Comércio de Belém amplia contratações temporárias para atender demanda dobrada em dezembro
Para o Dieese, comércio e serviços continuarão sendo os motores da economia paraense no fechamento de 2025
O Natal deste ano deve movimentar mais de R$ 72 bilhões em vendas no comércio varejista de todo o país, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O valor representa um crescimento de 2,1% em relação ao faturamento de 2024. Para atender esse aumento, o setor prevê a contratação de 112,6 mil trabalhadores temporários, cerca de 5,5 mil a mais do que no ano passado. Em Belém, o cenário acompanha a tendência nacional: com a chegada de dezembro, o fluxo de consumidores e o volume de vendas praticamente dobram, impulsionando reforços nas equipes e ajustes nas operações do varejo local.
De acordo com o Dieese, o setor de comércio abriu 927 vagas formais em outubro no Pará, o segundo melhor desempenho do mês — atrás apenas dos serviços, que criaram 2.378 postos de trabalho.
Equipes reforçadas para dezembro
Supervisor de uma loja na avenida 15 de Novembro, um dos principais corredores comerciais de Belém, Odielson Pinto afirma que dezembro exige operação ampliada.
“Durante o ano trabalhamos com o quadro normal, mas agora temos contratações específicas para suprir a necessidade da clientela, que aumenta muito”, explica.
A loja adicionou cerca de 15 funcionários, distribuídos entre fiscalização, vendas e o setor de embalagem — área que costuma travar quando o movimento se intensifica.
O pico de procura ocorre entre os dias 10 e 12 de dezembro, quando o atendimento dobra e exige estrutura semelhante à de um shopping. O funcionamento aos domingos também amplia o movimento. “O domingo próximo do Natal já é como um dia normal, cheio do começo ao fim”, diz o supervisor.
Contratações começam após a Black Friday
Apesar de os temporários iniciarem em 1º de dezembro, Odielson explica que o aquecimento começa em novembro com a Black Friday. Nas semanas seguintes, a loja ainda convoca trabalhadores para diárias, prática comum para lidar com picos abruptos no varejo de rua.
Fluxo também dobra na João Alfredo
Na João Alfredo, outro polo tradicional de compras no bairro da Campina, a gerente Lidiane Gonçalves confirma o aumento expressivo do fluxo.
“O movimento aumenta, o fluxo de clientes aumenta em todas as lojas. Aqui não é diferente”, afirma.
Para atender a demanda, sua loja incorporou ao menos dez novos funcionários e continua contratando ao longo de dezembro. A abertura aos domingos também trouxe reflexos imediatos:“Abrimos no domingo e o resultado foi muito bom. Muitas lojas ainda não abriram, mas para a gente funcionou super bem”, conta.
A expectativa é de que o movimento siga forte até 24 de dezembro, quando consumidores buscam presentes de última hora.
O que impulsiona a demanda de fim de ano?
Além da sazonalidade do Natal, três fatores ajudam a explicar o aumento no consumo:
- Retomada do poder de compra em alguns segmentos após meses de desaceleração inflacionária;
- Vinda de consumidores da Região Metropolitana e do interior, que concentram suas compras na capital;
- Abertura do comércio aos domingos, ampliando o período útil de vendas e exigindo equipes maiores.
Combinados, esses elementos fazem de dezembro a principal janela para contratações temporárias. Parte desses trabalhadores é efetivada em janeiro, dependendo do desempenho do varejo.
Perspectivas para janeiro
Mesmo após o Natal, lojistas esperam uma semana forte de trocas, vale-presentes e queimas de estoque. O resultado desse período costuma definir quantos temporários permanecem na equipe.
Segundo o Dieese, o Pará ocupa a 13ª posição nacional na geração de empregos formais em 2025 e lidera na Região Norte, respondendo por quase metade das vagas criadas neste ano.
Comércio e serviços sustentam a economia paraense
A projeção do Dieese é que comércio e serviços sigam impulsionando o mercado até o fim de 2025, apesar da redução das contratações na construção civil — setor que começa a encerrar obras ligadas à COP 30.
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