Fiepa vê com bons olhos acordo de livre comércio entre Mercosul e a União Europeia
Termos do acordo também desagradam setores, como se posicionou o Instituto Aço Brasil
O acordo de livre comércio assinado na última sexta-feira, 28, entre Mercosul e a União Europeia (UE), divide opiniões entre setores da economia. O acordo foi assinado durante o G20, com a participação do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL). Para o Instituto Aço Brasil, entidade representativa das empresas brasileiras produtoras de aço, a medida não é vantajosa para a indústria de aço brasileira. Por outro lado, para o Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), a política era esperada e desejada havia muito tempo.
A coordenadora do Centro de Negócios da Fiepa, Cassandra Lobato, afirma que a União Europeia é a segunda maior parceira econômica do Estado do Pará, tendo participação de 18, 97% das exportações do Estado, o que a coloca atrás apenas do mercado asiático, que comprou 63,43% do total. Enquanto os países da Ásia são compradores, principalmente, de minério de ferro, o mercado de ferro é um parceiro mais diversificado, que compra soja, madeira, óleos naturais e também minério. "Somos o 7º maior estado brasileiro exportador pra União Europeia, à frente de Estados com grande potencial exportador como Bahia, Goiás, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Então isso mostra que essa parceria é muito relevante", reforça.
Segundo Cassandra, o acordo facilitará a execução de transações comerciais para o Pará, pois deverá diminuir as barreiras impostas pelos europeus e aumentar as oportunidades de venda para a produção paraense. "A União Europeia é extremamente criteriosa nas exigências sanitárias. E sejam elas barreiras tarifárias ou não-tarifárias, com o acordo do livre comércio isso vai diminuir de maneira gradual e a empresa que estiver adaptada ou quiser se adaptar aos conceitos da União Europeia vai ter uma vantagem em relação a seus concorrentes", defende.
Diversidade na balança
Novos produtos, ainda de acordo com a coordenadora da Fiepa, podem passar a ser comercializados e, inclusive, importados para o parque industrial do Pará. "Acreditamos que o acordo poderá diversificar cada vez mais a balança, encaminhando produtos como suco de frutas, carne, produtos derivados do leite, que sofrem uma barreira hoje na União Europeia. Com esta abertura também poderemos conseguir máquinas europeias para renovar nosso parque industrial, o que é algo muito esperado: que as tarifas de importação diminuam também os custos", detalha.
O Instituto Aço Brasil manifestou que, em seu entendimento, o acordo não trará ganhos para a indústria brasileira de aço, "que enfrenta uma ociosidade da capacidade instalação em razão da crise econômica no país e do excesso de oferta mundial". Para o instituto, a indústria local "perderá preferência" dentro do Mercosul e corre o risco de receber produtos da UE, mas com componentes fabricados fora do bloco europeu.
O acordo entre os blocos estabelece que mais de 90% das exportações do Mercosul para a União Europeia terão as tarifas zeradas em até dez anos. Os outros 10% terão o benefício de quotas e tarifas reduzidas. Antes do acordo, segundo o governo federal, somente 24% das exportações brasileiras entravam sem tributos na UE.
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