Cenário é favorável para a mineração
Apesar da pandemia, economia paraense registra avanços
O Pará ficou em 1° lugar no ranking nacional das exportações de minério do Brasil, de acordo com o Boletim Econômico Mineral do Pará, do 1º semestre de 2020, divulgado pelo Sindicato das Indústrias Minerais do Pará (Simineral). O assunto foi discutido amplamente na live “Conexão Mineral”, evento promovido pelo Grupo Liberal, em parceria com a Vale, ocorrido ontem, 27, e contou com a participação dos especialistas Evaldo Pinto, Rodrigo Barjonas e Marcondes Lima, com mediação da jornalista do Grupo Cinthia Gatti.
O Pará é referência na extração de minérios como ferro, bauxita, cobre, caulim, mas também se tornou grande produtor de manganês, níquel, calcário, ouro e outros minérios de uso na construção civil. A economia paraense teve um avanço apesar do cenário de pandemia ainda muito presente nos mais diversos setores econômicos do Estado. De todos eles, o mineral foi o menos afetado. Logo no início da pandemia, a mineração foi tida como um setor não essencial, reagindo logo depois fazendo com que o governo considerasse a atividade como essencial, impedindo portanto que a produção paralizasse.
O Doutor em Mineralogia e Geoquímica e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Marcondes Lima explica que mesmo com a pandemia e a consequente redução na produção de minério em todo o Estado, os preços das commodities e a valorização do dólar frente ao real foram dois dos principais motivos que levaram o Pará ao topo do ranking nacional. “Os preços das commodities minerais aumentaram, principalmente no caso do Brasil, o ferro já está em quase U$200 a tonelada, esse é um valor quase 100% maior do que tínhamos anteriormente. A produção de minério de ferro no Brasil não aumentou muito, mas os preços das commodities aumentaram quase 100%. Esse foi o primeiro grande passo que se deu, além da desvalorização do real. Isso significa que nós estamos vivendo uma conjectura favorável dos preços das commodities e não um investimento mineral maior em um ano de pandemia”, explica o Doutor.
A live discutiu também sobre os desafios e as oportunidades de como o setor aborda questões em relação à sustentabilidade, desenvolvimento de tecnologia e os avanços da mineração mesmo diante da pandemia do novo coronavírus.
Outro ponto discutido pelos pesquisadores foi quanto à produção processada nos municípios paraenses de Canaã dos Carajás e Parauapebas. A produção equivalente dessas duas cidades foi superior à calculada pelo Estado de Minas Gerais, que é o segundo com maior produção mineral, rendendo cerca de R$79 bilhões.
A Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), no Brasil, chegou a arrecadação de 49%, nessas duas localidades, no primeiro semestre de 2020, o equivalente a mais de R$1 bilhão. Evaldo Pinto, Geólogo e professor da Faculdade de Geologia da UFPA, explica que “esses [municípios] são os dois grandes produtores da Vale do Rio Doce. O minério de ferro hoje é dominado pela Vale e são as duas grandes fontes de fornecimento da empresa aqui no Setor Norte. Esse valor de produção também se relaciona com o valor do royalty. Esses dois municípios no ano passado, em apenas seis meses, Parauapebas arrecadou em royalty, R$478 milhões, e Canaã, R$388 milhões. Apenas essas duas cidades responderam por mais de 50% da CFEM recolhida em todo o Brasil. São números muito relevantes. O quantitativo mensal para Parauapebas é de quase R$80 milhões de recolhimento apenas da CFEM, e em Canaã, R$65 milhões”, relata.
O geólogo afirma ainda que ele e um grupo de outros estudiosos realizaram uma pesquisa para calcular o impacto que a pandemia do novo coronavírus possa ter gerado no mercado de trabalho, para as mais diversas áreas da economia paraense e, de acordo com o levantamento, as grandes indústrias poucos sofreram com isso, sendo as pequenas, médias e microempresas as mais afetadas. “O que foi respondido pelas empresas que nós consultamos nessa pesquisa, é que praticamente as que mais foram afetadas foram as pequenas e médias, aquelas que trabalham com materiais de menor valor agregado, mas as grandes empresas pouco foram afetadas com relação à mão de obra, ou seja, elas mantiveram o pessoal e é isso que está corroborando para todos esses dados. A produção se manteve e até aumentou. Foi até uma surpresa, a gente imaginava que os dados seriam totalmente contrários, diante de uma pandemia, mas a gente viu que o setor respondeu de forma contrária, muito bem por sinal”, comenta Evaldo.
Os desafios a partir de agora serão para vislumbrar de que forma os profissionais devem se comportar para atender às demandas do mercado, principalmente sabendo da importância de manter o crescimento econômico e de como o setor está se comportando diante de uma crise sanitária mundial e deverá se manter daqui para frente. O Engenheiro de Minas e Meio Ambiente e professor do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), Rodrigo Barjonas, pontua que os novos profissionais devem estar atualizados às inovações tecnológicas para acompanhar as tendências da Indústria. “Em se tratando de avanço tecnológico, o setor da mineração tem alcançado patamares nunca antes alcançado. Hoje estamos vivendo o que chamamos de IV Revolução Industrial e podemos chamar também de Indústria 4.0. Se trata de um salto tecnológico muito grande, tanto na mineração quanto em qualquer indústria, setores automatizados. Estamos vivendo agora uma nova mineração e isso faz com que as empresas exijam mais dos novos profissionais, eles precisam ter um perfil que venham atender a essa nova perspectiva da mineração, que são essas inovações tecnológicas. O Pará, brevemente já vai estar vivendo isso com mais intensidade. Esses novos profissionais precisam ser pessoas colaborativas, conectadas e interessadas no trabalho”, afirma.
A Live do Conexão Liberal foi transmitida simultaneamente nos canais de comunicação do Grupo Liberal: Youtube, Facebook e portal OLiberal.com
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