Feiras, atacados e delivery impulsionam vendas no mercado de mariscos em Belém
Venda direta nas feiras e entregas para restaurantes e hotéis se consolidam como os principais motores de um setor que se adapta às sazonalidades e ao aumento do consumo online.
O mercado de mariscos em Belém é um dos pilares da economia local, com empreendedores movimentando uma cadeia de fornecimento que abrange desde as feiras populares até grandes estabelecimentos de hospedagem e gastronomia. Apesar das oscilações de oferta, como a sazonalidade da pesca, e do aumento da demanda online, o setor continua em crescimento e se ajusta às novas necessidades dos consumidores.
Segundo empreendedores do ramo ouvidos pelo Grupo Liberal, a diversificação dos canais de venda, a relação estreita com fornecedores e o aumento do delivery impulsionam o faturamento do mercado, que enfrenta desafios sazonais e a necessidade de diversificação de fontes para garantir a oferta.
O mix de vendas e a força das feiras
Em Belém, o mercado de mariscos se desdobra em diferentes nichos, atendendo tanto o varejo de feiras quanto os grandes contratos com hotéis e restaurantes. Para Cláudia Moraes, empreendedora local, a combinação dessas duas frentes garante um fluxo constante de clientes e uma receita diversificada. No entanto, a venda nas feiras, que antes representava uma grande parte do faturamento, tem visto um declínio com o tempo, devido à expansão do setor para os canais de atacado.
"Hoje, o grosso do faturamento vem dos hotéis e restaurantes. Já a feira, por mais que continue sendo importante, não tem o mesmo volume de vendas de antes", afirma Cláudia.
Gabriel Oliveira, outro empresário do ramo, destaca que, para ele, a maior parte das vendas (cerca de 70%) ainda se concentra nas feiras locais, com os outros 30% sendo destinados aos hotéis.
A ascensão do delivery e a comodidade para os consumidores
Um dos fenômenos que mais impactou o mercado de mariscos nos últimos anos foi o crescimento do delivery. Gabriel observa que esse modelo ajudou a expandir as vendas para além dos limites geográficos de Belém, atendendo não apenas a demanda local, mas também a de outros estados e até mesmo de outros países.
"Hoje a gente vende para o Brasil inteiro. O delivery tem sido crucial para esse crescimento", conta Gabriel.
A praticidade para os consumidores, especialmente no fim de semana, é uma das razões pelas quais o modelo de entrega ganhou popularidade. Cláudia também observa esse movimento, destacando a comodidade como um dos principais fatores do aumento das vendas.
Sazonalidade e escassez: como o preço é afetado
A sazonalidade da pesca, especialmente no caso do camarão, é uma das maiores influências sobre os preços no mercado de mariscos em Belém. Cláudia explica que, durante os períodos de entressafra, os preços podem subir consideravelmente. O camarão rosa, por exemplo, tem a pesca suspensa entre outubro e fevereiro, o que faz com que o estoque disponível seja limitado e os preços aumentem.
Gabriel, por sua vez, observa que a escassez também ocorre com outros produtos, como caranguejo e filé de dourada, que têm períodos de defeso, quando a pesca é proibida para garantir a reprodução das espécies. "Quando esses produtos ficam escassos, o preço sobe, e a demanda é ajustada de acordo com a disponibilidade", explica.
Fornecedores e a busca por qualidade e preço justo
Para atender à alta demanda e garantir a qualidade dos produtos, os empresários locais precisam de uma rede de fornecedores confiáveis. Tanto Cláudia quanto Gabriel destacam a importância de manter um bom relacionamento com seus fornecedores para assegurar que o abastecimento se mantenha regular.
"Temos fornecedores locais, mas em algumas ocasiões, precisamos buscar produtos de outros estados, como Santa Catarina, ou até de fora, como o mexilhão chileno ou o salmão do Canadá", diz Gabriel.
Cláudia complementa que, dependendo da demanda e da escassez, também precisa adquirir mariscos de fora da região para manter o estoque abastecido.
"A gente tá vendendo o quilo do camarão rosa por R$ 60, o camarão rosa médio por R$ 70 e o GG por R$ 80. Já a massa de caranguejo tá saindo a R$ 65, o mexilhão a R$ 45 e o pato por R$ 50. Também temos o camarão salgado médio por R$ 60 e o grande por R$ 70", detalha a empreendedora.
Os picos de vendas e a preparação para grandes eventos
Como em muitos setores, as festas e datas comemorativas são momentos de pico no mercado de mariscos. O Círio de Nazaré, Natal, Dia das Mães e o fim de ano são períodos que representam um aumento significativo nas vendas, chegando até 90% de aumento no faturamento, como destaca Gabriel.
"Esses eventos movimentam o mercado de forma extraordinária, e a gente se prepara com estoques e fornecedores para atender a essa demanda", diz Cláudia. Gabriel acrescenta que, além dessas datas, o verão também representa um aumento considerável nas vendas, com o consumo de mariscos se intensificando durante os meses mais quentes.
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