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Gripe aviária e embargo da China preocupam setor avícola do Pará

Suspensão das exportações de frango brasileiro pela China pode causar queda nos preços e saturação do mercado interno, impactando diretamente a produção paraense.

Jéssica Nascimento

A suspensão das exportações de carne de frango do Brasil para a China, anunciada nesta sexta-feira (16/05), após a confirmação de um foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial, pode gerar impactos significativos para o setor avícola do Pará. Apesar de o estado não ser exportador direto, um médico veterinário entrevistado pelo Grupo Liberal  alerta que o mercado interno poderá ficar saturado, pressionando os preços e afetando a produção local.

Produção paraense foca no mercado interno

Segundo o médico veterinário e reitor do Centro Universitário Anhanguera de Marabá, Dr. Odilon Soares, o Pará tem uma produção significativa de frango, voltada majoritariamente para abastecer o mercado interno

“Nossa produção supre as necessidades do estado e também de regiões vizinhas, como o norte do Tocantins e o Maranhão”, afirma.

A interrupção das exportações por plantas habilitadas pode resultar em uma sobreoferta de carne no mercado interno, já que os produtores buscarão novos canais de escoamento. “Essas plantas que exportam vão colocar seus produtos em mercados já saturados, o que afeta diretamente nossa produção local, com queda no valor do produto”, explica Soares.

Risco de queda nos preços internos

A saturação do mercado interno, segundo Odilon Soares, provocada pela migração de produtos antes destinados à exportação, tende a forçar os preços para baixo. Para o veterinário paraense, cuja operação depende do equilíbrio entre oferta e demanda regional, isso representa um desafio.

“A queda no valor do produto impacta toda a cadeia produtiva local. Desde o pequeno produtor até os frigoríficos que atendem à demanda interna”, pontua o veterinário. 

A dificuldade de comercialização em um mercado inflado pode afetar também a sustentabilidade financeira de diversas granjas paraenses.

Monitoramento e biossegurança em ação

Apesar do primeiro foco de IAAP ter sido registrado em outro estado, o alerta sanitário é nacional. Soares destaca que o Brasil possui rígidos protocolos de biossegurança e resposta rápida a emergências.

“Ao identificar um foco, isola-se a propriedade, cria-se um raio de segurança e inicia-se a investigação para evitar propagação”, explica.

Todos os estabelecimentos produtores possuem um plano de contingência obrigatório, com ações coordenadas pelo Ministério da Agricultura e supervisionadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), de acordo com o veterinário. A agilidade na aplicação dessas medidas é fundamental para a retomada da confiança de mercados internacionais, como o chinês.

Retomada da confiança depende da resposta sanitária

A duração da suspensão imposta pela China depende dos desdobramentos da resposta sanitária brasileira. 

“A OMSA acompanha cada passo do plano de contingência. A eficácia das ações executadas é o que determina o tempo de recuperação do status sanitário”, diz Soares.

Mesmo não exportando diretamente para a China, o impacto indireto causado pelo redirecionamento de produtos pode gerar turbulência no mercado regional de frangos nos próximos meses.

O representante da Associação Paraense de Avicultura (APAV), Claudio Afonso Martins, diz que a exportação avícola paraense é mínima, não há risco de consumo, e defende que o esclarecimento da situação deve ser feita pelos órgãos oficiais de controle, como Ministério da Agricultura e a Associação Brasileira de Proteína Animal. 

"Não existe nenhum risco no consumo de carne de frango ou ovos devido o problema sanitário ocorrido. Ele afeta as aves", declarou Martins.

 

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