, pontua.

Para Vanessa Mansur, analista judiciária e mentora especializada, a preparação deve começar antes mesmo da publicação do edital. Ela alerta que a preparação pré-edital é fundamental. “É nesse momento que o candidato constrói a base, com revisões ativas, leitura de lei seca (maneira rápida de estudar códigos, leis e a constituição), bom material teórico e prática intensa para a prova objetiva, que é onde mais se reprova”, observa. Vanessa também lembra da importância de manter o corpo ativo, especialmente para concursos da área policial, que exigem Teste de Aptidão Física (TAF).

Karina Jaques, professora e mentora em concursos, reforça a necessidade de planejamento desde o início. “A publicação do edital deve ser encarada como a reta final. Antes disso, o candidato precisa identificar a área que deseja seguir, analisar os concursos anteriores, levantar as disciplinas mais comuns e começar a estudar o conteúdo base”, afirma. Ela ressalta ainda que, para quem já tem alguma base, o ideal é intensificar os estudos na reta final, revisar com foco e fazer simulados que simulem o tempo e o ambiente real da prova.

Segundo Karina, é importante fazer uma divisão estratégica do tempo de estudo, equilibrando a parte teórica com a prática de exercícios. Pelo menos um dia da semana deve ser reservado para revisar o conteúdo e realizar simulados — que hoje podem ser feitos com o apoio de sites especializados, assinaturas pagas de bancas de questões ou até com a ajuda da inteligência artificial.

Motivação e equilíbrio emocional: como manter o ritmo nos estudos 

Manter a motivação durante uma longa jornada de estudos não é simples — e Karina Jaques sabe bem disso. Ela destaca que a motivação é individual e inconstante, mas pode ser sustentada com consciência e propósito. “Dar 100% nem sempre significa render o máximo o tempo todo. Tem dia que você entrega 20%, no outro 70%, o importante é não parar”, orienta. Ter um propósito claro ajuda a manter o foco e dá sentido à rotina de estudos. “Comece pelo porquê”, recomenda.

A consistência precisa vir acompanhada de equilíbrio. Karina orienta que o concurseiro estabeleça uma rotina realista, respeitando os limites e combinando estudo com momentos de lazer, convívio social e descanso. Estratégias visuais, como murais de metas ou frases inspiradoras, também ajudam a manter o foco. Ela reforça que comparação com outros candidatos é prejudicial e que cada um deve seguir no seu ritmo. “Com mais de 25 anos e experiência no ramo, posso afirmar: ninguém que seguiu e fez essa progressão com treino deixou de passar. Só não passou quem parou no meio do caminho".

Quem começa do zero após o edital tem chance de aprovação?

Apesar do ideal ser começar a preparação com antecedência, especialistas garantem que é possível, sim, conquistar uma vaga mesmo iniciando os estudos após a publicação do edital — desde que o candidato adote uma postura intensa e estratégica. “O que falta de tempo tem que ser compensado em intensidade”, afirma Raissa. Segundo ela, é preciso “viver o concurso” até o dia da prova, priorizar conteúdos com maior probabilidade de cobrança e treinar com questões no estilo da banca.

Para Vanessa Mansur, o estudo pós-edital exige planejamento bem direcionado. A dica é montar um cronograma realista com foco nas tendências da banca organizadora, explorando materiais objetivos e resolvendo muitas questões. “O treino deixará o candidato mais seguro no dia da prova”, diz. Ela reforça a importância de estudar todas as disciplinas previstas no edital, mesmo as consideradas menores, já que o número de questões por tema não costuma ser especificado.

Já a professora e mentora Karina Jaques alerta para a importância de ajustar as expectativas, principalmente para quem está começando do zero. “A probabilidade de passar em dois ou três meses é pequena, mas isso não quer dizer que não vale a pena tentar”, explica. Para ela, entrar na disputa já é um passo importante: o aprendizado adquirido nessa primeira jornada pode ser decisivo nos próximos concursos. “É uma fila imaginária — se você continua, anda; se para, sai da fila e alguém passa na sua frente”, compara.

TJPA: concurseiro e mentora de concursos compartilham dicas

Com o edital já publicado, o concurso do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), organizado pela banca Cebraspe, exige atenção à metodologia de “certo e errado”, que desconta um ponto a cada erro. No caso de questões não respondidas, não há pontuação atribuída nem descontada. No entanto, a mentora Vanessa Mansur orienta que os itens em branco devem ser controlados. “Indicamos uma média de até 10%, ou seja, cerca de 12 itens sem resposta na prova”. 

Na prática, esse tipo de preparação já faz parte da rotina de Gabriel Nascimento, de 28 anos, que está se preparando especificamente para o concurso do TJPA. Jornalista e morador de Belém, ele viu nos concursos públicos uma forma de conciliar estabilidade financeira, boa remuneração e afinidade com sua área de formação. Gabriel está há pouco mais de um ano focado no certame, que oferece vagas específicas para profissionais da Comunicação Social. A escolha pelo concurso estadual não é por acaso: ele prefere direcionar os esforços para seleções realizadas no Pará, onde acredita haver mais chances de alcançar seus objetivos profissionais.

A rotina de estudos é intensa, mas estruturada. Gabriel utiliza uma plataforma online especializada, onde assiste a videoaulas, lê apostilas em PDF e, principalmente, resolve muitos exercícios — método que, segundo ele, é essencial para fixar o conteúdo. Também faz anotações estratégicas e usa mnemônicos para memorizar os tópicos mais difíceis. "Os maiores desafios são a quantidade de matérias e o volume de conteúdo, então é preciso revisar com cuidado e manter a constância", diz.